Links

ENTREVISTA


José Barrias. Foto de Gianluca Vassallo, 2014.


Quase Romance, 1973/86. Col. Fundação de Serralves, Porto. Crédito fotográfico: Filipe Braga


Quase Nouveau Roman, 2014. Múltiplo de Quase Romance, edição de 5 exemplares, escala 1/10. Inside Outside, 2015. José Barrias com Bárbara Fonte, na Plataforma Revólver, Lisboa.


Barragem, 1979. Col. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 50 Anos de Arte Portuguesa, Cam 2007


Piccolo Mondo, 1995. Col. Fundação Ilídio Pinho, Porto. José Barrias Etc. Cam 1996. Crédito fotográfico: Giorgio Molinari.


In itinere, 2011. Sala dos mapas, Museu de Serralves, Porto.


In itinere, 2011. Sala dos mapas, Museu de Serralves, Porto.


In itinere, 2011. Câmara Clara, Museu de Serralves, Porto.


In itinere, 2011. Câmara Clara, Museu de Serralves, Porto.


A Imagem da Sombra 1994. O Rosto da Máscara 1994, CCB, Lisboa


Meridiano, Gal. Emi-Valentim de Carvalho 1992, Lisboa. Ciclo Tempo, desde 1990


Muros escritos, desde 1995.


Inside Outside, 2015. José Barrias com Bárbara Fonte, na Plataforma Revólver, Lisboa.


Inside Outside, 2015. José Barrias com Bárbara Fonte, na Plataforma Revólver, Lisboa.


Inside Outside, 2015. José Barrias com Bárbara Fonte, na Plataforma Revólver, Lisboa.

Outras entrevistas:

ANA PI



ROMY CASTRO



AIDA CASTRO E MARIA MIRE



TITA MARAVILHA



FERNANDO SANTOS



FABÍOLA PASSOS



INÊS TELES



LUÍS ALVES DE MATOS E PEDRO SOUSA



PAULO LISBOA



CATARINA LEITÃO



JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA



FÁTIMA RODRIGO



JENS RISCH



ISABEL CORDOVIL



FRANCISCA ALMEIDA E VERA MENEZES



RÄ DI MARTINO



NATXO CHECA



TERESA AREGA



UMBRAL — ooOoOoooOoOooOo



ANA RITO



TALES FREY



FÁTIMA MOTA



INÊS MENDES LEAL



LUÍS CASTRO



LUÍSA FERREIRA



JOÃO PIMENTA GOMES



PEDRO SENNA NUNES



SUZY BILA



INEZ TEIXEIRA



ABDIAS NASCIMENTO E O MUSEU DE ARTE NEGRA



CRISTIANO MANGOVO



HELENA FALCÃO CARNEIRO



DIOGO LANÇA BRANCO



FERNANDO AGUIAR



JOANA RIBEIRO



O STAND



CRISTINA ATAÍDE



DANIEL V. MELIM _ Parte II



DANIEL V. MELIM _ Parte I



RITA FERREIRA



CLÁUDIA MADEIRA



PEDRO BARREIRO



DORI NIGRO



ANTÓNIO OLAIO



MANOEL BARBOSA



MARIANA BRANDÃO



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO E SANDRA VIEIRA JÜRGENS



INÊS BRITES



JOÃO LEONARDO



LUÍS CASTANHEIRA LOUREIRO



MAFALDA MIRANDA JACINTO



PROJECTO PARALAXE: LUÍSA ABREU, CAROLINA GRILO SANTOS, DIANA GEIROTO GONÇALVES



PATRÍCIA LINO



JOANA APARÍCIO TEJO



RAÚL MIRANDA



RACHEL KORMAN



MÓNICA ÁLVAREZ CAREAGA



FERNANDA BRENNER



JOÃO GABRIEL



RUI HORTA PEREIRA



JOHN AKOMFRAH



NUNO CERA



NUNO CENTENO



MEIKE HARTELUST



LUÍSA JACINTO



VERA CORTÊS



ANTÓNIO BARROS



MIGUEL GARCIA



VASCO ARAÚJO



CARLOS ANTUNES



XANA



PEDRO NEVES MARQUES



MAX HOOPER SCHNEIDER



BEATRIZ ALBUQUERQUE



VIRGINIA TORRENTE, JACOBO CASTELLANO E NOÉ SENDAS



PENELOPE CURTIS



EUGÉNIA MUSSA E CRISTIANA TEJO



RUI CHAFES



PAULO RIBEIRO



KERRY JAMES MARSHALL



CÍNTIA GIL



NOÉ SENDAS



FELIX MULA



ALEX KATZ



PEDRO TUDELA



SANDRO RESENDE



ANA JOTTA



ROSELEE GOLDBERG



MARTA MESTRE



NICOLAS BOURRIAUD



SOLANGE FARKAS



JOÃO FERREIRA



POGO TEATRO



JORGE MOLDER



RUI POÇAS



JACK HALBERSTAM



JORGE GASPAR e ANA MARIN



GIULIANA BRUNO



IRINA POPOVA



CAMILLE MORINEAU



MIGUEL WANDSCHNEIDER



ÂNGELA M. FERREIRA



BRIAN GRIFFIN



DELFIM SARDO



ÂNGELA FERREIRA



PEDRO CABRAL SANTO



CARLA OLIVEIRA



NUNO FARIA



EUGENIO LOPEZ



JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA



ISABEL CARLOS



TEIXEIRA COELHO



PEDRO COSTA



AUGUSTO CANEDO - BIENAL DE CERVEIRA



LUCAS CIMINO, GALERISTA



NEVILLE D’ALMEIDA



MICHAEL PETRY - Diretor do MOCA London



PAULO HERKENHOFF



CHUS MARTÍNEZ



MASSIMILIANO GIONI



MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA ::: MÓDULO - CENTRO DIFUSOR DE ARTE



ANTON VIDOKLE



TOBI MAIER



ELIZABETH DE PORTZAMPARC



DOCLISBOA’ 12



PEDRO LAPA



CUAUHTÉMOC MEDINA



ANNA RAMOS (RÀDIO WEB MACBA)



CATARINA MARTINS



NICOLAS GALLEY



GABRIELA VAZ-PINHEIRO



BARTOMEU MARÍ



MARTINE ROBIN - Château de Servières



BABETTE MANGOLTE
Entrevista de Luciana Fina



RUI PRATA - Encontros da Imagem



BETTINA FUNCKE, editora de 100 NOTES – 100 THOUGHTS / dOCUMENTA (13)



JOSÉ ROCA - 8ª Bienal do Mercosul



LUÍS SILVA - Kunsthalle Lissabon



GERARDO MOSQUERA - PHotoEspaña



GIULIETTA SPERANZA



RUTH ADDISON



BÁRBARA COUTINHO



CARLOS URROZ



SUSANA GOMES DA SILVA



CAROLYN CHRISTOV-BAKARGIEV



HELENA BARRANHA



MARTA GILI



MOACIR DOS ANJOS



HELENA DE FREITAS



JOSÉ MAIA



CHRISTINE BUCI-GLUCKSMANN



ALOÑA INTXAURRANDIETA



TIAGO HESPANHA



TINY DOMINGOS



DAVID SANTOS



EDUARDO GARCÍA NIETO



VALERIE KABOV



ANTÓNIO PINTO RIBEIRO



PAULO REIS



GERARDO MOSQUERA



EUGENE TAN



PAULO CUNHA E SILVA



NICOLAS BOURRIAUD



JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DIAS



PEDRO GADANHO



GABRIEL ABRANTES



HU FANG



IVO MESQUITA



ANTHONY HUBERMAN



MAGDA DANYSZ



SÉRGIO MAH



ANDREW HOWARD



ALEXANDRE POMAR



CATHERINE MILLET



JOÃO PINHARANDA



LISETTE LAGNADO



NATASA PETRESIN



PABLO LEÓN DE LA BARRA



ESRA SARIGEDIK



FERNANDO ALVIM



ANNETTE MESSAGER



RAQUEL HENRIQUES DA SILVA



JEAN-FRANÇOIS CHOUGNET



MARC-OLIVIER WAHLER



JORGE DIAS



GEORG SCHÖLLHAMMER



JOÃO RIBAS



LUÍS SERPA



JOSÉ AMARAL LOPES



LUÍS SÁRAGGA LEAL



ANTOINE DE GALBERT



JORGE MOLDER



MANUEL J. BORJA-VILLEL



MIGUEL VON HAFE PÉREZ



JOÃO RENDEIRO



MARGARIDA VEIGA




JOSÉ BARRIAS


 

“O corpo da minha obra reflecte realmente a minha dupla condição de vida, a qual oscila entre uma quietude duradoura e um desassossego permanente”, diz-nos José Barrias, artista português que reside há 47 anos em Milão. A sua prática artística, caracterizada por um cruzamento de linguagens, desenrola-se entre o desenho, a pintura, a fotografia, a instalação, estando os traços da memória íntima e cultural muito presentes nas narrativas visuais. Neste momento com uma exposição patente na Plataforma Revólver, em Lisboa, José Barrias conversou com a Artecapital sobre esta mostra e a sua condição de “habitante dos intervalos”.

 

por Liz Vahia e Victor Pinto da Fonseca

 

>>>

 

 

 

VPF: Na exposição “Inside Outside”, na Plataforma Revólver, em Lisboa, convidaste Bárbara Fonte, uma jovem artista, para expor contigo; é admirável ver o resultado da arte de ambos conviver de igual para igual ainda que a arte dos dois seja muito diversa. A Bárbara é uma artista que utiliza o dramático, tu és um artista com um processo criativo poético mas que igualmente sabe ser dramático! Concordas com esta primeira impressão?

 

JB: As primeiras impressões equivalem a sensações à flor da pele. Não tenho portanto que concordar ou discordar de uma tua impressão epidérmica. Não posso discordar da pele que te envolve os ossos e te reveste a carne e os órgãos de vivências e sobrevivências que não conheço. É isto afinal aquilo que uma lição de anatomia nos ensina: aberto o corpo o dentro passa para fora e assim por diante, cirurgicamente, se a operação analítica prossegue... Inside Outside eccetera é, a meu ver, uma espécie de exercício anatómico. São as peles das nossas perguntas abertas que indicam as matérias que revestem as razões ósseas que sustentam as nossas respostas, sabendo porém que inevitavelmente a pele de cada resposta é sempre um postigo (às vezes uma janela, outras um portão) que dá para outra paisagem cutânea que reveste ainda e ainda novas perguntas... Eccetera. Dito isto, pergunto: onde começa e até onde se dilata a pele da poética "dramática" de Bárbara Fonte e como é que esta se liga ao fio da conversa à flor da pele que o meu iter discursivo lhe solicitou? Uma resposta possível poderia ser afirmar que a razão essencial de cada diálogo habita sempre a diferença que o nutre, mas também que a razão que o estimulou e estimula foi e é a plataforma que o uniu, formando e amplificando o nosso percurso expositivo sob a forma de obras abertas a pensamentos, impressões, sensações (retinianas e não) que escorreram e escorrem entre nós e, sobretudo, para além de nós. Só assim uma exposição adquire a dignidade da existência, onde o êxito consiste e depende do facto de termos sido capazes de ligar a singular complexidade das nossas linguagens à simplicidade das evidências expostas, seguros do facto que estas podem ser recolhidas por quem as observa e vê como ecos de um lugar-comum. Só assim pretenções, vaidades, exibicionismos de vária ordem, puderam ser contornados. Penso que neste sentido aberto e plural a nossa exposição cumpriu e cumpre a sua razão de ser com uma "naturalidade" exemplar.

 


LV: Caracterizou a exposição “In Itinere”, em 2011 no Museu de Serralves, como um “testamento poético” de ajuste de contas com o seu percurso. Em “Inside Outside”, a memória permanece ainda como assunto nestes trabalhos que apresenta, no entanto, o corpo físico, a materialidade humana e animal, é uma figura forte em toda a exposição. Balança com as sombras e as imagens fugidias dos desenhos. Acha que há aqui uma ideia de recomeço, um ciclo de vida e morte, uma conjunção de presença física e emocional?

 

JB: Entre o tu que na pergunta anterior me foi dado por Victor Pinto da Fonseca e o você que nesta me é dado por Liz Vahia evidencia-se uma das características que considero marcantes para o "tratamento" do meu trabalho. Porque neste existe de facto uma espécie de fenomenologia bi-polar caracterizada pela coexistência das experiências da proximidade e da distância. O corpo da minha obra reflecte realmente a minha dupla condição de vida, a qual oscila entre uma quietude duradoura e um desassossego permanente. Trata-se de algo que me une e separa (nesta ordem) da língua e da terra onde ordinariamente vivo (a Itália) e, ao mesmo tempo, que me separa e une (nesta ordem) à língua e ao país onde nasci (Portugal). Julgo ser esta a razão que "desenha" fisicamente a minha vida e a minha obra, configurando-a como uma coleção de ecos, uma oscilação permanente dos retornos. Eu sou um habitante dos intervalos. Sombras como verdades da luz, plumas como brisas e vanitas, linhas desenhadas como labirintos, fios de cobre ou de ouro entrelaçados como perspectivas e horizontes, mapas, paredes e chãos, flaneries, sonhos, fechaduras, fantasmas, suspensões, livros de horas, moscas e aranhas como intrusos, inesperados visitantes das superfícies desenhadas, pintadas, escritas, emergem no e do meu trabalho como elementos de beleza purificada e sinais de fogo e de cinza. Eccetera.

 


VPF: Na cultura europeia, vem-se fazendo a ideia de quão inseguro e incerto se tornou declarar o "novo" na arte contemporânea; a arte não tem mais uma relação revolucionária e inflexível com a ideia de continuidade histórica; antes, se declara o valor do "novo" como um indefinido estado perpétuo de repetição do que já existe.
Nesta ordem de ideias, o novo surge não como uma revisão ou abolição do que chegou até nós do passado, mas meramente como uma recombinação última, reiteração de toda a arte que já foi feita anteriormente, o eterno presente!
Concordas que com toda a história de arte instantaneamente acessível (através da internet...), a arte actual se tornou uma matéria remix de díspares antecedentes? Que toda a arte se tornou "intemporal" não tendo os artistas de continuar a viver com a ideia opressiva da responsabilidade de ser "novo"?

 

JB: Anotou Bertolt Brecht no seu "diário de trabalho" (Arbeitsjournal) que "o homem novo é o homem velho numa nova situação (...) São os novos modos de agir e reagir que constituem o novo; de velho (...) resta só o facto que ele é precisamente um homem". O "eterno retorno" é um antigo paradigma da cultura europeia. A internet, o correio mail ou outro, os vários e actuais motores de pesquisa e comunicação são meras variações de dados e práticas pré-existentes. Projectos, elencos e persistências residuais podem coexistir no espaço do tempo. Quando convidei Bárbara Fonte para projectar esta exposição comigo encontrei pelo menos 2 razões para o fazer: a 1ª deriva da minha reconhecida admiração pelo seu trabalho e pelo seu iter criativo e poético; a 2ª inscreve-se no facto que penso que um artista mais velho "deve" interrogar-se e questionar o seu próprio trabalho abrindo a porta da convivência a artistas mais novos para que a arte e as histórias que sobre ela se contam não se fechem na vertigem de um atrevido "absolutamente novo" que combate contra um perigoso e suposto "reconhecidamente datado", mas sim para que, em vez disso, entre idades diferentes se edifiquem "plataformas sem revólver" onde as idades do tempo possam conviver e coexistir segundo as suas próprias razões.

 


VPF: A nós portugueses falta-nos a tradição histórica das grandes obras de arte, a relação com o passado; falta-nos o gosto e a popularidade das grandes obras de arte, o que as torna como uma estravagância entre os nossos costumes. Em oposição a esta estranha desconfiança e/ou pobreza, vem o exemplo da história da arte em Itália, que traz consigo um passado glorioso.
Essa relação intensa que a Itália tem com o passado da arte, o facto de viveres em Milão, influenciou o desenvolvimento da tua obra? Sobretudo o teu pensamento pessoal? Não existe futuro sem passado?

 

JB: Se comparada com a grandiosa história da arte italiana, a história icónica da arte portuguesa é uma história relativamente "pobre". A história portuguesa é uma história prevalecentemente narrativa... Mas cosmopolita. Uma narrativa de viagens, uma história "trágico-marítima", migratória e fusional. As razões históricas desta evidência são múltiplas e extensas. O curto espaço que inevitavelmente me é consentido nesta entrevista não me permite afrontar a questão senão de forma tópica, sumária. Numa anterior entrevista ao jornal O Público declarei que a pertença ao lugar e à cultura onde se nasce ou aquela estrangeira onde se vive, ou às duas, implica muitíssimas variáveis que um ou dois simples bilhetes de identidade não podem registar. Uma pertença é uma herança e as heranças, como se sabe, são geralmente quase sempre um problema com infinitos e controversos detalhes e interpretações dos interesses em jogo. Não me parece necessário "incomodar" os pensamentos de Salvatore Settis sobre o "futuro do clássico" para me convencer que o antigo é a surpresa do novo ou, como diria o meu amigo Ernesto de Sousa, a sua tradição. A questão fundamental para mim não reside tanto na visibilidade da presença do antigo no novo mas sobretudo na explicitação da sua "saúde" na cena de uma nova conjuntura temporal. Digamos então que eu organizei a minha obra como uma descendência activa. Existem certamente motivações históricas na origem das grandezas e das diferenças expressivas nas várias culturas e não basta um sistema de comunicação global, por mais sofisticado que seja, para as apagar. Dito isto é também inegável que a grande aceleração e expansão dos sistemas de comunicação "restringiu" o globo terrestre, configurando-o como uma espécie de Grande Teatro do Mundo, uma espécie de Exposição Universal permanente sem pátria nem deus. Os "novos" fundamentalismos nascem e desenvolvem-se neste contexto.
Eu nasci em Lisboa (cidade que o mito pretende fundada por Ulisses), vivi 17 anos no Porto, quase 2 em Paris e, desde há 47, em Milão (Mediolanum, que outrora foi sede do Império Romano do Ocidente). Digamos então, para responder às tuas questões em volta da inscrição espacial e temporal da minha obra, que eu sou onde não estou e estou onde não sou e que aquilo que considero fundamental no andamento do meu trabalho não é quase nada nem tão pouco quase tudo... É sobretudo um não-sei-quê que aflora no espaço da obra para dar tempo ao tempo, contra a dolorosa insistência das coisas perdidas e a favor da saudável curiosidade pelas coisas encontradas.

 


LV: As suas obras têm uma relação muito próxima com a linguagem, com o literário. São imagens que têm um lastro de histórias, um emaranhado de “fios, linhas cruzadas, teias e manchas”. Com isto, sente que a palavra e as línguas em que se move já deixaram de ser um território estrangeiro?

 

JB: Respondo-lhe muito sucintamente e com incontrovertível prosápia que eu sou como os profetas: eu vejo a linguagem que falo, ou escrevo.

 


LV: Recentemente voltou a publicar um texto saído na revista Phala em 1998 sobre Ernesto de Sousa [1]. O Museu Berardo expõe agora também uma selecção da coleção de cartazes de Ernesto de Sousa, recolhida ao longo da sua vida e dos seus encontros como artista, curador e teórico. É pertinente relembrar hoje figuras como a de Ernesto de Sousa?

 

JB: Absolutamente sim. Ele tinha uma consciência agudíssima, para voltar ao assunto de abertura desta nossa entrevista, seja da tradição como aventura seja da aventura como tradição. O Ernesto de Sousa foi um indisciplinador das artes e dos conformismos. Indomável. Um "académico" às avessas. E um caríssimo amigo.

 

 

 

:::

Notas

 

[1] A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE, José Barrias, in Revista A Phala, Nº 64, Abril 1998. Republicado em Abril de 2015 na Artecapital: http://artecapital.net/estado-da-arte-52-jose-barrias-a-tumultuosa-fertilidade-do-horizonte