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ART 40 BASEL_PARTE ISÍLVIA GUERRA2009-06-10ART 40 BASEL 10 a 14 de Junho 2009 PARTE I 5 minutos de silêncio A segunda etapa do nomadismo artístico começou ontem, em Basileia. Após a visita a Veneza onde se absorve a visão estética da arte contemporânea que Daniel Birnbaum mostra na centenária manifestação internacional, vai-se comprar arte à Suíça. Art Basel, Scope, Volta, Liste 09, Vitra design, são inúmeras as exposições que acontecem por toda a cidade. No evento principal participam 2500 artistas, representados por cerca 300 galerias. Após uma feira eufórica em 2008, como se apresenta a feira este ano? Os galeristas, os coleccionadores, os consultores e, por consequência, os artistas, sabem que algo deve mudar com a crise económica mundial e a crise de utopias generalizada que se vive na Europa. Aguarda-se a transição para um novo sistema da arte. A feira de Basel apresenta-se mais modesta do que nunca. Galerias como a Gagosian de Londres, a Lehmann Maupin de Nova Iorque têm stands que tornam discutível o nível e a sua posição no actual mercado artístico internacional. Será melhor apresentar os mesmos artistas da passada edição? Esperar o regresso ao passado? Esperar que a inflação de preços volte? Art Unlimited so limited O edifício dedicado às obras de grande formato apresenta este ano uma vasta selecção de propostas, mas são poucas as que surpreendem pela inovação. O centro do espaço expositivo, ocupado em altura, passa da opulência de um Buda de Takashi Murakami, de 2008, para uma modesta “Torre de Málaga” de Yoshimoto Nara, obra de 2007, em madeira, onde mora o seu personagem característico. O tom é já diferente. As temáticas do controlo da sociedade e da fragilidade da vida humana estão presentes em diversos trabalhos: Fiona Tan, que conquistou o público com o seu filme em Veneza, apresenta aqui “A Lapse of Memory” de 2007, uma instalação vídeo. Hans-Peter Feldmann mostra “100 Jahre” (1996-2000), uma série de fotografias dispostas cronologicamente com retratos a preto e branco de homens e mulheres com idades compreendidas entre os 1 e 100 anos. A ordem é tão controlada e perfeita que sentimos a falta do acidente. Todavia sei que a morte estará representada pelo vaso de flores que se impõe no meu espaço. Logo a seguir entro no espaço onde Roni Horn apresenta uma dialéctica entre idade e tempo que atinge uma poética muito diferente da de Feldmann. A peça intitulada “a.k.a” (2008/2009) compõe-se de retratos justapostos dois a dois e são fotografias com as diversas idades de uma mesma mulher. Uma fila de pessoas espera por um par de chinelos para entrar num lindo igloo de madeira. Aguardo a minha vez e estou curiosa por descobrir que obra é esta e de quem é a sua autoria. Entro por um longo corredor branco até ao igloo central e encontro-me numa espécie de cabine esférica. Pelas janelas vejo a paisagem do fim do mundo: um deserto de neve branca entre secos arbustos. É “Location (6)” (2008) de Hans Op de Beeck, talvez a melhor peça deste ano no Art Unlimited. “Leaving (With two minut silence)” de Anthony McCall é uma instalação escultórica de luz e som que surpreende o visitante pela poesia e total correspondência ao título da obra. A arte também se vai vendendo em silêncio nos dois grandes halls da feira: Vou ver que notícias traz o carteiro (“Il Tempo del Postino”) de Phillipe Parreno e Obrist no teatro da cidade. Sílvia Guerra |