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OBRA-PRIMA DE LEONORA CARRINGTON EM LEILÃO

2024-04-18




Uma pintura de Leonora Carrington que a Sotheby’s considera a “mais significativa” será leiloada no próximo mês. A venda é garantida, de acordo com a casa, e tem uma estimativa entre US$ 12 e US$ 18 milhões, o que significa que quebrará o recorde anterior do leilão.

“Les Distractions de Dagobert” será oferecida no leilão de arte moderna da casa em 15 de maio. De longe a obra mais valiosa de Carrington já oferecida em leilão, promete um grande retorno para o vendedor, que a comprou por US$ 475.500 contra uma estimativa alta de US$ 250.000 quando chegou ao mercado pela última vez, na Sotheby's de Nova York, em novembro de 1995.

“Les Distractions de Dagobert é a obra-prima definitiva da longa e célebre carreira de Leonora Carrington, trazendo todas as características da artista no seu auge absoluto”, disse Julian Dawes, chefe de arte impressionista e moderna em Nova York. “A pintura é pioneira no estilo visionário que hoje associamos ao surrealismo, ao mesmo tempo que evoca igualmente os quadros anárquicos de Hieronymus Bosch, unindo fronteiras artísticas para alcançar uma linguagem inteiramente nova.”

“A pintura está entre as cinco melhores obras que ela já fez”, disse a galerista de São Francisco Wendi Norris, especialista que lida com o trabalho da artista. “Alguém poderia escrever um livro inteiro apenas baseado nela.”

A pintura apresenta cenas inspiradas no rei merovíngio titular do século VII, que, segundo a casa, ganhou reputação por excessos sexuais, além do seu estilo de vida luxuoso. Em primeiro plano, à esquerda, um ícone em tons de castanho e com fogo na cintura desce de cabeça numa poça de chamas enquanto uma figura com traje de sacerdote observa, segurando mãos que têm rostos dentro delas. Enquanto isso, no canto inferior direito, uma figura feminina num barco tem uma figura escura e fantasmagórica atrás dela, cujo cabelo flui para a bandeira descomunal do pequeno navio. Surgem num cenário definido por paisagens indescritíveis povoadas por criaturas estranhas e híbridas.

A tela data de dois anos depois da chegada de Carrington ao México, fugindo da guerra na Europa. Ela foi rotulada como musa pelo líder surrealista André Breton, mas abandonou esse rótulo para ser reconhecida como uma artista por direito próprio. Como disse a própria Carrington: “Não tive tempo para ser a musa de ninguém. Eu estava muito ocupada me rebelando contra a minha família e aprendendo a ser uma artista.” O México era um centro da cena surrealista quando Carrington chegou lá, com artistas emigrados concentrando-se em torno dos pintores Frida Kahlo e Diego Rivera.

Norris, por sua vez, não gosta de definir Carrington especificamente entre o grupo de mulheres surrealistas. “Não creio que ela se tivesse definido como uma mulher surrealista”, disse ela. “Qualquer bom analista financeiro deveria olhar para ela no contexto de pares como René Magritte ou Max Ernst. Cada vez mais colecionadores da Europa e da Ásia estão a olhar para o trabalho dela. Esta é a hora dela.”


Fonte: Artnet News