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BERLIM: CURATORS ON THE MOVEROSANA SANCIN2012-02-02BERLIM: CURATORS ON THE MOVE *Este artigo foi escrito no âmbito de uma residência curatorial em Berlim em Dezembro de 2011. Cidades flutuantes “ ... floating cities of the future, whose structures, similar in construction to cells or clouds, mean that the inhabitable platforms can subdivide and re-emerge, allowing them to change their form and composition constantly.†Curators on the Move é um projeto de pesquisa de longa duração iniciado em Berlim que pretende explorar as ressonâncias da mobilidade na esfera da arte, numa altura em que não só as cidades estão em movimento, mas também os próprios produtores culturais se encontram nesse estado lÃquido. O projeto em Berlim consistiu em investigar novos modelos de práticas curatoriais. A residência não institucional de um mês, financiada pelo Ministério da Cultura da Eslovénia, foi entendida como uma plataforma de banda larga para projetos futuros. Ao longo deste tempo, mantive um blog para que a pesquisa se tornasse mais acessÃvel e menos abstrata e registar o desenvolvimento deste projeto que acompanha os nós e as tendências na esfera da arte contemporânea, os quais por sua vez prevêem e refletem as tensões que existem na própria sociedade. Cidades-nuvens O artista Tomás Saraceno introduz através de esferas e de redes um conceito espacial completamente inovador a partir do qual os tais novos modelos de práticas curatoriais poderiam surgir. As noções/conceitos artÃsticos como “cidades flutuantesâ€, “cidades-nuvensâ€, “bio-esferas†ou “jardins voadores†mudam a nossa perceção do mundo existente e proporcionam umas utopias muito concretas e realizáveis (“realizable utopiaâ€). Na instalação Cloud Cities, que consiste em vinte modelos de cidades utópicas do futuro, trata-se da coexistência de dois conceitos filosóficos, normalmente vistos como radicalmente opostos: o da esfera (Sloterdijk) e o da rede (Latour). Se Bruno Latour separa rigorosamente as duas intensidades no seu artigo “Some Experiements in Art and Politics“ publicado no E-flux Journal , admite que na obra de Saraceno elas formam um todo: “While networks are good for long-distance and unexpected connections starting from local points, spheres are useful for describing local, fragile, and complex atmospheric conditions.†O que é então uma cidade flutuante? É uma cidade do futuro, cuja estrutura é semelhante à das nuvens ou das células, o que faz com que as plataformas habitáveis se possam subdividir e ressurgir, permitindo-lhes mudar a sua forma e a composição constantemente. Práticas artÃsticas radicalmente polÃticas Em Berlim assisti entre outras coisas também à conferência dos curadores da 7ª Bienal de Berlim na Kunstwerke. Arthur Zmijewski, Joanna Warsza e Voina Group interessam-se acima de tudo pelas práticas abertamente polÃticas que ao mesmo tempo possuem o potencial sobre o qual sonharam as vanguardas: o de mudar a sociedade através da arte. Por usar as estratégias artÃsticas para criar ruturas, interrupções e transformações no tecido social. Através disso, é estabelecida uma ligação forte entre a arte e a vida, anulando as suas não refletidas oposições e dissonâncias. Segue uma afirmação algo provocatória de um dos curadores da bienal: “I want the exhibition to become a political space that resembles a parliament more than a museum. Let art propose solutions meant for the social and political realm! Instead of asking questions, I would like the next Biennale to provide answers, to use the artistic language and strategies to fight for common goals.†Práticas artÃsticas participativas No contexto da pesquisa de novos modelos de práticas curatoriais visitei também a exposição Almech, de Pawel Althamer, patente no Deutsche Guggenheim. O artista é conhecido pelos seus projetos colaborativos, nos quais participam jovens criminosos do seu bairro, os vizinhos, os doentes com esclerose múltipla, a famÃlia e os amigos. Para a comissão do Guggenheim, Althamer resolveu transportar a fábrica do seu pai dos subúrbios de Varsóvia para o local da instituição anfitriã. Pelo tempo da exposição, a fábrica e o museu trocaram os seus endereços: temos Almech em Berlim e Guggenheim em Varsóvia. A própria exposição consiste em esculturas em transformação constante, sendo as formas brancas em gesso dos rostos dos empregados do Deutsche Bank, do Guggenheim e dos visitantes adicionados diariamente à s estruturas de ferro que carregam os corpos semelhantes a múmias, adotando as poses da história de arte ou das situações urbanas do quotidiano. Evento A disruption in current state of affairs. A artista Natascha Sadr Haghighian responde ao questionário dos curadores da 7ª Bienal de Berlim: “the recent protests have been damaging berlin’s immaculate image of being a new cultural capital, an initiative to subsequently collect statements (300- 400 words) from berlin based artists resembles a neoliberal opinion poll applied to this situation. More than anything it functions like a survey about what artists want in order to improve the image politics of berlin’s official cultural players rather than change the actual approach of the politics behind it. It connotes that a participatory model is persued while in fact it serves the adjustments of a corporate identity to the desires of an authentic voice also called public opinion (in this case the “artistsâ€) in order to sell the sell out of berlin’s cultural life more successfully. For this reason I will not comment on the questions raised by the berlin biennale or make statements on what artists want or not want.†Emancipação “A espetadora emancipada participa na performance retrabalhando-a à sua maneira, evitando, por exemplo, a energia vital que ela supostamente deveria transmitir, para fazer dela uma imagem pura e associar essa imagem pura depois a uma história que tenha lido ou sonhado, vivido ou inventado.†Um momento breve de emancipação proporciona a visita à exposição Antic Measures, na galeria Gregor Podnar, ou a entrada no observatório na exposição de Tomás Saraceno em Hbf, onde em vez das estrelas vemos os visitantes a flutuarem acima de nós. “Like clouds, the urban modules dreamt by Tomás Saraceno are supposed to be able to change their form and merge together to form greater bodies.†As polÃticas culturais Para concluir sem tomar conclusões definitivas, eis algumas opiniões dos artistas, curadores e crÃticos berlinenses sobre a situação na esfera da arte do ponto de vista local (que poderia ter ressonâncias noutros lugares também): “The art community should stop being an acquiescent object of manipulation, become an active subject and return to politics.†(Artur Zmijewski) “The majority of Berlin Biennales up to now have come off much too smoothly in the promotional reflective city spectacle with the title arm, but sexy (poor, but sexy).†(Sonke Gau) “The dream of a metropolitan life style and a defying existence with individual self-fulfillment, which remains possible event at the poverty line.†(Renata Kaminski) “The independence and freedom of art are not ‘natural’ circumstances.†(Florian Wüst) “The art field is not only a space for possibilities but may also be one of the few spaces of productive critique that still remains.†(Yvonne P. Dorerer) “Artist first and foremost require an income.†(Ute Weiss Leder) “More critique of representation, please.†(Tom Holert) Rosana Sancin Links Vernissage Tv: Cloud Cities www.youtube.com/watch?v=bLKn13lC8xY Vernissage Tv: Almech www.youtube.com/watch?v=9WPjnjvIyCg Curators on the Move www.curators-on-the-move.posterous.com |