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BIG IDEAS ROBERT STORRFILIPA RAMOS2007-03-01Conferência Robert Storr Whitechapel, Londres 1 Março 2007 Robert Storr, comissário da próxima Bienal de Veneza deu no passado dia 1 de Março uma conferência na Whitechapel Gallery intitulada: “Big Exhibitions and the General Public”, na qual se propôs analisar as possíveis relações entre o enorme sucesso internacional da Bienal de Veneza e o impacto que esta manifestação artística produz no grande público. O comissário e artista norte-americano Robert Storr tem uma carreira notável que abrange praticamente todos os campos do sistema da arte contemporânea: reconhecido crítico de arte, Storr escreve para revistas como “Artforum”, “Parkett”, “Art in América” e “Frieze”, onde possui uma coluna bimensal em que aborda frequentemente temas relacionados com a actividade de crítica de arte e com a globalização da arte. Storr é também Decano da Escola de Arte da Universidade de Yale, onde ensina no departamento de Pintura. Foi nomeado director da Bienal de Veneza de 2007, sendo o primeiro americano a ocupar esta posição tradicionalmente destinada a europeus. De 1990 a 2002 Storr foi ainda o comissário do departamento de pintura e de escultura do MoMA e actualmente é do Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Filadélfia. Após a Bienal de 2005, comissariada pela dupla espanhola Maria de Corral e Rosa Martinez, dedicada a questionar os limites e a experiência da arte (as duas grandes exposições, no Pavilhão italiano e no Arsenale eram intitulavam-se “The Experience of Art” – Corral- e “Always a Little Further” – Martinez), será certamente interessante observar as diferenças introduzidas por este académico multifacetado habituado a trabalhar com a lógica expositiva dos grandes museus americanos. Apesar de grande parte das representações nacionais terem já dado a conhecer os artistas que apresentarão, sendo Ângela Ferreira a artista escolhida pela comissão portuguesa, muito pouco se havia avançado sobre os fundamentos teóricos e ideológicos que estão por detrás desta grande exposição que inaugurará em Junho do presente ano. Uma notícia publicada durante o mês de Fevereiro no site oficial da Bienal de Veneza já havia revelado o enorme interesse de Storr pela arte contemporânea africana. A 52ª Bienal (que decorrerá entre 10 de Junho e 21 de Novembro de 2007) apresentará, nesse âmbito, uma área especial dedicada ao continente africano. A principal ideia deste projecto, intitulado “Check List” e apresentado na zona expositiva do Arsenale, é apresentar uma nova perspectiva da produção artística actual em África e mostrar uma visão informada da diáspora africana. “Check List” será comissariada pelo crítico de arte natural da República dos Camarões, Simon Njami, juntamente com o artista angolano Fernando Alvim. As obras serão provenientes da colecção de arte contemporânea Sindika Dokolo, uma instituição fundada em 2004 com sede em Luanda, que integra cerca de 500 obras de mais de 140 artistas de 28 países africanos. Depois da atenção dada pelos grandes comissários internacionais à arte e aos artistas asiáticos (como Harald Szeemann, Hans-Ulrich Obrist ou Hou Hanru), parece ter chegado a vez de Storr se afirmar pela diferença ao manifestar o seu profundo interesse pela arte africana, podendo assim lançar um trend que se desenvolverá ao longo dos próximos anos. Nesta conferência, Storr reflectiu acerca da actividade do comissário e do seu papel dentro e fora das instituições, assumindo-se com alguém que procura alterar o funcionamento pesado e lento dos grandes museus. Foi ainda bastante claro ao sublinhar o papel vital da figura do comissário na organização de grandes exposições como a Bienal de Veneza. Contudo, pouco foi avançado sobre a próxima edição desta Bienal, já que o comunicado oficial da mesma será dado a conhecer internacionalmente a partir da próxima semana. Algumas questões, no entanto, foram mencionadas e parecem lançar a reflexão acerca da necessidade - ainda - vigente de encontrar novas respostas artísticas fora da realidade ocidental e de pensar no papel das grandes exposições internacionais como a Bienal dentro deste contexto. Assim sendo, Storr avançou as seguintes informações: a cedência de uma grande área do Arsenale para 3 representações nacionais – Índia, China e Turquia -, o reafirmar do enorme interesse do comissário no continente africano e o desejo de criar uma articulação entre as representações nacionais e as principais exposições que integram o evento. Quanto a informações mais detalhadas sobre o que será a Bienal de Veneza de 2007, nada mais nos resta que esperar pelas próximas novidades. |