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METRO DE PARIS PROÍBE ANÚNCIO À EXPOSIÇÃO DE DAVID HOCKNEY POR CAUSA DE CIGARRO

2025-04-09




O famoso artista britânico David Hockney classificou a decisão da rede de transportes como uma “completa loucura”, depois de o metro de Paris ter proibido que uma foto sua a segurar um cigarro fosse usada num anúncio de trânsito para a sua próxima retrospetiva.

“Estou habituado à intromissão autoritária das pessoas que impedem as outras de fazerem as suas próprias escolhas, mas isso é mesquinho”, disse Hockney ao Independent. “A arte sempre foi um caminho para a livre expressão e esta é uma [decisão] lamentável.”

Destinada a promover a exposição David Hockney 25, que inaugura esta semana na Fondation Louis Vuitton (FLV), a foto em questão retrata Hockney sentado com um lápis numa mão e um cigarro na outra, a trabalhar no mesmo auto-retrato que também é exibido em formato maior atrás dele. O artista disse ao Independent que os advogados do sistema de trânsito o informaram que não vão usar a imagem porque não são permitidos anúncios com tabaco ou outros produtos de nicotina.

Para além das suas pinturas de piscinas e palmeiras, Hockney é conhecido por ter um cigarro pendurado nos lábios ou entre os dedos. Escreveu um artigo de opinião para o Guardian criticando duramente a proibição de fumar em espaços públicos fechados em Inglaterra, em 2007, explicando que o seu pai era um feroz defensor anti-tabagismo que sobreviveu tanto a Hockney como ao seu irmão, que fumaram quase toda a vida. Lamentou ainda a morte da cultura dos pubs e comparou as vidas igualmente longas dos fumadores Kurt Vonnegut e Denis Thatcher aos perigos e riscos associados aos produtos de tabaco.

Ironicamente, depois de 55 anos em Los Angeles, Hockney mudou-se para França em 2019 para "poder fumar e comer num restaurante ao mesmo tempo", entre outras razões, uma vez que as restrições ao tabaco continuam fortes nos Estados Unidos.

“Tem 87 anos. Fumou, não sei, talvez 100 cigarros por dia e ainda fuma”, disse Norman Rosenthal, co-curador da exposição FLV, numa entrevista.

“Os seus pulmões não estão em boa forma, e ele aceita esse facto. Para ele, fumar é um símbolo de liberdade, de acabar com a mandona. Não gosta de ouvir na embalagem algum aviso assustador e terrível. Está muito consciente da sua fragilidade física, mas a sua mente está tão clara como a sua memória”, disse Rosenthal.


Fonte: HyperAllergic