Links

OPINIÃO


Vista da exposição XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Vista da exposição XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Alexandre Vogler, "1974 / Vela", 2024 (óleo sobre madeira), e "Pedra da Gávea 1974 - Primeiro voo asa delta", 2024 (vídeo). XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Alexandre Vogler, "1974 / Monumento", 2024. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Luís Ribeiro, “Arder por dentro”, 2023. Carvão sintético e pastel seco sobre papel. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


S4ra, “bot3quim”, 2023, vídeo. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Andrew Binkley, “Stone Cloud”, 2017. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Vista da exposição XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Tito Senna, “T1 30m2”, 2024. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Mariana Duarte Santos, "Last chance", 2022. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


António Barros, "Não cega", 2024. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Nicoleta Sandulescu, “Entre objetos” e “Corpo cansado”, 2023. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Natália Loyola “F(r)icção de grito”, 2024. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Natália Loyola “F(r)icção de grito”, 2024 (detalhe). XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Xiang Xinying, "Use mind to touch 1", 2023. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Ana Mantezi, "Mais que rio adentro", 2022. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Susanne Thurn, alemã, “In between”, 2024. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Exposição “Isabel Meyrelles - Ser Livre”. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Exposição “Isabel Meyrelles - Ser Livre”. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Exposição “Isabel Meyrelles - Ser Livre”. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Exposição “Isabel Meyrelles - Ser Livre”. XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório


Mural de José Rodrigues. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Vista da exposição XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Ana Silva, “Água”, 2020. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Vista da exposição XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Manuel Santos Maia, “alheava - outras paisagens afastadas”, 2024. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Søren Dahlgaard, “The inflatable island”, 2013. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Søren Dahlgaard, “The inflatable island”, 2013. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Luís Palma, “O milhafre”, 2024. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Fabrizio Matos “Don’t get me wrong I’m only dancing”, 2024. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório


Vista da exposição XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório

Outros artigos:

CATARINA REAL

2024-10-22
JULIEN CREUZET NO PAVILHÃO DE FRANÇA

MADALENA FOLGADO

2024-08-17
RÉMIGES CANSADAS OU A CORDA-CORDIS

CATARINA REAL

2024-07-17
PAVILHÃO DO ZIMBABUÉ NA BIENAL DE VENEZA

FREDERICO VICENTE

2024-05-28
MARINA TABASSUM: MODOS E MEIOS PARA UMA PRÁTICA CONSEQUENTE

PEDRO CABRAL SANTO

2024-04-20
NO TIME TO DIE

MARC LENOT

2024-03-17
WE TEACH LIFE, SIR.

LIZ VAHIA

2024-01-23
À ESPERA DE SER ALGUMA COISA

CONSTANÇA BABO

2023-12-20
ENTRE ÓTICA E MOVIMENTO, A PARTIR DA COLEÇÃO DA TATE MODERN, NO ATKINSON MUSEUM

INÊS FERREIRA-NORMAN

2023-11-13
DO FASCÍNIO DO TEMPO: A MORTE VIVA DO SOLO E DAS ÁRVORES, O CICLO DA LINGUAGEM E DO SILÊNCIO

SANDRA SILVA

2023-10-09
PENSAR O SILÊNCIO: JULIA DUPONT E WANDERSON ALVES

MARC LENOT

2023-09-07
EXISTE UM SURREALISMO FEMININO?

LIZ VAHIA

2023-08-04
DO OURO AOS DEUSES, DA MATÉRIA À ARTE

ELISA MELONI

2023-07-04
AQUELA LUZ QUE VEM DA HOLANDA

CATARINA REAL

2023-05-31
ANGUESÂNGUE, DE DANIEL LIMA

MIRIAN TAVARES

2023-04-25
TERRITÓRIOS INVISÍVEIS – EXPOSIÇÃO DE MANUEL BAPTISTA

MADALENA FOLGADO

2023-03-24
AS ALTER-NATIVAS DO BAIRRO DO GONÇALO M. TAVARES

RUI MOURÃO

2023-02-20
“TRANSFAKE”? IDENTIDADE E ALTERIDADE NA BUSCA DE VERDADES NA ARTE

DASHA BIRUKOVA

2023-01-20
A NARRATIVA VELADA DAS SENSAÇÕES: ‘A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU’ DE JOÃO PEDRO RODRIGUES E JOÃO RUI GUERRA DA MATA

JOANA CONSIGLIERI

2022-12-18
RUI CHAFES, DESABRIGO

MARC LENOT

2022-11-17
MUNCH EM DIÁLOGO

CATARINA REAL

2022-10-08
APONTAMENTOS A PARTIR DE, SOB E SOBRE O DUELO DE INÊS VIEGAS OLIVEIRA

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-08-29
DESLOCAMENTOS DA REPRODUTIBILIDADE NA ARTE: AINDA DUCHAMP

FILIPA ALMEIDA

2022-07-29
A VIDA É DEMASIADO PRECIOSA PARA SER ESBANJADA NUM MUNDO DESENCANTADO

JOSÉ DE NORDENFLYCHT CONCHA

2022-06-30
CECILIA VICUÑA. SEIS NOTAS PARA UM BLOG

LUIZ CAMILLO OSORIO

2022-05-29
MARCEL DUCHAMP CURADOR E O MAM-SP

MARC LENOT

2022-04-29
TAKING OFF. HENRY MY NEIGHBOR (MARIKEN WESSELS)

TITOS PELEMBE

2022-03-29
(DES) COLONIZAR A ARTE DA PERFORMANCE

MADALENA FOLGADO

2022-02-25
'O QUE CALQUEI?' SOBRE A EXPOSIÇÃO UM MÊS ACORDADO DE ALEXANDRE ESTRELA

CATARINA REAL

2022-01-23
O PINTOR E O PINTAR / A PINTURA E ...

MIGUEL PINTO

2021-12-26
CORVOS E GIRASSÓIS: UM OLHAR PARA CEIJA STOJKA

POLLYANA QUINTELLA

2021-11-25
UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO CHILENA NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO

JOANA CONSIGLIERI

2021-10-29
MULHERES NA ARTE – NUM ATELIÊ QUE SEJA SÓ MEU

LIZ VAHIA

2021-09-30
A FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA: O COMPLEXO COLOSSO

PEDRO PORTUGAL

2021-08-17
PORQUE É QUE A ARTE PORTUGUESA FICOU TÃO PEQUENINA?

MARC LENOT

2021-07-08
VIAGENS COM UM FOTÓGRAFO (ALBERS, MULAS, BASILICO)

VICTOR PINTO DA FONSECA

2021-05-29
ZEUS E O MINISTÉRIO DA CULTURA

RODRIGO FONSECA

2021-04-26
UMA REFLEXÃO SOBRE IMPROVISAÇÃO TOMANDO COMO EXEMPLO A GRAND UNION

CAIO EDUARDO GABRIEL

2021-03-06
DESTERRAMENTOS E SEUS FLUXOS NA OBRA DE FELIPE BARBOSA

JOÃO MATEUS

2021-02-04
INSUFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA. EM CONVERSA COM VÍTOR SILVA E DIANA GEIROTO.

FILOMENA SERRA

2020-12-31
SEED/SEMENTE DE ISABEL GARCIA

VICTOR PINTO DA FONSECA

2020-11-19
O SENTIMENTO É TUDO

PEDRO PORTUGAL

2020-10-17
OS ARTISTAS TAMBÉM MORREM

CATARINA REAL

2020-09-13
CAVAQUEAR SOBRE UM INQUÉRITO - SARA&ANDRÉ ‘INQUÉRITO A 471 ARTISTAS’ NA CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2020-08-07
MUSEUS, PATRIMÓNIO CULTURAL E “VISÃO ESTRATÉGICA”

PAULA PINTO

2020-07-19
BÁRBARA FONTE: NESTE CORPO NÃO HÁ POESIA

JULIA FLAMINGO

2020-06-22
O PROJETO INTERNACIONAL 4CS E COMO A ARTE PODE, MAIS DO QUE NUNCA, CRIAR NOVOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

LUÍS RAPOSO

2020-06-01
OS EQUÍVOCOS DA MUSEOLOGIA E DA PATRIMONIOLOGIA

DONNY CORREIA

2020-05-19
ARTE E CINEMA EM WALTER HUGO KHOURI

CONSTANÇA BABO

2020-05-01
GALERISTAS EM EMERGÊNCIA - ENTREVISTA A JOÃO AZINHEIRO

PEDRO PORTUGAL

2020-04-07
SEXO, MENTIRAS E HISTÓRIA

VERA MATIAS

2020-03-05
CARLOS BUNGA: SOMETHING NECESSARY AND USEFUL

INÊS FERREIRA-NORMAN

2020-01-30
PORTUGAL PROGRESSIVO: ME TOO OU MEET WHO?

DONNY CORREIA

2019-12-27
RAFAEL FRANÇA: PANORAMA DE UMA VIDA-ARTE

NUNO LOURENÇO

2019-11-06
O CENTRO INTERPRETATIVO DO MUNDO RURAL E AS NATUREZAS-MORTAS DE SÉRGIO BRAZ D´ALMEIDA

INÊS FERREIRA-NORMAN

2019-10-05
PROBLEMAS NA ERA DA SMARTIFICAÇÃO: O ARQUIVO E A VIDA ARTÍSTICA E CULTURAL REGIONAL

CARLA CARBONE

2019-08-20
FERNANDO LEMOS DESIGNER

DONNY CORREIA

2019-07-18
ANA AMORIM: MAPAS MENTAIS DE UMA VIDA-OBRA

CARLA CARBONE

2019-06-02
JOÃO ONOFRE - ONCE IN A LIFETIME [REPEAT]

LAURA CASTRO

2019-04-16
FORA DA CIDADE. ARTE E ARQUITECTURA E LUGAR

ISABEL COSTA

2019-03-09
CURADORIA DA MEMÓRIA: HANS ULRICH OBRIST INTERVIEW PROJECT

BEATRIZ COELHO

2018-12-22
JOSEP MAYNOU - ENTREVISTA

CONSTANÇA BABO

2018-11-17
CHRISTIAN BOLTANSKI NO FÓRUM DO FUTURO

KATY STEWART

2018-10-16
ENTRE A MEMÓRIA E O SEU APAGAMENTO: O GRANDE KILAPY DE ZÉZÉ GAMBOA E O LEGADO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

HELENA OSÓRIO

2018-09-13
JORGE LIMA BARRETO: CRIADOR DO CONCEITO DE MÚSICA MINIMALISTA REPETITIVA

CONSTANÇA BABO

2018-07-29
VER AS VOZES DOS ARTISTAS NO METRO DO PORTO, COM CURADORIA DE MIGUEL VON HAFE PÉREZ

JOANA CONSIGLIERI

2018-06-14
EXPANSÃO DA ARTE POR LISBOA, DUAS VISÕES DE FEIRAS DE ARTE: ARCOLISBOA E JUSTLX - FEIRAS INTERNACIONAIS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

RUI MATOSO

2018-05-12
E AGORA, O QUE FAZEMOS COM ISTO?

HELENA OSÓRIO

2018-03-30
PARTE II - A FAMOSA RAINHA NZINGA (OU NJINGA) – TÃO AMADA, QUANTO TEMIDA E ODIADA, EM ÁFRICA E NO MUNDO

HELENA OSÓRIO

2018-02-28
PARTE I - A RAINHA NZINGA E O TRAJE NA PERSPECTIVA DE GRACINDA CANDEIAS: 21 OBRAS DOADAS AO CONSULADO-GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NO PORTO. POLÉMICAS DO SÉCULO XVII À ATUALIDADE

MARIA VLACHOU

2018-01-25
CAN WE LISTEN? (PODEMOS OUVIR?)

FERNANDA BELIZÁRIO E RITA ALCAIRE

2017-12-23
O QUE HÁ DE QUEER EM QUEERMUSEU?

ALEXANDRA JOÃO MARTINS

2017-11-11
O QUE PODE O CINEMA?

LUÍS RAPOSO

2017-10-08
A CASA DA HISTÓRIA EUROPEIA: AFINAL A MONTANHA NÃO PARIU UM RATO, MAS QUASE

MARC LENOT

2017-09-03
CORPOS RECOMPOSTOS

MARC LENOT

2017-07-29
QUER PASSAR A NOITE NO MUSEU?

LUÍS RAPOSO

2017-06-30
PATRIMÓNIO CULTURAL E MUSEUS: O QUE ESTÁ POR DETRÁS DOS “CASOS”

MARZIA BRUNO

2017-05-31
UM LAMPEJO DE LIBERDADE

SERGIO PARREIRA

2017-04-26
ENTREVISTA COM AMANDA COULSON, DIRETORA ARTÍSTICA DA VOLTA FEIRA DE ARTE

LUÍS RAPOSO

2017-03-30
A TRAGICOMÉDIA DA DESCENTRALIZAÇÃO, OU DE COMO SE ARRISCA ESTRAGAR UMA BOA IDEIA

SÉRGIO PARREIRA

2017-03-03
ARTE POLÍTICA E DE PROTESTO | THE TRUMP EFFECT

LUÍS RAPOSO

2017-01-31
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL - PARTE 2: O CURTO PRAZO

LUÍS RAPOSO

2017-01-13
ESTATÍSTICAS, MUSEUS E SOCIEDADE EM PORTUGAL – PARTE 1: O LONGO PRAZO

SERGIO PARREIRA

2016-12-13
A “ENTREGA” DA OBRA DE ARTE

ANA CRISTINA LEITE

2016-11-08
A MINHA VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO...OU COISAS DO CORAÇÃO

NATÁLIA VILARINHO

2016-10-03
ATLAS DE GALANTE E BORRALHO EM LOULÉ

MARIA LIND

2016-08-31
NAZGOL ANSARINIA – OS CONTRASTES E AS CONTRADIÇÕES DA VIDA NA TEERÃO CONTEMPORÂNEA

LUÍS RAPOSO

2016-06-23
“RESPONSABILIDADE SOCIAL”, INVESTIMENTO EM ARTE E MUSEUS: OS PONTOS NOS IS

TERESA DUARTE MARTINHO

2016-05-12
ARTE, AMOR E CRISE NA LONDRES VITORIANA. O LIVRO ADOECER, DE HÉLIA CORREIA

LUÍS RAPOSO

2016-04-12
AINDA OS PREÇOS DE ENTRADA EM MUSEUS E MONUMENTOS DE SINTRA E BELÉM-AJUDA: OS DADOS E UMA PROPOSTA PARA O FUTURO

DÁRIA SALGADO

2016-03-18
A PAISAGEM COMO SUPORTE DE REPRESENTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA NA OBRA DE ANDREI TARKOVSKY

VICTOR PINTO DA FONSECA

2016-02-16
CORAÇÃO REVELADOR

MIRIAN TAVARES

2016-01-06
ABSOLUTELY

CONSTANÇA BABO

2015-11-28
A PROCURA DE FELICIDADE DE WOLFGANG TILLMANS

INÊS VALLE

2015-10-31
A VERDADEIRA MUDANÇA ACABA DE COMEÇAR | UMA ENTREVISTA COM O GALERISTA ZIMBABUEANO JIMMY SARUCHERA PELA CURADORA INDEPENDENTE INÊS VALLE

MARIBEL MENDES SOBREIRA

2015-09-17
PARA UMA CONCEPÇÃO DA ARTE SEGUNDO MARKUS GABRIEL

RENATO RODRIGUES DA SILVA

2015-07-22
O CONCRETISMO E O NEOCONCRETISMO NO BRASIL: ELEMENTOS PARA REFLEXÃO CRÍTICA

LUÍS RAPOSO

2015-07-02
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 2: O PRESENTE/FUTURO

LUÍS RAPOSO

2015-06-17
PATRIMÓNIO CULTURAL E OS MUSEUS: VISÃO ESTRATÉGICA | PARTE 1: O PASSADO/PRESENTE

ALBERTO MORENO

2015-05-13
OS CORVOS OLHAM-NOS

Ana Cristina Alves

2015-04-12
PSICOLOGIA DA ARTE – ENTREVISTA A ANTÓNIO MANUEL DUARTE

J.J. Charlesworth

2015-03-12
COMO NÃO FAZER ARTE PÚBLICA

JOSÉ RAPOSO

2015-02-02
FILMES DE ARTISTA: O ESPECTRO DA NARRATIVA ENTRE O CINEMA E A GALERIA.

MARIA LIND

2015-01-05
UM PARQUE DE DIVERSÕES EM PARIS RELEMBRA UM CONTO DE FADAS CLÁSSICO

Martim Enes Dias

2014-12-05
O PRINCÍPIO DO FUNDAMENTO: A BIENAL DE VENEZA EM 2014

MARIA LIND

2014-11-11
O TRIUNFO DOS NERDS

Jonathan T.D. Neil

2014-10-07
A ARTE É BOA OU APENAS VALIOSA?

José Raposo

2014-09-08
RUMORES DE UMA REVOLUÇÃO: O CÓDIGO ENQUANTO MEIO.

Mike Watson

2014-08-04
Em louvor da beleza

Ana Catarino

2014-06-28
Project Herácles, quando arte e política se encontram no Parlamento Europeu

Luís Raposo

2014-05-27
Ingressos em museus e monumentos: desvario e miopia

Filipa Coimbra

2014-05-06
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 2

Filipa Coimbra

2014-04-15
Tanto Mar - Arquitectura em DERIVAção | Parte 1

Rita Xavier Monteiro

2014-02-25
O AGORA QUE É LÁ

Aimee Lin

2014-01-15
ZENG FANZHI

FILIPE PINTO

2013-12-20
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 4 de 4)

FILIPE PINTO

2013-11-28
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 3 de 4)

FILIPE PINTO

2013-10-25
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 2 de 4)

FILIPE PINTO

2013-09-16
PERSPECTIVA E EXTRUSÃO. Uma História da Arte (parte 1 de 4)

JULIANA MORAES

2013-08-12
O LUGAR DA ARTE: O “CASTELO”, O LABIRINTO E A SOLEIRA

JUAN CANELA

2013-07-11
PERFORMING VENICE

JOSÉ GOMES PINTO (ECATI/ULHT)

2013-05-05
ARTE E INTERACTIVIDADE

PEDRO CABRAL SANTO

2013-04-11
A IMAGEM EM MOVIMENTO NO CONTEXTO ESPECÍFICO DAS ARTES PLÁSTICAS EM PORTUGAL

MARCELO FELIX

2013-01-08
O ESPAÇO E A ORLA. 50 ANOS DE ‘OS VERDES ANOS’

NUNO MATOS DUARTE

2012-12-11
SOBRE A PERTINÊNCIA DAS PRÁTICAS CONCEPTUAIS NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

FILIPE PINTO

2012-11-05
ASSEMBLAGE TROCKEL

MIGUEL RODRIGUES

2012-10-07
BIRD

JOSÉ BÁRTOLO

2012-09-21
CHEGOU A HORA DOS DESIGNERS

PEDRO PORTUGAL

2012-09-07
PORQUE É QUE OS ARTISTAS DIZEM MAL UNS DOS OUTROS + L’AFFAIRE VASCONCELOS

PEDRO PORTUGAL

2012-08-06
NO PRINCÍPIO ERA A VERBA

ANA SENA

2012-07-09
AS ARTES E A CRISE ECONÓMICA

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-06-12
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (II)

MARIA BEATRIZ MARQUILHAS

2012-05-21
O DECLÍNIO DA ARTE: MORTE E TRANSFIGURAÇÃO (I)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2012-03-19
A JANELA DAS POSSIBILIDADES. EM TORNO DA SÉRIE TELEVISION PORTRAITS (1986–) DE PAUL GRAHAM.

FILIPE PINTO

2012-01-16
A AUTORIDADE DO AUTOR - A PARTIR DO TRABALHO DE DORIS SALCEDO (SOBRE VAZIO, SILÊNCIO, MUDEZ)

JOSÉ CARLOS DUARTE

2011-12-07
LOUISE LAWLER. QUALQUER COISA ACERCA DO MUNDO DA ARTE, MAS NÃO RECORDO EXACTAMENTE O QUÊ.

ANANDA CARVALHO

2011-10-12
RE-CONFIGURAÇÕES NO SISTEMA DA ARTE CONTEMPORÂNEA - RELATO DA CONFERÊNCIA DE ROSALIND KRAUSS NO III SIMPÓSIO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PAÇO DAS ARTES

MARIANA PESTANA

2011-09-23
ARQUITECTURA COMISSÁRIA: TODOS A BORDO # THE AUCTION ROOM

FILIPE PINTO

2011-07-27
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (2.ª parte)

FILIPE PINTO

2011-07-08
PARA QUE SERVE A ARTE? (sobre espaço, desadequação e acesso) (1ª parte)

ROSANA SANCIN

2011-06-14
54ª BIENAL DE VENEZA: ILLUMInations

SOFIA NUNES

2011-05-17
GEDI SIBONY

SOFIA NUNES

2011-04-18
A AUTONOMIA IMPRÓPRIA DA ARTE EM JACQUES RANCIÈRE

PATRÍCIA REIS

2011-03-09
IMAGE IN SCIENCE AND ART

BÁRBARA VALENTINA

2011-02-01
WALTER BENJAMIN. O LUGAR POLÍTICO DA ARTE

UM LIVRO DE NELSON BRISSAC

2011-01-12
PAISAGENS CRÍTICAS

FILIPE PINTO

2010-11-25
TRINTA NOTAS PARA UMA APROXIMAÇÃO A JACQUES RANCIÈRE

PAULA JANUÁRIO

2010-11-08
NÃO SÓ ALGUNS SÃO CHAMADOS MAS TODA A GENTE

SHAHEEN MERALI

2010-10-13
O INFINITO PROBLEMA DO GOSTO

PEDRO PORTUGAL

2010-09-22
ARTE PÚBLICA: UM VÍCIO PRIVADO

FILIPE PINTO

2010-06-09
A PROPÓSITO DE LA CIENAGA DE LUCRECIA MARTEL (Sobre Tempo, Solidão e Cinema)

TERESA CASTRO

2010-04-30
MARK LEWIS E A MORTE DO CINEMA

FILIPE PINTO

2010-03-08
PARA UMA CRÍTICA DA INTERRUPÇÃO

SUSANA MOUZINHO

2010-02-15
DAVID CLAERBOUT. PERSISTÊNCIA DO TEMPO

SOFIA NUNES

2010-01-13
O CASO DE JOS DE GRUYTER E HARALD THYS

ISABEL NOGUEIRA

2009-10-26
ANOS 70 – ATRAVESSAR FRONTEIRAS

LUÍSA SANTOS

2009-09-21
OS PRÉMIOS E A ASSINATURA INDEX:

CAROLINA RITO

2009-08-22
A NATUREZA DO CONTEXTO

LÍGIA AFONSO

2009-08-03
DE QUEM FALAMOS QUANDO FALAMOS DE VENEZA?

LUÍSA SANTOS

2009-07-10
A PROPÓSITO DO OBJECTO FOTOGRÁFICO

LUÍSA SANTOS

2009-06-24
O LIVRO COMO MEIO

EMANUEL CAMEIRA

2009-05-31
LA SPÉCIALISATION DE LA SENSIBILITÉ À L’ ÉTAT DE MATIÈRE PREMIÈRE EN SENSIBILITÉ PICTURALE STABILISÉE

ROSANA SANCIN

2009-05-23
RE.ACT FEMINISM_Liubliana

IVO MESQUITA E ANA PAULA COHEN

2009-05-03
RELATÓRIO DA CURADORIA DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

EMANUEL CAMEIRA

2009-04-15
DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE TEHCHING HSIEH? *

MARTA MESTRE

2009-03-24
ARTE CONTEMPORÂNEA NOS CAMARÕES

MARTA TRAQUINO

2009-03-04
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA III_A ARTE COMO UM ESTADO DE ENCONTRO

PEDRO DOS REIS

2009-02-18
O “ANO DO BOI” – PREVISÕES E REFLEXÕES NO CONTEXTO ARTÍSTICO

MARTA TRAQUINO

2009-02-02
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA II_DO ESPAÇO AO LUGAR: FLUXUS

PEDRO PORTUGAL

2009-01-08
PORQUÊ CONSTRUIR NOVAS ESCOLAS DE ARTE?

MARTA TRAQUINO

2008-12-18
DA CONSTRUÇÃO DO LUGAR PELA ARTE CONTEMPORÂNEA I

SANDRA LOURENÇO

2008-12-02
HONG KONG A DÉJÀ DISPARU?

PEDRO DOS REIS

2008-10-31
ARTE POLÍTICA E TELEPRESENÇA

PEDRO DOS REIS

2008-10-15
A ARTE NA ERA DA TECNOLOGIA MÓVEL

SUSANA POMBA

2008-09-30
SOMOS TODOS RAVERS

COLECTIVO

2008-09-01
O NADA COMO TEMA PARA REFLEXÃO

PEDRO PORTUGAL

2008-08-04
BI DA CULTURA. Ou, que farei com esta cultura?

PAULO REIS

2008-07-16
V BIENAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE | PARTILHAR TERRITÓRIOS

PEDRO DOS REIS

2008-06-18
LISBOA – CULTURE FOR LIFE

PEDRO PORTUGAL

2008-05-16
SOBRE A ARTICIDADE (ou os artistas dentro da cidade)

JOSÉ MANUEL BÁRTOLO

2008-05-05
O QUE PODEM AS IDEIAS? REFLEXÕES SOBRE OS PERSONAL VIEWS

PAULA TAVARES

2008-04-22
BREVE CARTOGRAFIA DAS CORRENTES DESCONSTRUTIVISTAS FEMINISTAS

PEDRO DOS REIS

2008-04-04
IOWA: UMA SELECÇÃO IMPROVÁVEL, NUM LUGAR INVULGAR

CATARINA ROSENDO

2008-03-31
ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008): O PINTOR QUE ABRIU AO TEXTO

JOANA LUCAS

2008-02-18
RUY DUARTE DE CARVALHO: pela miscigenação das artes

DANIELA LABRA

2008-01-16
O MEIO DA ARTE NO BRASIL: um Lugar Nenhum em Algum Lugar

LÍGIA AFONSO

2007-12-24
SÃO PAULO JÁ ESTÁ A ARDER?

JOSÉ LUIS BREA

2007-12-05
A TAREFA DA CRÍTICA (EM SETE TESES)

SÍLVIA GUERRA

2007-11-11
ARTE IBÉRICA OU O SÍNDROME DO COLECCIONADOR LOCAL

SANDRA VIEIRA JURGENS

2007-11-01
10ª BIENAL DE ISTAMBUL

TERESA CASTRO

2007-10-16
PARA ALÉM DE PARIS

MARCELO FELIX

2007-09-20
TRANSNATURAL. Da Vida dos Impérios, da Vida das Imagens

LÍGIA AFONSO

2007-09-04
skulptur projekte münster 07

JOSÉ BÁRTOLO

2007-08-20
100 POSTERS PARA UM SÉCULO

SOFIA PONTE

2007-08-02
SOBRE UM ESTADO DE TRANSIÇÃO

INÊS MOREIRA

2007-07-02
GATHERING: REECONTRAR MODOS DE ENCONTRO

FILIPA RAMOS

2007-06-14
A Arte, a Guerra e a Subjectividade – um passeio pelos Giardini e Arsenal na 52ª BIENAL DE VENEZA

SÍLVIA GUERRA

2007-06-01
MAC/VAL: Zones de Productivités Concertées. # 3 Entreprises singulières

NUNO CRESPO

2007-05-02
SEXO, SANGUE E MORTE

HELENA BARRANHA

2007-04-17
O edifício como “BLOCKBUSTER”. O protagonismo da arquitectura nos museus de arte contemporânea

RUI PEDRO FONSECA

2007-04-03
A ARTE NO MERCADO – SEUS DISCURSOS COMO UTOPIA

ALBERTO GUERREIRO

2007-03-16
Gestão de Museus em Portugal [2]

ANTÓNIO PRETO

2007-02-28
ENTRE O SPLEEN MODERNO E A CRISE DA MODERNIDADE

ALBERTO GUERREIRO

2007-02-15
Gestão de Museus em Portugal [1]

JOSÉ BÁRTOLO

2007-01-29
CULTURA DIGITAL E CRIAÇÃO ARTÍSTICA

MARCELO FELIX

2007-01-16
O TEMPO DE UM ÍCONE CINEMATOGRÁFICO

PEDRO PORTUGAL

2007-01-03
Artória - ARS LONGA VITA BREVIS

ANTÓNIO PRETO

2006-12-15
CORRESPONDÊNCIAS: Aproximações contemporâneas a uma “iconologia do intervalo”

ROGER MEINTJES

2006-11-16
MANUTENÇÃO DE MEMÓRIA: Alguns pensamentos sobre Memória Pública – Berlim, Lajedos e Lisboa.

LUÍSA ESPECIAL

2006-11-03
PARA UMA GEOSOFIA DAS EXPOSIÇÕES GLOBAIS. Contra o safari cultural

ANTÓNIO PRETO

2006-10-18
AS IMAGENS DO QUOTIDIANO OU DE COMO O REALISMO É UMA FRAUDE

JOSÉ BÁRTOLO

2006-10-01
O ESTADO DO DESIGN. Reflexões sobre teoria do design em Portugal

JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO

2006-09-18
IMAGENS DA FOTOGRAFIA

INÊS MOREIRA

2006-09-04
ELLIPSE FOUNDATION - NOTAS SOBRE O ART CENTRE

MARCELO FELIX

2006-08-17
BAS JAN ADER, TRINTA ANOS SOBRE O ÚLTIMO TRAJECTO

JORGE DIAS

2006-08-01
UM PERCURSO POR SEGUIR

SÍLVIA GUERRA

2006-07-14
A MOLDURA DO CINEASTA

AIDA CASTRO

2006-06-30
BIO-MUSEU: UMA CONDIÇÃO, NO MÍNIMO, TRIPLOMÓRFICA

COLECTIVO*

2006-06-14
NEM TUDO SÃO ROSEIRAS

LÍGIA AFONSO

2006-05-17
VICTOR PALLA (1922 - 2006)

JOÃO SILVÉRIO

2006-04-12
VIENA, 22 a 26 de Março de 2006


XXIII BIAC: OS ARTISTAS PREMIADOS, AS OBRAS MAIS POLÉMICAS E OUTRAS REVELAÇÕES



HELENA OSÓRIO

2024-09-20




 



A história da Bienal Internacional de Arte de Cerveira (BIAC) remete para edições que se podem considerar talvez mais contestatárias, como a primeira em agosto de 1978, no pós 25 de abril em que os artistas (134 portugueses) afirmaram uma voz viva nos caminhos da sociedade e da política, revolucionando mentalidades desde este canto recôndito do Portugal regional, interligado a Espanha pela ponte sobre o Minho – mais especificamente à Galiza. Talvez por isso se possam pensar mais ricas e/ou avultadamente enriquecedoras essas edições de estreia que ‘pasmavam’ os locais ligados à ruralidade, onde os artistas se envolviam até fisicamente com performance e body art, passando dos suportes plásticos ao próprio corpo e vice-versa.

Neste âmbito, recordamos o performer madeirense Silvestre Pestana, também convidado nesta XXIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira (XXIII BIAC), que alia as artes visuais à poesia como modo de resistir à censura, desde os anos 1960-67. Também a pintora luso-angolana Gracinda Candeias realiza na I BIAC uma performance de estreia envolvendo o próprio corpo, juntamente com o bailarino e músico francês Michel. Para citar alguns envolvidos nas manifestações artísticas em espaços adaptados mas em especial na via pública, cuja afluência e práticas dispersas pela vila minhota mudaram definitivamente o seu rumo assinalando-a no mapa internacional da Arte e dos artistas levando tantos a aí se radicarem.

Não é que tenha mudado o papel dos novos artistas (este ano, 120 de 20 países), seguindo no fundo semelhantes constatações e reivindicações, que alertam para um mundo quiçá até tornado bem pior. Os políticos e as suas políticas cada vez mais oportunistas dominam um planeta cuja sobrevivência está seriamente comprometida. O tema “És livre?” sugere-o, e não apenas por remeter ao passado adotando o modelo de 1978, agora sob a direção artística partilhada entre a curadora e investigadora doutorada Helena Mendes Pereira e a pintora Mafalda Santos que dirige a Associação Projecto.

“Já em 2024, o terceiro ciclo da programação da FBAC para o biénio 2023/2024 foi dedicado ao Brasil, país convidado desta XXIII BIAC. A instituição do país convidado foi um dos motes da revolução a que nos propusemos e, já em 2022, tínhamos dedicado agenda ao Japão”, explica Helena Mendes Pereira no catálogo oficial, fazendo referência ao convite da Art Macao - Bienal Internacional de Arte de Macau 2023 para a qual prepararam a exposição “A metafísica da sorte e a ciência do azar”, agora patente no Convento San Payo com 27 obras da coleção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC).

“Ao longo de quase 50 anos de história e desde o primeiro dia, que as BIAC foram responsáveis por transformar o espaço público local num verdadeiro museu ao ar livre e num espaço de expansão intramuros e, acima de tudo, reflexo de como esta bienal transformou este território.”

O Concurso Internacional resulta sempre em prémios de aquisição, num valor pré-estipulado, partindo de um júri de seleção e de um júri de premiação. As várias obras selecionadas espalham-se pelo espaço do Fórum. Em 2024, foram oito os agraciados. O Prémio Revelação Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ) foi para o díptico da artista moldava radicada em Lisboa, Nicoleta Sandulescu, “Entre objetos” e “Corpo cansado”, 2023, carvão, tinta da china e acrílico sobre papel. “A objetivação da figura feminina (...) vista, apenas como uma dona de casa, ‘engolida’ pelos objetos domésticos diariamente, como simples objeto (...)”, informa o catálogo oficial que se pode adquirir em qualquer dos espaços expositivos.

O Prémio Aquisição Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira (CMVNC) contemplou as restantes sete obras e artistas: Ana Mantezi do Brasil, “Mais que rio adentro”, 2022, fotografia digital com impressão em papel, moldura preta e lambe lambe; Bärbel Praun e Flaminia Celata, da Alemanha e Itália respetivamente, “Landscape Archive”, 2023, instalação de som e vídeo de dois canais; Luís Ribeiro, português, “Arder por dentro”, 2023, carvão sintético e pastel seco sobre papel; Natalia Loyola, Brasil, “F(r)icção de grito”, 2024, impressora térmica, papel térmico, componentes eletrónicos, caixa de metal, fios de aço, metal e pedra; Susanne Thurn, alemã, “In between”, 2024, tinta sobre tecido de algodão, fios parcialmente soltos; S4ra, Portugal, “bot3quim”, 2023, vídeo; Tito Senna, Brasil, “T1 30m2”, 2024, marcador com tinta permanente sobre azulejo.

Estes prémios de aquisição da CMVNC são posteriormente integrados na coleção da FBAC, sendo revelados na semana anterior à inauguração.

 

Em visita guiada

O museólogo João Duarte, formado em História da Arte, levou-nos em visita guiada opinando sobre as obras levadas a concurso, patentes desde 20 de julho no Fórum Cultural de Cerveira, entre outras de convidados que fazem a ponte para as restantes expostas na Galeria Bienal de Cerveira (antigo edifício dos Bombeiros). É assim possível visitar as exposições do Fórum até ao próximo 30 de dezembro e a da Galeria (exclusiva a artistas convidados) até 28 de setembro. Estas são complementadas por outras exposições paralelas como “A metafísica da sorte ou a ciência do azar”, que esteve patente até 15 de setembro no Convento San Payo – a qual passou por Macau, com 27 obras da coleção da FBAC representativas de oito países de quatro continentes – e “Jaime Isidoro: o pai das bienais”, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira, em homenagem ao pintor, contemplando as primeiras edições da Bienal que assinala 46 anos, encontros e atividades.

“Temos dois espaços expositivos em Vila Nova de Cerveira: no Fórum, a homenagem a Isabel Meyrelles e a exposição dos artistas do concurso antecipada por alguns convidados”, explica-nos. “No centro da vila, no antigo edifício dos Bombeiros, temos outra exposição de artistas convidados e uma exposição documental dedicada a Jaime Isidoro, com curadoria de Helena Mendes Pereira, na Biblioteca”. Esta última apresenta três pinturas de diferentes fases de Jaime Isidoro e muitas publicações, os catálogos das primeiras bienais colecionados pelo artista-galerista que “foi um dos fundadores da Bienal e um dos seus grandes impulsionadores que acabou por impulsionar também vários artistas”.

“Somos financiados pela DGArtes que aprovou o projecto bianual ‘És livre?’, que abarca todo o percurso expositivo de três ciclos ao longo de dois anos. A Bienal é o quarto ciclo”, continua João Duarte. “Ao longo destes dois anos tivemos várias exposições, conseguimos manter esta dinâmica do museu estar aberto em permanência com diversas atividades a decorrer, desde logo residências artísticas. Conseguimos estabelecer alguns protocolos com outras instituições, como a Fundação Árpád Szenès - Vieira da Silva ou a Fundação Calouste Gulbenkian. Conseguimos trazer algumas obras no âmbito das exposições que estávamos a organizar”.

“Em termos institucionais também procuramos relacionar-nos com outras instituições que trabalham as mesmas temáticas que nós para não estarmos isolados”, destaca ainda. “A exposição de homenagem à escultora e poetisa surrealista Isabel Meyrelles, de 95 anos, é feita em colaboração com a Fundação Cupertino de Miranda com curadoria de Marlene Oliveira da FCM e do Perfecto Quadrado que é do coordenador do Centro Português de Surrealismo. Consideramos o momento oportuno para homenagear a Isabel desde sempre ligada à Bienal”.

“Temos a nossa própria coleção, trabalhamos nela, mas queremos trazer outras coleções para estabelecer diálogos entre a nossa coleção e a de outras instituições, partilhar uma dinâmica diferente...”

“A Associação Projecto é fundadora da FBAC e três artistas por sua vez fundadores da Bienal Jaime Isidoro, José Rodrigues e Henrique Silva. Daí termos também na parte norte do edifício as quatro salas dedicadas a estes fundadores”, reforça o museólogo da FBAC. “São exposições permanentes à exceção da sala da Projecto que se vai renovando com a própria direção da Projecto acabando por criar uma dinâmica diferente de novas exposições. Agora temos Mónica Favério e Sérgio Lopes com a inVidro, a marca associada ao trabalho desenvolvido na sua unidade produtiva artesanal, que por acaso também está representada nos artistas do Concurso Internacional”.

 

Organização espacial

Logo no átrio do Fórum, estabelece-se uma triangulação: a obra dum artista convidado do Hawai, Andrew Binkley, intitulada “Stone Cloud”, 2017, como seja uma imensa escultura insuflável feita de nylon impresso fotograficamente que paira no ar elevando-se ao piso superior como uma nuvem em forma de pedra com musgo; a obra de Isabel Meyrelles, “Chef d’Orchestre”, sem data, em terracota pintada, que nos remete para essa sala de homenagem no alto do edifício também debruçada sobre o espaço onde se encontram as obras dos artistas do Concurso Internacional; por sua vez, a obra de João Carcajeiro, um mural modular tridimensional em cerâmica vidrada de 3 x 10 metros, 2011, relembra uma parte da história uma vez que foi feito especialmente para o edifício quando este foi transformado em espaço museológico.

“Eram uns estaleiros municipais e, na altura, era necessário um local fixo de exposições e a autarquia fez a reestruturação do espaço”, recorda João Duarte. “Criámos assim neste edifício espaço para a coleção mas também para sede da FBAC e salas de exposição e o Carcajeiro fez este trabalho que fica aqui permanentemente, em material cerâmico”. Por outro lado, nas costas da recepção, o espaço com palco ao fundo conta com a intervenção da Oficina Arara, um coletivo do Porto que aí esteve em residência.

De 2022 até então aconteceram três ciclos expositivos, um deles dedicado ao Brasil que é o país convidado em 2024. “Nesta dinâmica dos ciclos expositivos temos sempre exposições temporárias e um período de residências artísticas que se chama ‘Livre Trânsito’, e neste espaço temos uma intervenção da Oficina Arara que apresenta “Olho da rua”, buscando a ideia da pintura de mural e sempre questionando ‘És livre?’, que é a pergunta que fazemos aos artistas, aos curadores, aos programadores para discutirmos a liberdade, porque também estamos a celebrar os 50 anos do 25 de Abril e acaba por se conjugar tudo.”

João Duarte salienta ainda que a Oficina Arara faz esta intervenção não apenas com panos-cartazes pendurados, mas também com murais nas paredes e “através do nosso serviço educativo que trabalha a questão de querermos estar em diálogo com as diferentes comunidades que circulam à volta do museu. Contactamos uma série de escolas, associações e outras instituições para fazerem aqui uma participação neste mural. Algo que tentamos fazer quase sempre quando temos artistas em residência. Trabalhamos muito com a APPCDM de Valença”.

As respectivas intervenções foram feitas não apenas por utentes da APPCDM, mas por discentes da Universidade Sénior e por um artista de arte popular de Viana do Castelo, Joaquim Pires, que recolhe lixo do rio e doutros entulhos acabando por o trabalhar dando formas diferentes. “Seja quem seja, queremos sempre envolver o artista com alguém da comunidade nestas residências.”

“Queremos honrar o legado que nos deixaram, sem esquecer todos os outros que por aqui passaram, os fundadores e os que lhes deram continuidade como nós. Isto é um ‘work in progress’ e nós estamos a dar continuidade ao que foi o trabalho sobretudo de Jaime Isidoro e dos que se seguiram”, mais acrescenta João Duarte.

“O projeto Livre-trânsito ciclo permanente de residência e intervenções artísticas pretende recuperar Vila Nova de Cerveira como território de ação e criação artística, estabelecendo uma relação entre a Casa do Artista Jaime Isidoro, os espaços oficinais e das galerias do Fórum Cultural de Cerveira, bem como as freguesias de Vila Nova de Cerveira”, explica a organização da FBAC logo à entrada do salão onde se desenvolve o dito projeto.

 

Concurso Internacional

Segue-se Alexandre Vogler, também artista convidado, vindo do Brasil, que se antecipa aos restantes que dispersam pelo imenso open-space. Melhor dizendo: é o guardião da obra dos concorrentes selecionados, quase estabelecendo um elo com um planador de asa delta que ocupa grande parte do espaço. Como se pretendesse sobrevoar a exposição resultante do Concurso Internacional, revelando porém outro sentido no vídeo do primeiro voo de asa delta que apresenta, relacionado com a obra “1974”, óleo sobre madeira (vela), e asa delta (monumento), 2024.

“Em 74 temos a nossa revolução em Portugal, mas também em 74 no Brasil, em contexto de ditadura militar que se vivia à época, dá-se o primeiro voo de asa delta no Brasil, e este é o registo desse voo no Rio de Janeiro”, esclarece João Duarte. “Criámos assim uma ligação não apenas aos artistas que andam neste vaivém transatlântico mas a ideia de liberdade, para estes dois voos livres entre os dois países irmãos". Como se fosse sobrevoar os planos expositivos e ligasse umas e outras mostras de artistas convidados, concorrentes e homenageados. Acaba por ocupar uma grande área do espaço, quase passando para segundo plano as restantes peças.

Mais propriamente no cerne do edifício, descortina-se a seleção de obras do Concurso Internacional, que desenham um circuito serpenteante no espaço quiçá simulando esse primeiro voo. “Tivemos 469 projectos artísticos que se candidataram, foram selecionados apenas 50, portanto esta é uma ínfima mostra daquilo que é um concurso internacional na Bienal de Arte de Cerveira.”

João Duarte aponta “Arder por dentro”, 2023, do artista português Luís Ribeiro, logo à entrada do Fórum, um desenho onde “vemos plantas que insistem em renascer no terreno queimado, entre pedras, na luta permanente pela liberdade”, pode ler-se por sua vez no catálogo da mostra.

O brasileiro Tito Senna, com “T1 30m2”, 2024, também premiado, apresenta “um trabalho muito especial porque é pintura sobre azulejo não cosido. Como o Brasil foi o país convidado tivemos muitos artistas brasileiros que se candidataram e alguns foram selecionados”, remata o museólogo. “Tito Senna vive em Portugal, no Porto, e faz-nos olhar para esta obra e perceber algumas práticas da contemporaneidade, daquilo que é o mercado imobiliário e a forma como os imigrantes são recebidos seja em Portugal seja noutro país. Quantos cabem num T1, é a proposta. É uma planta de quantas pessoas cabem num T1 porque não têm hipótese de ter uma casa própria, especialmente com os preços praticados em rendas atuais. É uma crítica social”.

“Neste contexto é importante percebemos quais são também as preocupações dos artistas. Temos de perceber que vivemos numa nova era de escravatura, os próprios portugueses são escravizados pelo sistema, não é preciso ser imigrante. Convém-nos a nós olhar para anos da história não omitindo só o que nos interessa”, afirma. “Lembra-me os navios negreiros dos séculos XVI-XVII, mas também me consigo lembrar das práticas atuais diárias que tantas vezes assistimos nas notícias sobre o Alentejo onde as pessoas são enfiadas em contentores sem qualquer tipo de condições”.

Também a brasileira Natália Loyola se destaca com “F(r)icção de grito”, 2024, “uma obra ingrata porque avariou. Este díptico é uma coluna com um som direcionável. A fricção do metal cria um som muito próprio e as partes estão relacionadas porque o sistema sugere quase que o som funcione como laser. A coluna é apontada em diferentes direções e ouve-se o som noutros sítios por causa da ressonância que faz nas paredes, o que está relacionado com este registo”, explica João Duarte. “Esta obra já foi apresentada pela artista e esta decide não a pôr a trabalhar como devia ser mas por opção sua. Era uma obra que estava conectada via Wi-Fi com um sistema ligado à bolsa de valores e cada vez que subiam as ações da Vale, a maior mineradora do Brasil, com uma produção diversificada que inclui minério de ferro e níquel, dava um sinal à impressora que acabava por imprimir um poema de Drummond de Andrade”.

“As pessoas podem pegar no registo e ler. Era algo quase interrupto, mas depois a artista acabou por perceber que a própria impressora tinha alguns erros de programação. A impressora veio da China e acabamos por ter ao longo dos textos alguns caracteres em Mandarim. Algo que veio do acaso acaba por completar ainda mais a obra. Há uma crítica clara àquilo que é a exploração dos recursos naturais do Brasil, neste caso.”

 

Burhan Yilmaz, Circle (2023). XXIII BIAC, Fórum Cultural de Cerveira. © Helena Osório

 

No centro da mostra, destaca-se a obra do turco Burhan Yilmaz, “Circle”, 2023, à imagem dum sol que ilumina tudo em redor (ou girassol, absorvendo a forma do astro-rei). A instalação é feita de luvas de trabalho amarelas, que “cria uma forma que faz lembrar a do girassol”, reforça João Duarte. O material remete a certas peças da artista japonesa Yayoi Kusama, que expõe no Museu de Serralves (até 29 de setembro) a sua maior retrospectiva europeia. “Uma instalação sobre placa de MDF que pode ser aplicada diretamente na parede. O artista fala-nos sobre uma história de luta pela liberdade, quase um lugar ao sol, acabando por assumir as luvas de operário em amarelo como representantes da construção de factores que possibilitam as condições de um ambiente libertador e propício ao trabalho invisível que, muitas vezes, não é valorizado.” Afinal, quantas mãos fazem a obra?

O tema “És livre?” leva a muitas reflexões sobre a comunidade LGBTQIA+. O brasileiro Élcio Miazaki apresenta dois vídeos, “Tonsores”, 2023, e “Ablução”, 2023, que “trabalham a homosexualidade em contextos em que, normalmente, as pessoas não associam a questão afetiva e amorosa entre várias pessoas, neste caso em contexto de guerra”. Num dos vídeos observamos dois militares; no outro, um atleta a ser cuidado evocando a camaradagem. “Há um cuidar da outra pessoa mas, claramente, estamos a falar de pessoas do mesmo sexo e é uma crítica àquelas áreas em que pessoas do mesmo sexo convivem diariamente, um grande estigma que possam ser carinhos e que umas e outras possam apaixonar-se numa situação caótica, sentirem amor”, pondera João Duarte.

Segundo o excerto do texto de Andrés I. M. Hernández, no catálogo: “O artista aviva registos que nas décadas de 1960/70 contribuíram para a reafirmação da libertação do corpo. (...) uma cumplicidade provocadoramente erótica que se solidifica na fruição e no controlo do outro”.

Já Mariana Duarte Santos, com “Last chance”, 2022, linogravura de grande formato sobre papel, “fala simbolicamente sobre as pressões e entraves que a sociedade põe à nossa liberdade”, desmistifica o excerto de texto no catálogo sobre a obra que apresenta um grupo de cinco homens que parecem conspirar em ambiente prisional, um deles acendendo o cigarro dum outro supostamente a ser interrogado. Há ainda uma “singela homenagem” a Amílcar Cabral, “Um marco chamado Cabral”, 2024, da portuguesa Isabel Ribeiro em guache sobre papel. “Uma obra muito delicada, muito frágil”, intervém novamente o museólogo da FBAC que nos acompanhou na visita. Segundo a nota do catálogo: “Este trabalho convoca a figura de Amílcar Cabral na luta pela independência da Guiné Bissau e Cabo Verde (em 2024 faz 100 anos do seu nascimento). Pegando no ‘súmbia’ (gorro típico africano) que ele usava nas intervenções públicas (...)”. “A mensagem é que não precisamos de armas para levar as nossas ideias avante”, remata por sua vez João Duarte.

À mistura com as obras concorrentes, surge inesperadamente o artista madeirense convidado, António Barros, que já está representado na coleção da FBAC “É um artista sénior bastante respeitado no meio, temos uma obra dele que foi prémio da Bienal, mas ao contrário dos outros anos em que os artistas recebiam o prémio e eram automaticamente convidados para a exposição dos convidados tomou-se uma decisão e a meu ver bem, que deve existir um projeto curatorial para os artistas convidados, não ser um convite tácito porque isso não trás a novidade e a vanguarda do que se está a fazer”.

Ainda segundo João Duarte: “Esta obra é especial porque tem uma carga política associada. Obriga-nos a fazer uma reflexão sobre a atualidade política nacional e a atualidade do que são os nossos dias num contexto em que temos a dimensão que temos. Entre a cegueira que nos querem impor, disfarçadamente dizendo que são muito democráticos e logo deixam de o ser”.

António Barros confessa-nos o porquê da adesão à XXIII BIAC: “Eu continuo a participar por memória aos meus Amigos do passado – José Rodrigues, Jaime Isidoro, Egídio Álvaro, Miguel d’Alte, que também já não estão entre nós, e pelo Henrique Silva e Augusto Canedo. Afetos meus. Sou um artista de PAZ contra a guERRA que ERRA. E nas artes (que é também um território de guerra devido à competição) tento não fazer parte de guerras”.

“Dos muitos, um dos momentos interessantes da minha relação com a BIAC, é a surgida com elementos do Movimento FLUXUS (o Filliou, o Serge III Oldenbourg, o Vostell) [1]. A análise e a crítica considera que sou um dos artistas portugueses mais enquadrável na identidade FLUXUS.”

Seguem-se as salas da Associação Projecto e dos três fundadores homenageados (Jaime Isidoro, José Rodrigues e Henrique Silva) organizadas pelas famílias que assinam a curadoria, a nosso ver merecedoras de uma maior visibilidade (e respiro). Se bem que na Biblioteca, sedeada no setecentista e belo Solar dos Castro, mais uma sala se encha com a mostra documental sobre a passagem por Cerveira do pintor e aguarelista portuense Jaime Isidoro e também com alguma pintura feita na eleita vila das artes.

“O centenário do nascimento bem como os 70 anos da Galeria Alvarez, aberta a 4 de maio de 1954, foram efemérides assinaladas de diferentes modos, nunca esquecendo que o mais importante do legado de Jaime Isidoro é sermos capazes de fazer da sua ação passada, exemplo para o futuro”, opina a curadora da mostra, Helena Mendes Pereira no catálogo da XXIII BIAC.

 

A convite pessoal

Sobre a exposição dedicada a artistas convidados, no antigo edifício dos Bombeiros, que se segue ao mural-retrato do escultor luso-angolano José Rodrigues lá fora, as obras encontram-se expostas com respeito à respectiva leitura, ao mesmo tempo que dialogam umas com as outras de forma eficaz e única tendo em conta as diferentes expressões e temáticas trabalhadas. Gigantescas peças enchem as paredes e espaços centrais obrigando-nos a parar e a repensar o mundo global que nos rodeia como faz a arte e os bons artistas. Logo à entrada, anotamos algumas delas como o vídeo cíclico do escultor israelita radicado em Londres, Zadok Ben-David, “Sour sweet” (Agridoce), 2022, em que a sombra do observador entra na obra. Quase se relacionando com a borboleta que “aparece e desaparece, como se fosse um intruso colorido”, que presencia também “a transformação contínua de uma flor de lótus”, pode ler-se no catálogo.

 

Zadok Ben-David, Sour sweet (Agridoce), 2022. XXIII BIAC, Galeria Bienal de Cerveira. © Helena Osório

 

Em grande plano, o estudo do lisboeta Ramiro Guerreiro, “Salò”, 2015-2024, “à escala real de duas tapeçarias que constam do décor do filme ‘Salò o Le 120 Giornate di Sodoma’ de Pier Paolo Pasolini (1975)”. Um imenso desenho com lápis de cor e tinta acrílica sobre pano cru preparado. No mesmo contexto, ao fundo, destaca-se o vídeo do portuense Luís Palma, “O milhafre”, 2024, que se divide em duas partes, “separado por duas perguntas, que acabam por marcar a nossa atualidade política”, onde um homem velho “questiona o futuro de uma causa que parece perdida”.

Noutro oposto, surge “Água”, 2020, da artista angolana Ana Silva que destaca nesta sua série de bordado e desenho sobre tecido “o difícil acesso à água no seu país de origem”, não obstante a abundância deste recurso no território: “Angola país da água, onde a água corre por todo o país, por todo o lado menos para o povo”, lê-se também no catálogo. Por sua vez, o luso-moçambicano Manuel Santos Maia surpreende com “alheava - outras paisagens afastadas”, 2024, fotografia, sublimação sobre tecido, integrada no projeto Alheava “dedicado às questões do colonialismo e pós-colonialismo, numa perpectiva transtemporal, aliando a História social e política, às narrativas familiares e à auto-ficção (...)”.

As duas ilhas individuais do dinamarquês Søren Dahlgaard, “The inflatable island”, 2013, em tecido ripstop de nylon e ventoinha, obrigam-nos a parar não apenas pelos oito metros de cumprimento ou pela ideia dum paraíso perdido, mas pela chamada de “atenção para as questões das alterações climáticas e da migração”. Sem esquecer o filme “The island” que prende relacionando-se com “a paisagem de várias formas”. Contracenam com a fotografia de João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, “Pink flamingos”, 2024, tirada por ocasião da aquisição do parque de campismo em Melides para um resort de luxo, que fez com que milhares de pessoas fossem privadas do espaço. “Comprem tudo e atirem-nos ao mar. Teremos sempre as nossas bóias cor de rosa para flutuar”, refere a dupla de artistas portugueses. Seguidamente, o poeta performer madeirense Silvestre Pestana está representado com a instalação com painéis LED a cores, “Vitrine”, 2024, que anuncia uma nova poética.

Noutro espaço, o lisboeta Isaque Pinheiro radicado no Porto apresenta “Torna viagem”, 2018-2022, em mármore de Estremoz, madeira, borracha, corda, tecido e aço. “Esta peça hesita entre o clássico e algo a haver”, por entre destroços e movimentos dum navio imaginário que a nós recorda a poesia versus naufrágio de Camões que comemora 500 anos do nascimento precisamente em 2024. Na envolvente, intriga-nos Maria Trabulo – artista portuguesa que vive e trabalha entre o Porto e Berlim – com “Dome Bunker I”, 2022, da série Fragile Stones, solo (areia e argila) proveniente de escavações na Síria e em Portugal, “sugerindo que, apesar de desaparecida, em parte soterrada, a coleção e o museu podem ‘ressurgir do solo’(...)”, informa um excerto de texto no catálogo, referindo-se a Raqqa que foi palco de grandes batalhas.

De cima abaixo do espaço, o catalão Antoni Muntadas, radicado em Nova Iorque, eleva “Palabras...”, 2017-2020, impressão digital sobre lona têxtil, que chamava nos anos 70, de paisagem mediática’. A política e os media têm contribuído para esta degradação”. Também Fabrizio Matos apresenta um tríptico negro, no caso intitulado “Don’t get me wrong I’m only dancing”, 2024, em pó de carvão sobre linho, representando esqueletos em “danças macabras, que são uma alegoria artístico-literária do final da Idade Média sobre o carácter universal da morte, que expressa a ideia de que não importa o estatuto de uma pessoa em vida, a dança da morte une a todos”. Uma verdade que nos tornaria melhores se a pensássemos mais.

Nesta exposição, a comissária Mafalda Santos “reúne 26 artistas de diferentes gerações e geografias, com obras inéditas, ou especificamente selecionadas pela pertinência e afinidade com o tema proposto. (...) Dos Estados Unidos à Dinamarca, de Portugal ao Brasil, Espanha, Angola e Moçambique, nas obras dos artistas podemos destacar diferentes abordagens e perspectivas transversais que se prendem com questões associadas à liberdade”, refere no catálogo, “englobando o questionamento da nossa história e legado colonial, as lutas de poder e de memória, da liberdade de identificação e afirmação de género, a força política e poética das palavras, o humor e a vitalidade da dança entre a vida e a morte”. Em suma: uma exposição muito completa, com grandes vultos da arte internacional, repleta de mensagens contemporâneas que despertam todos os sentidos e nos deixam a (re)pensar.

 

 

 

Helena Osório
Nascida em Benguela, Angola, é jornalista cultural e escritora; doutorada em Estudos sobre a História da Arte e da Música pela Universidade de Santiago de Compostela, com reconhecimento da Universidade do Porto; mestre e pós-graduada em Artes Decorativas pela Universidade Católica Portuguesa; licenciada em Estudos Europeus pela Universidade Moderna de Lisboa. Investigadora no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (i2ADS / FBAUP).

 

  

:::

 

Notas

[1] Segundo António Barros, “uma obra de contaminação situacionista [Guy Debord] e neodadaista”, pois vários analistas consideram-no um dos artistas portugueses mais enquadráveis na senda do movimento artístico internacional FLUXUS onde começou por encontrar-se com Robert Filliou, o gerador do “1.000.010' Aniversário da Arte” [Neue Galerie der Stadt Aachen, 17.01.1973], Filliou cuja obra vem a ser apresentada pela BIAC, mas foi aí que veio António Barros a colaborar com Serge III Oldenbourg, num happening sobre “Arte Sociológica”, criando uma peça inédita [hoje na coleção da Fundação de Serralves]; e a fazer legado de um Concerto FLUXUS dirigido por Oldenbourg, também na BIAC. António Barros gerou um genuíno Objecto Livro-de-Artista, que retrata este Concerto, gesto “único”, e momento singular na História da BIAC [com interpretação de: Henrique Silva, Assunção Pestana e Manoel Barbosa]. Numa Cultura FLUXUS, António Barros trabalhou fundamentalmente com Wolf Vostell, na Alemanha, e em Espanha no MVM_Museo Vostell Malpartida, e colaborou ainda com Yoko Ono [MuseuSerralves] e hoje traz-nos uma elegia a Ben Vautier [Galeria dos Prazeres, em: “ESCRAVOS.INSULAE...”, 2024]. Também numa identidade FLUXUS, e num jus às artes performativas, António Barros criou o ARTITUDE:01 [comunidade artística que gerou o: “Projectos & Progestos”] que, na BIAC, no cenário do crepúsculo apresentou a distintiva performance, nas águas e margens do rio Minho – “Aquaplaning”.

 

 

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

 

Silvestre Pestana, Vitrine, 2024. Instalação com painéis LED a cores. Grande Prémio XII Bienal Internacional de Arte de Cerveira 2003.

 

“VITRINE”, POEMA EXPANDIDO COM ESCRITA LUMINOSA

 

A produção artística em qualquer uma das formas institucionais, na qual a POESIA se destaca, ao exercitar o VERBO, e desse modo, formular imaginários carregados de Sentido, estes acompanham historicamente as múltiplas mudanças tecno-sociais fortemente transformadoras no seu específico modo de produção.

A Poética que ainda perdura, de raiz modernista, acompanha de uma forma eficaz o exercício da montagem de múltiplos dispositivos que ampliados e transmitidos pela rádio, enfatizam os sentimentos, ampliando exponencialmente as sensações cinestésicas do ouvinte.

A leitura da instalação VITRINE, 2024, enquanto Poética da Escrita Luminosa disponibilizada em painéis Leds de baixa resolução, é intensamente urbana, opera nas auto-estradas, hospitais, aeroportos, painéis de comando, videogames e é anunciada como veículo inerente ao desenvolvimento da comunicação nas emergentes Smart Cities.

A instalação VITRINE, vem assim na sequência de uma outra chamada TERRAS RARAS, 2019, dedicada ao poeta e académico brasileiro, investigador do pós-verso Omar Khouri. Esta instalação, poema expandido, foi apresentada no Museu Coa e no Museu Nadir Afonso em 2023 e por último no Museu da Misericórdia no Porto em 2024.

 

Silvestre Pestana
(Poeta, artista plástico e performer convidado na XXIII Bienal Cerveira 2024)

Museu Coa | Museu Nadir Afonso | Museu da Misericórdia
 

 

 

António Barros, Não cega, 2024. Instalação em ferro, zinco, tecido e texto gravado (175 x 50 x 50 cm). Coleção Particular António Barros.
 

 

N ã o c e g a ! [ Não arte _ artitude, a: #49/50 ]

 

O poema visual: “E cega?”, aqui inscrito na assemblage objecto-livro: “Não cega!” [1], surge como uma artitude – uma sociológica arte de acção, e pretende cumprir um desígnio do binómio: Arte_Educação. Procura o gesto responder, de modo operativo, a um manifesto plural na senda da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, razão do devir da Liberdade e Democracia em Portugal, em 1974. A presente edição do poema de situação, versão #5/5, surge numa condição hermenêutica a cumprir o tema em desígnio convocado pela XXIII BIAC – “És livre?”, e aí presente até dezembro de 2024. Sofrerá depois o obgesto, em legado, uma metamórfica leitura performativa, criando-se assim o texto final, e a inscrever numa colecção pública – seja o progesto, um: texto_escultura_social.

A unidade #1/5 de “E cega?”, camisa com o poema grafado, presenteou o Presidente da República Portuguesa. #2/5, reside, em convulsiva operação, em: “ESCRAVOS.INSULAE_Do 25 de Abril, 50 anos depois”, Galeria dos Prazeres, ilha da Madeira, até 28 de outubro [e a ser inscrita, junto à obra: “Silêncio...”, 2018 [2], no Museu da Presidência da República Portuguesa (MPRP)]. Inscreve a peça #3/5 a colecção do reitor de uma universidade portuguesa, que ‘veste’ a camisa. #4/5 pode ser visitada no CAA, Águeda, em: “Ainda, um elefante na sala”, até 13 de outubro, onde acompanha o objecto-texto: “Portugal no seu melhor” [3].

Assim, como nos 40 anos do 25 de Abril, com a operação “Lástima”, gerei 40 poemas visuais enviados à Assembleia da República, agora, na celebração dos 50 anos da Causa de Abril, trago 50 artitudes, onde “Não cega!” para a BIAC, artitude #49/50, surge a par das presenças em: “Revolução já! _poesia pública”, Jornal Público; “Pré/Pós - Declinações visuais do 25 de Abril”, Museu de Serralves; “Cravos e Veludo_Arte e Revolução, 1968-1974-1989, MNAC; “O exercício da Liberdade”, Aveiro 2024, Capital Portuguesa da Cultura; e. o. – 50 artitudes, com a camisa para o Presidente ao fundo.

No alinhamento dos Encontros Internacionais de Arte, desde a sua V edição, aí a primeira edição da BIAC, 1978, a seu tempo, acompanhei a construção deste lugar como um pretenso território experimental e convivial para as artes, mormente performativas, e das artes do comportamento e de situação. No início dos anos 80 – depois de apresentar no CAPC, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, e nos “30 anos da Fundação Calouste Gulbenkian” – levei à BIAC a peça icónica: “Algias, NostAlgias”, 1980. Surge, anos depois, “EX_Patriar”, 1999-2012, Prémio Aquisição da 17’BIAC, em 2017, tendo participado como artista convidado nas edições seguintes (com obras hoje em colecções como a do Museo Vostell Malpartida, Espanha; ou a do MPRP); e antes fui eleito autor da Identidade Visual da BIAC, para a VII edição. Em 2024, à pergunta: “És livre?”, respondo com uma das 50 artitudes (d)enunciando que: 50 anos de Liberdade e Democracia não chega. Não cega!

 

António Barros
[nos 50 anos de actividade artística e educativa]

 

_____

Notas

[1] A instalação_work in progress: “Não cega!” espelha-nos, e aos nossos conturbados tempos, contando a fatal história de um pássaro, a desnorte, que con_fundiu a gaiola com a liberdade. Metafórico, hoje vestindo uma armadura na finitude de um pássaro, surge “Não cega!” – um corpo sombra entre a multidão, como um cidadão anónimo diluído na sala, inventando o voo, e seu norte.
“Somos assim: sonhamos o voo mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram” (Fiódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamazov).
[2]Silêncio _tudo o que disseres pode ser usado contra ti, o que não disseres também”, 2018; V+: po-ex.net | Público | centroaaa.org
[3] “Portugal no seu melhor”, com “ExPatriar” e “Artitude_razão para Projectos & Progestos”, são peças da colecção do Museu da BIAC.
 

 

 

[A adopção do acordo ortográfico é da responsabilidade dos autores do texto.]