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GRANDE ESFINGE É REALMENTE UM ANTIGO FARAÓ?

2025-05-06




A Grande Esfinge de Gizé, uma estátua de 20 metros de altura que repousa à sombra da vizinha Grande Pirâmide de Gizé, é uma das relíquias mais amplamente reconhecidas do mundo antigo. Mesmo que nunca a tenha visto com os seus próprios olhos, sabe quase de certeza como é.

Correspondendo às descrições da mitologia grega e egípcia, incluindo a tragédia de Sófocles, Édipo Rei, é uma quimera composta pelo corpo de um leão e pelo rosto de uma pessoa. Mas qual pessoa? Ao contrário da crença popular, os arqueólogos têm razões para acreditar que esta esfinge em particular foi criada à imagem de um faraó egípcio. No entanto, que faraó é este é um assunto em debate.

Descobrir em que faraó pode ter sido baseado o rosto da Grande Esfinge é complicado por várias razões. Em primeiro lugar, os antigos egípcios não registaram as suas histórias e, embora tenhamos recolhido bastante informação através de pesquisas arqueológicas, ainda não podemos dizer com certeza quando a Esfinge foi construída ou por ordens de quem.

A maioria dos especialistas acredita que a estátua surgiu durante a 4ª dinastia do Império Antigo, que durou de 2613 a 2494 a.C. No entanto, é aqui que o consenso termina. Uns defendem que o faraó Quéfren a construiu em sua honra, enquanto outros acreditam que foi o irmão de Quéfren, Redjedef, quem supervisionou o projeto — e não para homenagear Quéfren, mas o seu pai, Quéfren, o mesmo Quéfren que construiu a Grande Pirâmide.

Outro desafio para descobrir a identidade da Esfinge reside no facto de a estátua ter sofrido muitos danos ao longo dos séculos, especialmente na zona do nariz. Para além da erosão natural — esteve enterrado até ao pescoço na areia até ao final da década de 1930 —, foi frequentemente vítima de conflitos humanos, tendo sido desfigurado por um fanático no século XV e (ainda que apenas de acordo com a lenda) atingido por tiros de canhão das legiões de Napoleão Bonaparte cerca de 300 anos depois.

Alguns dos egiptólogos mais estimados, entre os quais o arqueólogo norte-americano Mark Lehner e Zahi Hawas, antigo ministro do turismo e das antiguidades do Egito, afirmam que o rosto da Grande Esfinge foi modelado a partir do faraó Quéfren. Esta afirmação baseia-se numa série de descobertas arqueológicas que remontam a 1853, quando o arqueólogo francês Auguste Mariette descobriu uma estátua de Quéfren, em tamanho real, perto da própria Esfinge.

No processo, Mariette descobriu também os restos de uma estrada que ligava o complexo do templo da Grande Esfinge à pirâmide de Quéfren, localizada perto da do seu pai, sugerindo ainda que a estátua estava ligada a Quéfren em particular.

Mais provas que suportam esta hipótese surgiram em 1980, quando Lehner, trabalhando com o geólogo alemão Tom Aigner, mostrou que várias destas estruturas foram construídas utilizando o mesmo material: calcário contendo corais fossilizados e plâncton.

“A Esfinge”, concluiu Hawass no seu livro de 2006, “Montanhas dos Faraós: A História Não Contada dos Construtores das Pirâmides”, “representa Quéfren e constitui parte integrante do seu complexo de pirâmides”. Para já, esta parece ser a explicação mais provável.


Fonte: Artnet News