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O QUE ACONTECE À “CAPELA SISTINA” DURANTE UM CONCLAVE PAPAL?2025-04-30 Enquanto a Capela Sistina fecha as suas portas para se preparar para um dos eventos mais secretos e simbolicamente carregados do mundo, todos os olhos estão postos no que vai acontecer dentro da obra-prima de Miguel Ângelo, enquanto a Igreja Católica se prepara para escolher um novo papa. Na última semana, católicos de todo o mundo lamentaram a morte do Papa Francisco, famoso pelas suas visões progressistas e pelo seu apoio à arte contemporânea, e os cardeais da Igreja vão reunir-se em breve para eleger o seu sucessor. Este processo, conhecido como conclave, terá início a 7 de maio na Capela Sistina, que encerrou ao público ontem, em preparação. Com paredes e teto adornados com frescos de Miguel Ângelo, a capela é mais conhecida como um movimentado ponto turístico. Mas foi utilizada pela primeira vez como local para o conclave em 1492, vários anos antes do renomado mestre renascentista escalar um andaime alto e transformar o seu teto com o seu pincel. As adoradas cenas do Antigo Testamento de Miguel Ângelo foram concluídas entre 1508 e 1512, encomendadas por outro pontífice influente e amante da arte, o Papa Júlio II, que procurava decorar e elevar a capela que tinha sido encomendada pelo seu tio, o Papa Sisto IV. Os destaques deste feito premiado incluem uma das imagens históricas da arte mais reproduzidas, “A Criação de Adão”, no meio de cenas que vão desde a “Separação da Luz das Trevas” por Deus até à sobrevivência de Noé no dilúvio. A preencher muitos nichos arquitetónicos “trompe-l’oeil” estão figuras clássicas de Miguel Ângelo que parecem esculturais e pesadas, mas elegantemente idealizadas. As obras de arte eram adequadamente impressionantes e, algumas décadas mais tarde, Miguel Ângelo foi novamente convidado pelo Papa Clemente VII para concluir “O Juízo Final” na parede do altar, entre 1536 e 1541. Outros artistas que contribuíram com frescos de obras-primas para a Capela Sistina incluem Botticelli, Pietro Perugino — mais conhecido por treinar Rafael — e Domenico Ghirlandaio. Embora o conclave tenha sido realizado em vários locais ao longo dos séculos, a Capela Sistina é a sua sede permanente desde 1878. Então, o que acontece ao espaço sagrado durante este encontro altamente secreto, mas importante? Antes do conclave, deve ser preparada a capela. A modificação mais importante é a instalação de uma chaminé e de um fogão, que desempenham um papel fundamental na partilha de atualizações sobre o conclave com o exterior. Cerca de 135 membros do Colégio dos Cardeais, com menos de 80 anos, são elegíveis para votar. Vão apresentar votos secretos, dos quais o novo Papa deverá obter uma maioria de dois terços. Ao longo de alguns dias, há rondas de votação, após as quais todos os boletins de voto são queimados e são utilizados produtos químicos para colorir o fumo. Se o fumo for preto, isso indica aos espectadores que ainda não foi tomada nenhuma decisão. Se o fumo for branco, o conclave terá chegado a acordo sobre um novo pontífice. Os sinos também tocarão, após o que o novo papa fará a sua estreia pública na varanda com vista para a Praça de São Pedro, já vestido com a sua batina. Após a renúncia do antecessor do Papa Francisco, o Papa Bento XVI, em 2013, foram também instaladas algumas instalações mais modernas na Capela Sistina para o conclave. Isto incluía casas de banho químicas, uma vez que os cardeais não conseguiriam sair facilmente e utilizar as mesmas casas de banho fornecidas aos visitantes diários dos Museus do Vaticano. Quanto ao que acontece durante o conclave, os detalhes do evento permanecem envoltos em mistério. Da última vez, a segurança foi elevada, pois a Capela Sistina foi minuciosamente revistada em busca de qualquer tipo de câmara escondida ou outro equipamento de gravação, e foram implementados dispositivos anti-grampo. Se algum cardeal quebrar o seu voto de segredo, será automaticamente excomungado. Entretanto, são aplicadas medidas de proteção a algumas características da capela antes do conclave, principalmente o seu pavimento em mosaico, que é coberto por um pavimento elevado. Os visitantes da capela perdem algo quando olham apenas para o teto, pois sob os seus pés encontram-se desenhos geométricos ricos e intrincados feitos de mármore incrustado. Em alguns locais, os pavimentos ostentam o símbolo das chaves cruzadas do pontificado. O filme “Conclave” (2024), protagonizado por Ralph Fiennes e Stanley Tucci, despertou a curiosidade do público sobre o evento sagrado mesmo a tempo de o mundo se interrogar sobre o verdadeiro. O filme é preciso? “Muito disto baseia-se na realidade, em liturgias, rituais e coisas que acontecem”, disse a teóloga Anna Rowlands ao Independent. “Vimos isso esta semana com o selamento dos aposentos papais, com o anúncio da morte e, certamente, há elementos factuais nesse filme.” A precisão de outras cenas, no entanto, continua a ser um mistério. Enquanto a Capela Sistina é preparada para o conclave no filme, os operários fecham as janelas, isolando-a ainda mais do mundo exterior. Não conseguimos confirmar se este é ou não um método de precaução real, uma vez que um representante dos Museus do Vaticano recusou comentar. Em 2013, houve cinco rondas de votação, e demorou pouco menos de 27 horas para que o conclave chegasse a um acordo sobre o Papa Francisco. A tradição determina que os cardeais fiquem trancados na Capela Sistina até que o novo pontífice seja declarado, e o termo conclave deriva do latim cum clave ou (trancado) “com uma chave”. Embora esta regra costumasse ser aplicada de forma mais rigorosa, hoje em dia os cardeais têm direito a pausas noturnas, recolhendo-se às suas acomodações na vizinha Casa di Santa Marta. A Capela Sistina é a principal atração do Museu do Vaticano e recebeu cerca de 6,8 milhões de visitantes no ano passado. Os passeios privados pré-agendados foram cancelados ou adiados, e todos os passeios pelos Jardins do Vaticano e pelo sítio arqueológico Necrópole da Via Triunfal também foram suspensos até que um novo papa seja nomeado. Fonte: Artnet News |