Links

O ESTADO DA ARTE


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.


Vista da exposição. Fotografia Luís Lima.

Outros artigos:

2024-09-20


O MITO DA CRIAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE JUDY CHICAGO
 

2024-08-20


REVOLUÇÕES COM MOTIVO
 

2024-07-13


JÚLIA VENTURA, ROSTO E MÃOS
 

2024-05-25


NAEL D’ALMEIDA: “UMA COISA SÓ É GRANDE SE FOR MAIOR DO QUE NÓS”
 

2024-04-23


ÁLBUM DE FAMÍLIA – UMA RECORDAÇÃO DE MARIA DA GRAÇA CARMONA E COSTA
 

2024-03-09


CAMINHOS NATURAIS DA ARTIFICIALIZAÇÃO: CUIDAR A MANIPULAÇÃO E ESMIUÇAR HÍPER OBJETOS DA BIO ARTE
 

2024-01-31


CRAGG ERECTUS
 

2023-12-27


MAC/CCB: O MUSEU DAS NOSSAS VIDAS
 

2023-11-25


'PRATICAR AS MÃOS É PRATICAR AS IDEIAS', OU O QUE É ISTO DO DESENHO? (AINDA)
 

2023-10-13


FOMOS AO MUSEU REAL DE BELAS ARTES DE ANTUÉRPIA
 

2023-09-12


VOYEURISMO MUSEOLÓGICO: UMA VISITA AO DEPOT NO MUSEU BOIJMANS VAN BEUNINGEN, EM ROTERDÃO
 

2023-08-10


TEHCHING HSIEH: HOW DO I EXPLAIN LIFE AND CHANGE IT INTO ART?
 

2023-07-10


BIENAL DE FOTOGRAFIA DO PORTO: REABILITAR A EMPATIA COMO UMA TECNOLOGIA DO OUTRO
 

2023-06-03


ARCOLISBOA, UMA FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA EM PERSPETIVA
 

2023-05-02


SOBRE A FOTOGRAFIA: POIVERT E SMITH
 

2023-03-24


ARTE CONTEMPORÂNEA E INFÂNCIA
 

2023-02-16


QUAL É O CINEMA QUE MORRE COM GODARD?
 

2023-01-20


TECNOLOGIAS MILLENIALS E PÚBLICO CONTEMPORÂNEO. REFLEXÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO 'OCUPAÇÃO XILOGRÁFICA' NO SESC BIRIGUI EM SÃO PAULO
 

2022-12-20


VENEZA E A CELEBRAÇÃO DO AMOR
 

2022-11-17


FALAR DE DESENHO: TÃO DEPRESSA SE COMEÇA, COMO ACABA, COMO VOLTA A COMEÇAR
 

2022-10-07


ARTISTA COMO MEDIADOR. PRÁTICAS HORIZONTAIS NA ARTE E EDUCAÇÃO NO BRASIL
 

2022-08-29


19 DE AGOSTO, DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA
 

2022-07-31


A CULTURA NÃO ESTÁ FORA DA GUERRA, É UM CAMPO DE BATALHA
 

2022-06-30


ARTE DIGITAL E CIRCUITOS ONLINE
 

2022-05-29


MULHERES, VAMPIROS E OUTRAS CRIATURAS QUE REINAM
 

2022-04-29


EGÍDIO ÁLVARO (1937-2020). ‘LEMBRAR O FUTURO: ARQUIVO DE PERFORMANCES’
 

2022-03-27


PRATICA ARTÍSTICA TRANSDISCIPLINAR: A INVESTIGAÇÃO NAS ARTES
 

2022-02-26


OS HÁBITOS CULTURAIS… DAS ORGANIZAÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS
 

2022-01-27


ESPERANÇA SIGNIFICA MAIS DO QUE OPTIMISMO
 

2021-12-26


ESCOLA DE PROCRASTINAÇÃO, UM ESTUDO
 

2021-11-26


ARTE = CAPITAL
 

2021-10-30


MARLENE DUMAS ENTRE IMPRESSIONISTAS, ROMÂNTICOS E SUMÉRIOS
 

2021-09-25


'A QUE SOA O SISTEMA QUANDO LHE DAMOS OUVIDOS'
 

2021-08-16


MULHERES ARTISTAS: O PARADOXO PORTUGUÊS
 

2021-06-29


VIVER NUMA REALIDADE PÓS-HUMANA: CIÊNCIA, ARTE E ‘OUTRAMENTOS’
 

2021-05-24


FRESTAS, UMA TRIENAL PROJETADA EM COLETIVIDADE. ENTREVISTA COM DIANE LINA E BEATRIZ LEMOS
 

2021-04-23


30 ANOS DO KW
 

2021-03-06


A QUESTÃO INDÍGENA NA ARTE. UM CAMINHO A PERCORRER
 

2021-01-30


DUAS EXPOSIÇÕES NO PORTO E MUITOS ARQUIVOS SOBRE A CIDADE
 

2020-12-29


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO - PARTE II
 

2020-11-29


11ª BIENAL DE BERLIM
 

2020-10-27


CRITICAL ZONES - OBSERVATORIES FOR EARTHLY POLITICS
 

2020-09-29


NICOLE BRENEZ - CINEMA REVISITED
 

2020-08-26


MENSAGENS REVOLUCIONÁRIAS DE UM TEMPO PERDIDO
 

2020-07-16


LIÇÕES DE MARINA ABRAMOVIC
 

2020-06-10


FRAGMENTOS DO PARAÍSO
 

2020-05-11


TEORIA DE UM BIG BANG CULTURAL PÓS-CONTEMPORÂNEO
 

2020-04-24


QUE MUSEUS DEPOIS DA PANDEMIA?
 

2020-03-24


FUCKIN’ GLOBO 2020 NAS ZONAS DE DESCONFORTO
 

2020-02-21


ELECTRIC: UMA EXPOSIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL NO MUSEU DE SERRALVES
 

2020-01-07


SEMANA DE ARTE DE MIAMI VIA ART BASEL MIAMI BEACH: UMA EXPERIÊNCIA MAIS OU MENOS ESTÉTICA
 

2019-11-12


36º PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
 

2019-10-06


PARAÍSO PERDIDO
 

2019-08-22


VIVER E MORRER À LUZ DAS VELAS
 

2019-07-15


NO MODELO NEGRO, O OLHAR DO ARTISTA BRANCO
 

2019-04-16


MICHAEL BIBERSTEIN: A ARTE E A ETERNIDADE!
 

2019-03-14


JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO – O JOGO DO INDIZÍVEL
 

2019-02-08


A IDENTIDADE ENTRE SEXO E PODER
 

2018-12-20


@MIAMIARTWEEK - O FUTURO AGENDADO NO ÉDEN DA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2018-11-17


EDUCAÇÃO SENTIMENTAL. A COLEÇÃO PINTO DA FONSECA
 

2018-10-09


PARTILHAMOS DA CRÍTICA À CENSURA, MAS PARTILHAMOS DA FALTA DE APOIO ÀS ARTES?
 

2018-09-06


O VIGÉSIMO ANIVERSÁRIO DA BIENAL DE BERLIM
 

2018-07-29


VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA
 

2018-06-24


O OLHO DO FOTÓGRAFO TAMBÉM SOFRE DE CONJUNTIVITE, (UMA CONVERSA EM TORNO DO PROJECTO SPECTRUM)
 

2018-05-22


SP-ARTE/2018 E A DIFÍCIL TAREFA DE ESCOLHER O QUE VER
 

2018-04-12


NO CORAÇÂO DESTA TERRA
 

2018-03-09


ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO
 

2018-02-08


SFMOMA SAN FRANCISCO MUSEUM OF MODERN ART: NARRATIVA DA CONTEMPORANEIDADE
 

2017-12-20


OS ARQUIVOS DA CARNE: TINO SEHGAL CONSTRUCTED SITUATIONS
 

2017-11-14


DA NATUREZA COLABORATIVA DA DANÇA E DO SEU ENSINO
 

2017-10-14


ARTE PARA TEMPOS INSTÁVEIS
 

2017-09-03


INSTAGRAM: CRIAÇÃO E O DISCURSO VIRTUAL – “TO BE, OR NOT TO BE” – O CASO DE CINDY SHERMAN
 

2017-07-26


CONDO: UM NOVO CONCEITO CONCORRENTE À TRADICIONAL FEIRA DE ARTE?
 

2017-06-30


"LEARNING FROM CAPITALISM"
 

2017-06-06


110.5 UM, 110.5 DOIS, 110.5 MILHÕES DE DÓLARES,… VENDIDO!
 

2017-05-18


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 2: "UMA HISTÓRIA DA VISÃO E DA CEGUEIRA"
 

2017-04-26


INVISUALIDADE DA PINTURA – PARTE 1: «O REAL É SEMPRE AQUILO QUE NÃO ESPERÁVAMOS»
 

2017-03-29


ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE FEIRA DE ARTE
 

2017-02-20


SOBRE AS TENDÊNCIAS DA ARTE ACTUAL EM ANGOLA: DA CRIAÇÃO AOS NOVOS CANAIS DE LEGITIMAÇÃO
 

2017-01-07


ARTLAND VERSUS DISNEYLAND
 

2016-12-15


VALORES DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA CONVERSA COM JOSÉ CARLOS PEREIRA SOBRE A PUBLICAÇÃO DE O VALOR DA ARTE
 

2016-11-05


O VAZIO APOCALÍPTICO
 

2016-09-30


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 2
 

2016-08-25


TELEPHONE WITHOUT A WIRE – PARTE 1
 

2016-06-24


COLECCIONADORES NA ARCO LISBOA
 

2016-05-17


SONNABEND EM PORTUGAL
 

2016-04-18


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (II)
 

2016-03-15


COLECCIONADORES AMADORES E PROFISSIONAIS COLECCIONADORES (I)
 

2016-02-11


FERNANDO AGUIAR: UM ARQUIVO POÉTICO
 

2016-01-06


JANEIRO 2016: SER COLECCIONADOR É…
 

2015-11-28


O FUTURO DOS MUSEUS VISTO DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
 

2015-10-28


O FUTURO SEGUNDO CANDJA CANDJA
 

2015-09-17


PORQUE É QUE OS BLOCKBUSTERS DE MODA SÃO MAIS POPULARES QUE AS EXPOSIÇÕES DE ARTE, E O QUE É QUE PODEMOS DIZER SOBRE ISSO?
 

2015-08-18


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 2
 

2015-07-29


OS DESAFIOS DO EFÉMERO: CONSERVAR A PERFORMANCE ART - PARTE 1
 

2015-06-06


O DESAFINADO RONDÒ ENWEZORIANO. “ALL THE WORLD´S FUTURES” - 56ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DE VENEZA
 

2015-05-13


A 56ª BIENAL DE VENEZA DE OKWUI ENWEZOR É SOMBRIA, TRISTE E FEIA
 

2015-04-08


A TUMULTUOSA FERTILIDADE DO HORIZONTE
 

2015-03-04


OS MUSEUS, A CRISE E COMO SAIR DELA
 

2015-02-09


GUIDO GUIDI: CARLO SCARPA. TÚMULO BRION
 

2015-01-13


IDEIAS CAPITAIS? OLHANDO EM FRENTE PARA A BIENAL DE VENEZA
 

2014-12-02


FUNDAÇÃO LOUIS VUITTON
 

2014-10-21


UM CONTEMPORÂNEO ENTRE-SERRAS
 

2014-09-22


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro - Parte II
 

2014-09-03


OS NOSSOS SONHOS NÃO CABEM NAS VOSSAS URNAS: Quando a arte entra pela vida adentro – Parte I
 

2014-07-16


ARTISTS' FILM BIENNIAL
 

2014-06-18


PARA UMA INGENUIDADE VOLUNTÁRIA: ERNESTO DE SOUSA E A ARTE POPULAR
 

2014-05-16


AI WEIWEI E A DESTRUIÇÃO DA ARTE
 

2014-04-17


QUAL É A UTILIDADE? MUSEUS ASSUMEM PRÁTICA SOCIAL
 

2014-03-13


A ECONOMIA DOS MUSEUS E DOS PARQUES TEMÁTICOS, NA AMÉRICA E NA “VELHA EUROPA”
 

2014-02-13


É LEGAL? ARTISTA FINALMENTE BATE FOTÓGRAFO
 

2014-01-06


CHOICES
 

2013-09-24


PAIXÃO, FICÇÃO E DINHEIRO SEGUNDO ALAIN BADIOU
 

2013-08-13


VENEZA OU A GEOPOLÍTICA DA ARTE
 

2013-07-10


O BOOM ATUAL DOS NEGÓCIOS DE ARTE NO BRASIL
 

2013-05-06


TRABALHAR EM ARTE
 

2013-03-11


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (III)
 

2013-02-12


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS: META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (II)
 

2013-01-07


A OBRA DE ARTE, O SISTEMA E OS SEUS DONOS. META-ANÁLISE EM TRÊS TEMPOS (I)
 

2012-11-12


ATENÇÃO: RISCO DE AMNÉSIA
 

2012-10-07


MANIFESTO PARA O DESIGN PORTUGUÊS
 

2012-06-12


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (II)


 

2012-05-16


MUSEUS, DESAFIOS E CRISE (I)
 

2012-02-06


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (III - conclusão)
 

2012-01-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (II)
 

2011-12-07


PARAR E PENSAR...NO MUNDO DA ARTE
 

2011-04-04


A OBRA DE ARTE NA ERA DA SUA REPRODUTIBILIDADE DIGITAL (I)
 

2010-10-29


O BURACO NEGRO
 

2010-04-13


MUSEUS PÚBLICOS, DOMÍNIO PRIVADO?
 

2010-03-11


MUSEUS – UMA ESTRATÉGIA, ENFIM
 

2009-11-11


UMA NOVA MINISTRA
 

2009-04-17


A SÍNDROME DOS COCHES
 

2009-02-17


O FOLHETIM DE VENEZA
 

2008-11-25


VANITAS
 

2008-09-15


GOSTO E OSTENTAÇÃO
 

2008-08-05


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO II – O DISCURSO NO PODER
 

2008-06-30


CRÍTICO EXCELENTÍSSIMO I
 

2008-05-21


ARTE DO ESTADO?
 

2008-04-17


A GULBENKIAN, “EM REMODELAÇÃO”
 

2008-03-24


O QUE FAZ CORRER SERRALVES?
 

2008-02-20


UM MINISTRO, ÓBICES E POSSIBILIDADES
 

2008-01-21


DEZ PONTOS SOBRE O MUSEU BERARDO
 

2007-12-17


O NEGÓCIO DO HERMITAGE
 

2007-11-15


ICONOLOGIA OFICIAL
 

2007-10-15


O CASO MNAA OU O SERVILISMO EXEMPLAR
 

VISÕES DE UMA ESPANHA EXPANDIDA

LUÍS LIMA

2018-07-29




 


Água do Atlântico num cubo translúcido a fazer as vezes de prisma – água simbólica do oceano que divide, ou une, a velha e a nova Espanha –; uma múmia indígena das Ilhas Canárias elevada num altar-projecção; a música de Schubert que ampara um sonho suicida; simulacros de oito cidades americanas chamadas Madrid, que desaparecem na tela como no tempo de Cronos: todos elementos de um projecto atópico, ou pós-utópico, forçosamente ruinoso enquanto tal, eis o que nos dá a ver esta Nueva España.

 

A exposição New Spain reúne obras de sete artistas espanhóis emergentes e está patente na Solar – Galeria de Arte Cinemática, ancorada no programa da 26ª edição do Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema. Este movimento conjunto de imagens conceptuais, visuais e sonoras, que assim se tornam hápticas para melhor se contaminarem, é uma proposta expositiva do curador galego José Manuel Lopez (colaborador do Museo de Arte Contemporáneo de Vigo e do Centro Galego de Arte Contemporánea, de Santiago) e de Nuno Rodrigues, co-director do festival Curtas de Vila do Conde.

Os artistas são: Carla Andrade, Inés García, Laida Lertxundi, Lois Patiño, Natalia Marín, Samuel M. Delgado e Helena Girón e apresentam instalações emparedadas em dois pisos, no espaço da galeria, aliando entre si a utilização plástica de diversos meios, como o filme, o vídeo e a fotografia, expandindo os limites entre o cinema e as artes plásticas, sublimando assim o movimento estético de uma multiplicidade conceptual. Do conjunto dos seis trabalhos apresentados, dois são inéditos: No Hay Tierra Más Allá, de Samuel M. Delgado e Helena Girón e El paisaje está vacío y el vacío es paisaje, de Carla Andrade. Os textos do catálogo dizem, a quem quiser lê-los, que se trata de «uma experiência estética. Para reflectir uma Nova Espanha expressa no olhar renovado deste grupo de artistas, quase todos nascidos na década de 1980 e a trabalhar fora do país de origem». Convite a pensar um paralelismo entre o desenraizamento identitário de uma nova geração de artistas-cineastas espanhóis e o próprio expansionismo frustrado de um império colonial com quase meio-século de história. Destaquemos antes o sublinhado lacónico ao título da exposição: «a alusão tragicómica do título à época dos descobrimentos espanhóis na América do Sul e respectivo falhanço do império, em articulação com a condição estrangeira do grupo de artistas», aliada ao «cruzamento dos territórios do dispositivo convencional do cinema e os do contexto de galeria». Teríamos assim uma desterritorialização tripla: a dos géneros (cinemático, expositivo, sonoro, etc...), dos artistas (da sua condição identitária como e-migrantes), e dos avanços e recuos das fronteiras dos Estados-Nação (que hoje fracassam, sobretudo, no caso espanhol, mais em termos de nação do que de Estado que, enquanto reino, perdura em solo europeu).

Os títulos das peças têm um pendor fortemente poético, tentemos traduzi-los: Nova Madrid; Não há Terra Mais Além; 025 Pôr-do-Sol Encarnado; A Paisagem está Vazia e o Vazio é Paisagem; Amanhecer para a Oração; Viagem de Inverno. Entrar na galeria Solar é, pois, encontrar a leitura incerta desta poética para uma interpretação pessoal das propostas. «A sonhada utopia espanhola [que] acabou por se transformar numa inevitável atopia (uma anomalia, algo de estranho e fora do lugar), pelo que também as suas imagens serão apátridas: imagens sem lugar de um lugar sem imagens» é uma leitura possível, a do curador José Manuel Lopes.

De um horizonte montanhês esmagado por um filtro encarnado que não se assume como pôr-do-sol a não ser como uma sua alusão literal, com um camião vermelho que imediatamente risca a paisagem, à enumeração inventariada de simulacros para cidades utópicas, passamos pelas salas da Solar em busca de uma Nueva España pós-colonial mas não a encontramos. Há muito da(s) América(s), dos utópicos Thoreau ou Fourrier, há heterotopias que nos dizem provir das vidas dos sete jovens artistas, cineastas que trabalham de modo expandido o cinema, mas que recusam ser expansionistas quanto à sua origem. Os artistas apresentam, pois, instalações que aliam diversos meios, como o filme, o vídeo e a fotografia, mas também a música e o som não forçosamente musicado – como os ruídos submarinos de No Hay Tierra Más Allá ou a voz, narrativa, inglesa, de New Madrid – tecendo uma tela conceptual para a projecção de imagens em movimento, ou antes, para a impressão do movimento das imagens que se torna háptico. Como, por exemplo, espreitar para dentro de uma caixa iluminada do interior para invadir fotografias apresentadas em jeito de álbum de família – uma família que acreditou, pode ler-se, na possibilidade concreta de realizar a utopia comunista em comícios – numa caixa, obviamente de tons avermelhados, uma mesma tonalidade para os vários objectos presentes: novamente a coloração intensa do filtro nas imagens iniciais de Sunset Red. Filme que inclui diálogos ocasionais de pessoas que habitam a paisagem mas também cenas íntimas de casa, onde uma mulher nua, alongada sobre o ventre no chão, a olhar para um monitor TV ao raso do solo, antecipa um beijo apaixonado no ecrã, também coberto de encarnado. Música americana, aleluias e harmónicas.

Paisagens: poderia ser esta uma outra liga estética, matéria-forma para a união das obras presentes. Paisagens de montanha, de mar e praia, de uma serrania sempre longínqua, de um monte nevado que rasa obliquamente uma tela vizinha onde, em clarões, se impõe uma floresta desfocada, assombrada pela presença-ausência de vozes ou até de rostos em grandes planos; mas estamos já de volta a outra sala. Também de vultos distantes que dão a escala às serranias e às praias, Ku Klux Klan encapuçados na serra, à beira-mar, brancos ou pretos em negativo, em exposição invertida, tal como as telas que por vezes são de simples papel, onde se imprime o movimento das imagens que podem ser vistas de ambos os lados da superfície, numa quebra do jogo especular, criando assim a possibilidade de acreditar nas duas faces do mundo como numa só, na dobra da superfície que é esta New Spain intercontinental e que renasce, continuamente, nem que para contar a história de uma utopia que, como todas, nunca se cumpre a não ser na sua tentativa. Por que motivo a topologia, como lógica dos espaços, aqui múltipla e feita heterotopia, nos assombra tanto quando nos são dadas afinal, a ver, tantas paisagens firmes?

Talvez por estarem em falta a casa, o lar, o lugar-urbe, a àgora cidadã onde a república se pensa. Pensemos numa república espanhola, numa monarquia-império, numa nova Hispânia transcontinental, e o que vemos? Simulacros de cidades que se erguem na força da catástrofe, como diz Natalia Marín ao definir o simulacro como «a ressurreição da catástrofe» que, «num acto de prevenção», dá corpo ao cataclismo.

Jovens artistas exilados ou, menos dramaticamente, (e)migrados, trabalham o movimento das imagens pensando e conceptualizando, com água, e cubos caleidoscópicos que reflectem a luz como se de um prisma goethiano mergulhado numa câmara obscura se tratasse, ao som de melodias country-music – na sala ao lado – e de fantasmas clássicos, na neve, na serra, ou perdidos nos traços digitais em stop motion de cidades nocturnas: heranças comuns do pôr-do-sol na montanha?

Será esta a Espanha Nova que é dada a ver na exposição? New Spain, Nueva España ou antes, uma Espanha expandida aos seus sonhos, fantasmas, medos e desejos, às paisagens do presente, às frustrações de impérios passados nunca consolidados, assombrados pelo medo de uma identidade nacional reiterada pela reificação de uma coroa que esta geração de artistas, precisamente em fuga identitária, procurou tornar anárquica na sua produção estética e política? Uma nova Espanha, uma Espanha expandida, mas, ainda assim, apaixonada pela utopia de um território identitário.

Atentemos, primeiro, à possível resposta do curador José Manuel Lopez: «uma Espanha imperial que tratava de inculcar a hispanidade e o catolicismo no resto do mundo» e que «tinha como lema Plus Ultra (“Mais Além”), duas palavras que ainda figuram na bandeira e no escudo dos espanhóis». Ontem e hoje, ainda. Expandir-se, empenhar-se mais além das suas fronteiras – é esse o sonho de qualquer império. «A sonhada utopia espanhola acabou por se transformar numa inevitável atopia (uma anomalia, algo de estranho e fora de lugar), pelo que também as suas imagens serão apátridas: imagens sem lugar de um lugar sem imagens».

Procuremos, depois, pelo lado dos artistas, nas palavras de Inés Garcia que fala na primeira pessoa do seu trabalho: «A minha prática artística incide no movimento, no tempo e na precariedade entre a realidade objetiva e a realidade poética. Interesso-me especialmente pela criação de tempos de trânsito que não se referem a um mundo externo, mas a uma representação mental que remova precisamente as fronteiras entre o real e o irreal para causar uma ambiguidade inquietante, um deslize entre o sono e o despertar».

Sem concluirmos, por fim, mergulhemos numa pura expansão dos limites que abole a rigidez das fronteiras... As visões de uma Espanha expandida estão Plus ultra - mais além destas palavras, sejam leituras dos próprios autores, do curador ou de quem sobre ela quiser dissertar: as suas fronteiras abrem-se no espaço expositivo da Galeria Solar, até dia 1 Setembro: nuestro hermanos y plus ultra.

 

 

Luís Lima
Doutorado em Filosofia – vertente Estética, pela FCSH/NOVA. Mestre em Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias da mesma universidade. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, com uma tese sobre as ligações entre a crítica e a arte. Colaborou enquanto jornalista com inúmeras publicações (Volta ao Mundo, National Geographic, Público, Arte Ibérica, etc.). Actualmente, é professor da Universidade Autónoma de Lisboa, Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa e Escola Superior de Design do Instituto Politécnico do Cávado e Ave. É tradutor free-lancer na área do pensamento estético contemporâneo e poesia e investigador colaborador no Instituto de Comunicação da Nova.

 

:::

 

New Spain
Solar, Galeria de Arte Cinemática
Solar de São Roque, Rua do Lidador, Vila do Conde

Patente até 1 de Setembro de 2018