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DE UM LADO A OUTRO: A ABERTURA DOS ATELIÊS DE ARTISTASISADORA H. PITELLA2013-10-18A 4ª Edição da Abertura dos Ateliês de Artistas (AAA) terá lugar neste final de semana, nos dias 18, 19 e 20 de outubro, das 15h às 20h em diversos ateliês artísticos de Lisboa. Organizada pela Associação Castelo d’If, que tem à frente Hilda Frias e Carlos Alves, o evento é resultado de um intercâmbio com a Associação Château de Servière, de Marselha, que há mais de quinze anos promove o evento “irmão”, as Ouverture d’Ateliês d’Artistes. O AAA, para quem acompanha como público, mostra-se uma montra para perceber o que está a acontecer em Lisboa nas artes visuais. Para quem participa enquanto artista, a possibilidade de estabelecimento de conexões entre pares e com o público mostra-se, sem dúvida, a melhor parte da experiência. Dentro de uma realidade artística competitiva e de uma realidade social na qual parecemos buscar mais ‘fisicalidade’ e consequentemente contacto físico – como defende Hans Ulrich Gumbrecht num de seus textos sobre a globalização – o AAA aparece como uma evento fundamental para a formação tanto de novos públicos das artes visuais, quanto de artistas preparados para discorrer sobre os seus trabalhos com a mais variada audiência. Do lado do público, a intenção de desmistificação da arte fica óbvia ao haver a possibilidade de espreitar o ambiente de criação dos artistas participantes. Do lado dos artistas, destaque para a democratização de media, espaço, público. O embrião do AAA, lembra Carlos Alves, foi um convite a cinco artistas que se deslocaram a Marselha para experienciar a Ouverture d’Ateliês d’Artistes, sendo logo no ano seguinte, o evento realizado pela primeira vez em Lisboa. Os cinco artistas “iniciais” espalharam a palavra e o 1º AAA contou com a participação de 93 artistas. De lá para cá, os números aumentaram: nesta edição serão 51 ateliês e mais de 130 artistas envolvidos. Em questão de público, a última edição do evento registou mais de 2400 pessoas envolvidas no circuito interateliês. A expectativa de público para este ano é ainda maior, uma aposta na mudança de comportamento perante o hábito de frequentar ateliês de artistas. “A recorrência do evento traz-nos coisas surpreendentes. Com as repetições acabamos por acompanhar as mudanças nos artistas, no público e isso é incrível”, diz Carlos Alves. Essa regularidade do evento acaba por estabelecer a ideia de partilha, seja entre artistas, seja entre artistas e público. “O Ateliês Abertos de Artistas regista uma fotografia do ato criativo da cidade de Lisboa”, completa. A internacionalização de artistas por parte da Associação Castelo d’If não se restringe a França. A intenção para 2014 é levar o projeto também para Turin, na Itália. “Já estivemos em Dublin, e agora almejamos estender o projeto para Turin. Este aspeto internacional é nossa intenção desde o início e tem resultado muito bem. Os artistas que viajam juntos, mesmo que habitem a mesma cidade, muitas vezes não se conhecem e experienciar essa viagem em grupo cria um espaço de conexão também no ambiente local”, coloca Carlos Alves. Outro pormenor, que também compõe a agenda do AAA, é uma residência artística, também em regime de intercâmbio com Marselha. Neste ano, o artista português Ramiro Guerreiro foi convidado a fazer a residência naquela cidade, porém, infelizmente, a residência para o artista francês Hervé Nahon em Lisboa não foi concretizada por falta de apoio financeiro. Carlos Alves coloca que “a residência artística é um aspeto mais atento do AAA”. A seleção para a residência envolve todos os artistas participantes do evento e é realizada em conjunto com a Associação Château de Servière. “Diferente de nossa postura perante a participação no AAA, que é totalmente democrática com os ateliês que trabalham com artes visuais, para a residência e para a viagem a Marselha, há uma seleção e um convite mais direcionado”, explica Carlos. No AAA, os ateliês estão espalhados – e às vezes camuflados – por toda a cidade. Ao observar o mapa do evento, percebemos que muitos estão em trajetos diários, que caminhamos quotidianamente em frente aos prédios sem imaginar que aquele espaço abriga um ateliê. Neste final de semana os espaços participantes abrem as portas e identificam-se através do mapa posto à porta: um convite discreto a entrar. O mapa completo pode ser conferido no site da Associação Castelo d’If: www.castelodif.com ou ainda aos pontos habituais de divulgação cultural e particularmente no posto de turismo no Restauradores. Isadora H. Pitella |