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ARCO_MADRID: UMA MOVIDA BRAMâNICASÍLVIA GUERRA2009-02-13A feira ibérica, preferida de todos os portugueses, abriu as suas portas na IFEMA, a organização homóloga da FIL, em Madrid. Sem o glamour de um Grand Palais em Paris nem o aplomb de uma Art Unlimited de Basileia, mas com um certo revivalismo dos edifícios espelhados dos anos 80 e muitas bandeiras internacionais, esta manifestação veterana preparou-se para a sua 28.ª edição, num período de crise finaceira à escala global. A feira SWAP, de Barcelona teve de cancelar a sua edição em 2009. A ARCO graças a apoios de empresas como a Mango e a Illy manteve a presença de 197 galerias vindas predominantemente de Espanha mas também do resto do mundo, com um programa especial dedicado ao país convidado: a Índia. E é logo na entrada do Pavilhao 6 que encontramos as 13 galerias indianas que são a melhor surpresa deste ano. A representação do corpo na sua transfiguração artística é predominante nas obras dos artistas aqui apresentados: as transparências radiográficas em aguarela de Atul Dodya, a Última Ceia de Vivek Vilasim, e as fotografias das performances do surpreendente Nikhil Chopra, que me relembram fotogramas do último filme de Steve McQueen, “Hunger” (2008). No entanto foi a galerista da Ske de Bangalore que me disse que, após Art Miami, onde participou este ano, a ARCO 2009 será a sua última feira durante os próximos anos: “Não quero fazer duas feiras, outra representação internacional e ter de fechar as portas da galeria. Prefiro continuar o meu trabalho em Bangalore mantendo a qualidade”. Portugal contou com menos três presenças tradicionais mas continuou a apresentar os seus artistas, seja nas galerias nacionais como nas espanholas onde os artistas portugueses se encontram bem representados e com um público fiel. João Maria Gusmão e Pedro Paiva, de viagem para a representação nacional na Bienal de Veneza, estavam na Graça Brandão. As últimas obras de José Pedro Croft apresentam-se na Filomena Soares, bem como as últimas peças escultóricas de Vasco Araújo, com grande sucesso entre o público do stand da sua galeria. A galerista Cristina Guerra continuava aguerrida sob o verde esperança da obra de Laurence Weiner, “Trodden Grass” (1999). Os portugueses estavam onde deviam estar. Galeristas, comissários, como João Fernandes de Serralves passeavam-se entre os representantes nacionais, os artistas e o público que desejoso de vir a Madrid com a desculpa da ARCO, quer rever obras de duas ou três instituições da capital espanhola, Velazquéz no Prado, a Guernica no Reina Sofía e a Fundaçao Thyssen. De resto a ARCO estava tranquila nesta quinta-feira de pré-abertura, não obstante o “asco” provocado aos visitantes pelos “Planetas” (2008) de Wilfredo Prieto na galeria catalã Nogueras Blanchard. Outro jovem artista a destacar é o brasileiro Marlon de Azambuja, com “Potential Sculptures” no stand de apoios a jovens criadores da Comunidad de Madrid. Salienta-se ainda uma magnífica tapeçaria de Ilya & Emilia Kabakov e algumas obras de Jan Fabre, a bic azul, apresentadas numa galeria austríaca. De resto nada de especialmente excitante nesta edição da ARCO, com uma calma emprestada ao Ganges. Sílvia Guerra |