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ENTREVISTA


Romy Castro no seu atelier. © Catarina Patrício


A artista com o seu auto-retrato a óleo. © Catarina Patrício


Vista do atelier de Romy Castro. © Catarina Patrício


Retrato de Romy Castro pelo pintor Luís Dourdil (1914-1989). © Catarina Patrício


Vista do atelier de Romy Castro. © Catarina Patrício


Media clipping a artigos dedicados a Romy Castro. © Catarina Patrício


Fotografia de instalação de Romy Castro da sĂ©rie ‘A Terra como Acontecimento I’. CarvĂ”es minerais e vegetais com luzes. Museu Amadeo de Sousa Cardoso em Amarante. © Romy Castro.


Frame tripartido do filme ‘A Terra como Acontecimento II’, de 2021, que inscreve escultura e duas pinturas com as matĂ©rias da Terra. © Romy Castro.


Pintura realizada com as matĂ©rias da Terra, matĂ©rias-sombra e matĂ©rias-luz, sobre papel feito Ă  mĂŁo pela artista, da sĂ©rie ‘A Terra como Acontecimento II’, de 2012. © Romy Castro.


Frame do filme ‘A Terra como Acontecimento II’. CarvĂ”es, minerais oriundos de toda a Terra, 2022. © Romy Castro.


Pintura realizada com as matĂ©rias da Terra, matĂ©rias-sombra e matĂ©rias-luz, sobre papel feito Ă  mĂŁo pela artista, da sĂ©rie ‘A Terra como Acontecimento II’, de 2012. © Romy Castro.


Frame do filme ‘A Terra como Acontecimento II’. CarvĂ”es, vegetais oriundos de toda a Terra, 2022. © Romy Castro.

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ROMY CASTRO


25/10/2024

 

 


Das matérias da Terra à tela, na alquimia do atelier, na investigação, ou nas plataformas digitais, Romy Castro tem vindo a tecer, ao longo de décadas de trabalho, uma obra multifacetada que transpõe a rigidez de algumas categorias estéticas. Explorando o seu universo plástico na prática da pintura e da escultura, na instalação, fotografia e ensaio, passando ainda pelo cinema, design e joalharia, Romy Castro, que conta com cerca de uma centena de exposições coletivas e seis dezenas de individuais no seu currículo, encontrou nas materialidades da Terra o radical comum que orienta o seu pensamento e a sua prática artística.

Formada em Artes Plásticas na especialidade Pintura, na então Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, frequentou ainda, em Paris, a École Supérieure de Beaux-Arts. Viveu em Madrid, quando estudou Pintura na Facultad de Bellas Artes da Universidad Complutense e no Círculo de Bellas Artes de Madrid, recordando com saudade a efervescente Movida Madrileña e os contactos que aí estreitara.

Doutorada em Ciências da Comunicação pela NOVA-FCSH, na especialidade Comunicação e Artes, e investigadora integrada no ICNOVA, desenvolve atualmente estudos de Pós-Doutoramento na mesma faculdade, prosseguindo a sua investigação “A Terra como Acontecimento”. O seu último livro “ROMY CASTRO LA TERRE COMME ÉVÉNEMENT II”, lançado recentemente na Culturgest, foi o ponto de partida para a nossa conversa, que decorreu no seu atelier nos Coruchéus em Lisboa.


Por Catarina Patrício

 

 

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Catarina Patrício: Quer na prática artística como no ensaio, tens trabalhado a Terra como um acontecimento matérico e alcançável pela experiência. O que nos podes contar sobre o teu último livro “ROMY CASTRO LA TERRE COMME ÉVÉNEMEMT II”?

Romy Castro: Este livro surge na sequência da minha participação na Saison France-Portugal 2022, como artista e investigadora, que pretende intervir e dar visibilidade a outras possibilidades de habitar a Terra, através da arte. O livro explora as potencialidades das artes contemporâneas, em pintura, escultura, fotografia, instalação, cinema/vídeo, plataformas digitais e ensaios. Contém um ensaio do Professor Doutor Bragança de Miranda, outro meu, e um texto da Margalit Berriet, a galerista com quem trabalho em Paris. Este projeto interdisciplinar desenvolveu-se em três etapas distintas: a primeira foi em Mação, com Instalação e conferências, depois em Paris, com Instalação, filmes e as conferências do Bragança de Miranda e minha, na UNESCO. Posteriormente, a Instalação inaugurou na Maison du Portugal, também com conferência do Professor Bragança, tendo-se decidido estender a exposição até março de 2023.
O livro é bilingue, em português e francês. Inicialmente, pensou-se em fazer o livro apenas em Paris, mas acabou por ser editado também em Portugal. O livro foi lançado em 2023, na Universidade da Madeira, no Funchal. Depois, em 2024, foi lançado em dois sítios em Paris, e agora na Culturgest, em Lisboa, no dia 5 de junho, coincidindo com o Dia Mundial do Ambiente. Este livro é uma síntese dos últimos anos do meu percurso, pois mostra uma grande parte do meu trabalho artístico e investigativo, dando uma visão globalizante, tanto na dimensão prática como teórica, uma vez que inclui também os meus ensaios.

 

C.P.: Como descreves a evolução do teu trabalho artístico? Quais foram as influências que mais moldaram a tua prática?

R.C.: Ao longo dos anos de estudo e de aprendizagem tive contacto com vários artistas nacionais e internacionais de quem gostei muito e que seria longo de enumerar. No entanto houve uma altura da minha vida que gostava de salientar, quando vivi em Madrid. Posso dizer, que foi nesta época que se produziu a grande mudança da minha prática artística. Gostava muito do trabalho do pintor José Guerrero, e tive a sorte de ter trabalhado e estudado com ele em Madrid. Guerrero era muito divertido e contava histórias sobre Picasso e Miró, entre outros, inacreditáveis. Foi uma das pessoas que sempre me incentivou e apoiou, escreveu sobre o meu trabalho e esteve sempre presente nos meus estudos. Acrescento o pintor Lucio Muñoz, com quem também trabalhei em Madrid, e cuja obra admirava. Outro ponto importante na evolução do meu trabalho, foram as viagens que realizei nessa altura ao Japão, porque gosto muito da cultura japonesa, principalmente do período Edo. Saliento por exemplo Katsushika Hokusai, Matsuo Bash? ou a Katsura Imperial Villa, e mais recente Nishida Kitarö. Mas na realidade a obra que mais me influenciou foi a descoberta de Rothko em Madrid. Revolucionou a minha forma de ver o mundo, daí ter realizado teses sobre a sua obra e o seu pensamento. A série de pinturas da capela Rothko, em particular, em Houston, Texas - já lá estive mais que uma vez e fico horas a olhar para aquelas obras – toca-me muito, entro numa espécie de experiência espiritual que me comove profundamente. Mark Rothko influenciou-me a nível das cores, na enformação das suas pinturas e no pensamento estético que edificou sobre as suas obras. Todas estas influências foram marcantes e penetraram o meu pensamento. É claro que depois deixei as influências e segui o meu próprio caminho artístico e teórico, onde a filosofia também tem uma dimensão muito importante no meu trajeto. Saliento alguns autores que admiro e me marcam, como o Deleuze, em toda a sua extensa obra e principalmente nas questões da Geofilosofia e da filosofia da arte, que me importa bastante. Depois há um outro filósofo que me interessa, principalmente no modo como pensou o “Habitar a Terra”, “ou habitar poeticamente”, e no modo como nos dá-a-ver o seu essencial – a busca pelo sentido do ser, e os fenômenos mais originários – que é Heidegger. Acrescento outro filósofo pela abordagem interdisciplinar dos seus trabalhos, que me ofereceu novas perspetivas sobre a arte e a cultura visual em geral, o Georges Didi-Huberman. Podia enumerar muitos outros, mas a estes autores, por quem tenho um apreço especial, acrescento o que mais admiro, José Bragança de Miranda, meu orientador de doutoramento e atualmente de Pós-Doc, e meu grande amigo. Mas não é só por já ter escrito ou ter falado muito sobre a minha obra que o admiro. Não. Bragança de Miranda é um pensador atual muito relevante. Experiencio sempre com ele novas dimensões de conhecimento, e novas aprendizagens, que me tem levado a conhecer, ao longo dos anos, outros autores que desconhecia, como por exemplo, o filósofo Michel Haar, cuja reflexão filosófica me interessa bastante. São concetualizações que agregam ideias significativas para o meu percurso. E atualmente junto o Yuk Hui, que esteve agora Lisboa, em conferência, e é um pensador relevante no campo da cultura, da tecnologia, da epistemologia, focando problemáticas como as do digital e da cibernética, da arte e da técnica, que tem a ver com a tecnologia da diversidade. Áreas que contribuem para eu estar informada e com mais conhecimento nestas dimensões.
Toda uma série de pensadores, que tem influenciado o traçado da linha do meu pensamento e que engrandecem a investigação do meu trabalho.
A maneira como olho para a Terra, e como a vejo e sinto. A observação dos territórios e das paisagens que eles contêm, e o todo global que me transmitem, e me oferecem, não só a nível de arte e simbólico, mas também ético e moral, e até religioso, fazem de mim uma pessoa melhor. Extensões que são muito importantes, porque é nas paisagens que estão as matérias transformadoras com que trabalho, nas artes e no pensamento. Ou seja, estas extensões que se interligam, entre a matéria e o pensamento, e do pensamento para a matéria, fazem parte da minha existência, são vitais e preocupam-me na sua preservação.
E a este propósito, particularmente os carvões, quer sejam minerais ou vegetais, é o meu mundo que se divide entre a matéria e o ser, e o ser matéria. O mundo é a terra-matéria. E porquê? Porque os carvões desestabilizam a legitimidade de todas as formas existentes. São simultaneamente locais e globais. Não têm fronteiras. E o fato de não terem fronteiras quer dizer que acumularam todo o tempo na sua enformação, permitindo que eu registe o mundo através das suas matérias. No fundo eles são o registo daquilo que se passa hoje na Terra. Grandes ou pequenos, o seu mundo natural de singularidades formais, torna-se no mundo da minha linguagem pictórica, no mundo expressivo da minha arte. E encontro nessa experiência, uma espiritualidade. Nos cristais do Alasca também, mas menos. Quer sejam vegetais ou minerais, vindos de todo o mundo, os carvões acolhem diferentes passados e agora projetam-se no presente, mas para diferentes futuros. A história dos carvões é uma história evolutiva, eles informam cumulativamente, também, aquilo que se passou durante milhões de anos. Portanto evoluíram, e no fundo eu olho para uma peça ou obra minha e vejo nas suas superfícies milhões de anos aí inscritos. É uma visão transtemporal, que me ultrapassa. Ou seja, o fato de eu construir as peças com estas matérias dá-me outra densidade visual, pictórica, histórica, estética e geológica. É o retorno á terra, á origem. Isso é reconhecer as possibilidades da ciência das matérias para a abertura da minha experiência transformadora.

 

C.P.: Que momentos destacas como mais marcantes da tua carreira? Quais foram as vivências que de alguma maneira marcaram a tua visão artística?

R.C.: Momentos mais marcantes da minha carreira.... Tenho imensos. Poderia enumerar muitos, mas vou destacar dois ou três que me agradam particularmente. Durante anos, a minha convivência e trabalho com o pintor Luís Dourdil, que foi fabulosa em todos os aspetos na minha vida. Ele foi um grande amigo e um artista que admiro muito. Também tive uma vivência muito rica com o filósofo Eduardo Lourenço, que muito admiro e com quem muito aprendi, nas muitas conversas e encontros que tivemos ao longo do tempo e com José-Augusto França, outra figura maior da nossa cultura, outra vivência ímpar. Estou a falar a nível de Portugal, porque se fosse para o estrangeiro, teria outros nomes a mencionar, igualmente importantes. Mas em Portugal, estas três pessoas tiveram uma importância marcante na minha existência, a todos os níveis, cada um com na sua dimensão e na sua maneira de ser.
Por exemplo, quando o Eduardo Lourenço num dos nossos encontros destacou, dos meus pensamentos que estava a ler, uma frase que ele considerava intemporal, do passado, do presente e do futuro, que dizia: «Não quero ser estranha à época em que sou chamada a dizer». O Eduardo achava que era uma frase importante, que tinha um lugar cimeiro no meu pensamento e na minha vida, e é verdade! O Eduardo tinha razão. Esta frase já fez parte de várias exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, e enforma a minha maneira de pensar e de ser. Ele dizia sempre que esta frase ia chegar longe comigo, com a minha obra e com o meu pensamento inovador. Das inúmeras conferências em que assistimos juntos, sempre debatíamos no final as ideias-chaves das mesmas. Recordo com nostalgia os longos almoços que tivemos na Fundação Calouste Gulbenkian, era simplesmente fantástico. E por falar em na Gulbenkian, ainda hoje o Manuel Sérgio me agradece o gesto de eu ter levado o Eduardo Lourenço para assistir a uma conferência sobre si, aquando da homenagem que lhe fizeram nesta Instituição. Quanto ao José-Augusto França, ele teve um papel muito, mas muito importante na minha vida, não só como amigo, admirador da minha obra, mas também como historiador, crítico de arte e dinamizador, incentivando infindavelmente as minhas mudanças, quer artísticas, quer intelectuais. Sempre me apoiou em todas as dimensões da minha obra. Escreveu inúmeros artigos sobre mim. E falou em exposições. Escreveu muito no JL, em revistas, em livros, e dedicou-me a Revista Colóquio de Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, número 98 de 1993, que mostra na capa e contracapa uma obra-díptico daquela fase, da exposição dos EUA, onde estão as peças. A Revista abre com um texto meu que ele apreciou muito, sobre a minha exposição na Carolina do Sul, nos EUA, na Cecelia Coker Bell Gallery e com um ensaio sobre a minha obra do crítico de arte de Barcelona, Jose Corredor-Matheos que é um admirador da minha obra e que também escreveu muito sobre mim. Outra pessoa importante na minha vida e que muito admiro. Com o José-Augusto França, executei muitos projetos, por exemplo: Trabalhamos imenso os dois para a Instalação que realizei no Convento dos Cardaes, na Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura, integrando também a 7.ª Colina. Estas experiências que aqui relato, são uma ínfima parte do que vivenciei com o José-Augusto França. Também tenho a honra de estar representada no seu Museu em Tomar. Muitos mais factos importantes poderia descrever, como o caso do alemão, Ulfried Schaefer, que conheci em Berlim, nas minhas exposições, ter escrito sobre a obra exposta e ter feito uma tese sobre as pinturas da série “Negritades”.
Pessoas marcantes com quem convivi, durante muitos anos, e que influenciaram a minha maneira de ser. Tiveram um papel significativo no meu modo de vida. Tínhamos longas conversas sobre Artes Plásticas, Estética, História, Filosófica e a própria vida. São pessoas que me marcaram muito. O próprio Eduardo Lourenço estava a escrever um texto sobre a minha obra, mas acabou por não se concretizar, pois já estava muito doente. Valeu a convivência que tive com ele, e os ensinamentos que escutei. Uma grande aprendizagem a todos os níveis, que não esteve ao alcance de todos.
Posso também mencionar um episódio engraçado que foi muito marcante para mim e que poderia ter mudado a minha vida radicalmente, e que foi por pouco que não aconteceu. Foi quando fui representar Portugal nos Emiratos Árabes Unidos, em Sharjah, que é a capital cultural dos Emirados Árabes, onde conheci Sua Alteza Sheikh – Ministro da Cultura, que me convidou para ficar na American University of Sharjah (AUS) a dar aulas de Artes e Design, e a viver lá. Estive quase a aceitar, mas só não fiquei porque o calor era insuportável e eu não aguentava aquele clima. Outro episódio marcante foi a minha exposição na Cecile Cocker Bell Gallery, que era uma galeria lindíssima e onde permaneci bastante tempo. Igualmente com um convite para ficar a trabalhar na Coker Universit, para integrar a School of Visual and Performing Arts.

 

C.P.: E a joalharia? Como é que a joalharia surge na tua vida? Está também em causa uma exploração ontológica das materialidades da Terra?

R.C.: Sim, está. Faço joalharia e design gráfico e de equipamento. Já concebi duas linhas de mobiliário, todas em acrílico, que exploraram novas materialidades, sem ter um único parafuso. Fiz mesas, cadeiras, aparadores, móveis, jarras, candelabros, tudo. Essa cadeia de equipamentos vendeu-se toda, muito bem. Realizei igualmente outras cadeiras de coleção, assinadas e numeradas, e que foram inspiradas nos órgãos históricos da Basílica de Mafra. Esta linha de cadeiras foi toda realizada em pele, em Espanha. Ficaram fabulosas, só fiquei com uma. Também já trabalhei em design gráfico, por exemplo, fiz toda a conceção gráfica da Maternidade Alfredo da Costa, incluindo o seu logótipo, que atualmente é o seu estacionário, pois a MAC incorpora esta identidade gráfica em tudo. Realizei também a medalha e uma edição especial de serigrafias, para o seu 75.º aniversário, entre outras atividades.
A joalharia esteve sempre presente na minha vida. Desde pequena, faço construções de peças com as coisas mais engraçadas que possas imaginar, pevides, pinhões e pedrinhas, conchas, madeiras, fazia estas coisas a brincar. Quando decidi levar isto mais a sério, tive o apoio da Ourivesaria Silva, no Camões... ainda está lá. Passei muitas horas com os ourives deles a aprender técnicas de joalharia, o que me deu alento para o que faço. Agora, acabei de fazer duas peças para um amigo que se vai casar, incluindo o anel de noivado. Estou sempre a fazer coisas, a criar. Ou seja, vou sempre fazendo coisas, várias. Não é só a pintura, nem a escultura, nem a instalação; vou sempre escrevendo, fazendo ensaios, pintando, fazendo escultura e fazendo filmes.

 

C.P.: Tens um trabalho multidisciplinar. Podemos dizer que essas dimensões se alimentam umas às outras?

R.C.: Posso dizer que formam uma espécie de cadeia artística e estética entre elas, como um mosaico. Assim como faço o meu papel, à mão, e que adoro. O papel, as minhas obras, é tudo feito à mão por mim. Agora fiz aquela série toda que está ali atrás, que vou começar a trabalhar. Ou seja, eu gosto de fazer várias coisas, ao mesmo tempo que estou a pensar, gosto de ir fazendo várias coisas. Estou sempre a pensar no que vem a seguir, no que posso inovar. O que é que eu posso inovar nas várias dimensões que pratico, o que eu acho interessante.

 

C.P.: Quais são os teus próximos projetos, ou que exposições preparas? A Terra mantém-se o acontecimento que pretendes trabalhar?

R.C.: Posso dizer que atualmente, ao nível do design, estou a fazer os Troféus e a Medalha, bem como as respetivas caixas e embalagens, para as Marchas Populares de Lisboa 2024, convidada pela Lisboa Cultura.
Em relação a próximos projetos, quero continuar a investigar e a desenvolver um trabalho sobre os mármores de Estremoz e os lapilli da Madeira e dos Açores. As pedras vulcânicas lapilli, da Madeira e dos Açores, interessam-me bastante. E estou a conceber um novo estudo sobre os carvões. Acabar o projeto que comecei há uns anos sobre os mármores de Estremoz, é importante, porque foi interrompido por causa da pandemia. Gostaria de ver se é possível concretizá-lo.
Estou também a pensar num outro filme sobre estas novas matérias e em novas exposições, e tenho em vista escrever um livro, pois já tenho muitos ensaios soltos e gostaria de compila-los. Claro que isto implica muito trabalho, mas eu também não sei fazer outra coisa senão trabalhar.
Quanto a mais projetos, vou integrar um projeto internacional, designado Hawk Stars NGO – Associação para a Educação, Inovação e Desenvolvimento Social, como curadora e artista/investigadora, juntamente com outra curadora do Porto. É um projeto bastante interessante, que acumula outras dimensões, como residências artísticas, conferências, além da seleção de todo o tipo de arte, escultura, pintura, instalação, fotografia, arte de rua, tudo. A galeria chama-se Galeria de Arte “Impacto Social” e fica situada na região do Douro.

 

 

 

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Catarina Patrício
Doutorada em Comunicação pela NOVA-FCSH, na especialidade Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, realizou estudos de Pós-Doutoramento na mesma faculdade. Artista Visual, formada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Mestre em Antropologia pela NOVA-FCSH, Catarina Patrício é Professora no Departamento de Cinema e Artes dos Media da ECATI, Universidade Lusófona, desde 2010. Investigadora integrada no CICANT, publica ensaios e expõe obra artística regularmente.