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39ª ART BASEL - PRIMEIRO CAPíTULOSÍLVIA GUERRA2008-06-0539ª edição Art Basel De 4 a 8 de Junho 2008, Basileia, Suiça Basileia, 16 horas exactas, céu nublado, a calma indefinida das cidades suiças, a arquitectura tradicional das casas da cidade antiga misturada com o passar dos eléctricos dos anos 60, e os edifícios cinzentos contemporâneos das instituições bancárias. Parece que algo não respeita a realidade da hora ominipresente em todos os edifícios, e esse elemento estranho é talvez a vida invisível do dinheiro. Peço o catálogo de 6 Kg da maior feira de arte da Europa – a Art Basel. Na Messeplatz há uma irrupção de criaturas vindas de todo o mundo, é dia 3 de Julho e às 17 horas vai ter início a vernissage para convidados e imprensa internacional. As cabeças escultóricas do artista suiço Ugo Rondinone (Public Art Projects) sorriem para os visitantes e decido afrontar a secção principal onde estão alojadas as mais de 300 galerias da feira. Estão em três andares de um enorme edifício com uma corte interna onde o champagne Moet et Chandon não é oferecido… mas é necessário para ajudar a flutuar entre as obras expostas; Como ver mais de 2000 obras? Para além dos programas de conversas, de filmes, de projectos especiais, de jovens artistas na Liste 08, e nas exposições dos melhores museus da cidade que acolhem neste momento: Fernand Léger, Gavin Turk, Olafur Eliasson, Soutine, Andrea Zittel para só citar alguns. O ecletismo entre o clássico contemporâneo e o emergente comprovado é uma constante. É necessária uma dose de calma e aceitar que em dois dias se vão perder muitas coisas, pois mesmo os heróis dos tabloids escolhem apenas uma obra gráfica de Mathew Barney, como faz o actor Brad Pitt que vejo a comprar na galeria Gladstone de Londres. Bom começo pelas instituições anglo-saxónicas. A Lisson que adoptou uma das minhas duplas de artistas preferidas: Allora & Calzadilla; a galeria representa também um outro artista cujo trabalho focaliza a construção da histária numa realidade tecida pelos mass media – Gerard Byrne. Depois noto que algumas galerias do Reino Unido optam por um one man show apresentando obras de um único artista, como a galeria Hotel que representa Duncan Campbell, e o projecto “Make it fall, Bernadette”. Este projecto, cruza a vida real de Bernadette Devlin, uma activista irlandesa, com a ficção. A galeria de Dublin, Mother’ s Tankstation, mostra Garrett Phelan e as suas instalações sonoras como “Battle of the birds”, onde o artista faz uma previsão metafórica de um desastre ecológico. É claro que a cada passo descubro uma retrospectiva Miró, ou Andy Warhol, ou uma obra do William Kentridge ou de Bacon; “Il y a le classic et le classic!” As criaturas de Tony Oursler apoderam-se de telemóveis do tamanho de um sofá. No segundo andar encontro a galeria Cristina Guerra e vejo a galerista circundada dos seus assistentes. Um dos artistas da galeria, João Onofre participa nos special projects da Art Unlimited. Depois vejo que a galeria espanhola Helga de Alvear apresenta um outro artista que trabalha nos limites do documentário e da ficção que é o londrino Isaac Julien e Ernesto Neto, representado pela galeria Fortes Vilaça de São Paulo. Como diria um crítico americano que encontro ao jantar no Chateau Lapin – há muita arte e boa arte! O cansaço apodera-se de mim e volto calmamente a percorrer a cidade em eléctrico para ir conversar amanhã com o Laurence Weiner. Sílvia Guerra |