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ARTE CONTEMPORÂNEA: PORQUÊ ESSE DESCRÉDITO?EL CULTURAL2010-09-22O El Cultural, suplemento do diário espanhol El Mundo, publicou na sua última edição os comentários de cinco reconhecidos profissionais sobre a má imagem da arte contemporânea. Arthur C. Danto, crítico de arte norte-americano; a comissária María de Corral; a directora do Jeu de Paume, Marta Gili; o crítico de arte do The Guardian, Adrian Searle; e o teórico, recentemente falecido, José Luis Brea debateram, reconheceram a questão e assumiram diferentes posições sobre o tema. A ARTECAPITAL publicou este mês uma entrevista a Marta Gili. Sobre a questão da má imagem da arte contemporânea a directora do Jeu de Paume afirmou ao El Cultural: “É verdade. Existe um sentimento de desconfiança crescente, quase indiferença, em relação à arte contemporânea. É compreensível e duplamente paradoxal: como nunca antes, nas últimas décadas, assistimos à multiplicação de museus e instituições que produzem e difundem arte contemporânea. E, como consequência, nunca como agora, a inspiração, o pensamento crítico e a poesia partilham estas mesmas plataformas de visibilidade social com a estupidez e o culto ao narcisismo, provocando assim a desorientação do mais voluntarioso dos mortais. Não será exagerado perguntar se uma parte da criação contemporânea não está a ser frequentemente usada por artistas, galeristas, comissários estrela, críticos e responsáveis de instituições como marco de admissão dum grupo restrito de pessoas, cúmplices de tanto desatino e cinismo ou, de exclusão, de uma grande maioria, resignada a “não entender nada”. A perversão – “a má imagem” – da arte contemporânea, e naturalmente das instituições que a sustêm, poderia dever-se ao facto de frequentemente os seus actores trabalharem mais com o contemporâneo (com modas, tendências, estereótipos) do que com a contemporaneidade, quer dizer, com aquilo que se interroga sobre o que significa estar vivo. Para modificar esta imagem há que reexaminar os museus e as instituições que a mostram. Porque é que estes centros não poderão converter-se em lugares para nos interrogarmos a partir de um exercício crítico honesto? Trata-se de promover um espaço de liberdade, aberto e plural, como lugar de deambulação activa e não como um trajecto vencido por todo um arsenal de repetições, de palavreado e presunção. Quando os museus e as instituições culturais forem considerados lugares de reconhecimento em vez de lugares de passeio turístico ou redutos para o teatro social e mediático, talvez consigamos construir, tanto os artistas como os comissários e o público, uma cumplicidade afectiva e intelectual, mais além da grandiloquência e do estilo mercenário.” Os cinco textos estão disponíveis em: www.tinyurl.com/23526cx |