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EXPOSIÇÃO DOS SEIS FINALISTAS DA 15ª EDIÇÃO “PRÉMIO NOVOS ARTISTAS FUNDAÇÃO EDP” ABRE DIA 10 NO MAAT2025-04-08![]() Alice dos Reis, Evy Jokhova, Francisco Trêpa, Inês Brites, Maja Escher e Sara Chang Yan são os seis artistas finalistas, escolhidos entre cerca de 600 candidaturas por um júri constituído por Catarina Rosendo (professora universitária e curadora), Luís Silva (curador e diretor da Kunstalle Lissabon) e Sérgio Mah (diretor-adjunto do MAAT e professor universitário), também curadores da exposição. "A escolha tem sempre uma subjetividade presente, mas o critério fundamental foi a qualidade artística", sublinhou Sérgio Mah no início da visita pré-inaugural, apontando ainda que os curadores tiveram a preocupação de "criar condições para os artistas exporem as suas obras sem conflitos estilísticos umas com as outras". No decorrer da exposição, um júri internacional irá nomear o artista vencedor, que a Fundação EDP premiará com um valor de 20 mil euros. O Prémio Novos Artistas Fundação EDP foi criado em 2000 com o objetivo de apoiar e dar visibilidade à produção de artistas emergentes nas artes plásticas e visuais. É reconhecido como um dos mais relevantes no panorama das artes em Portugal. Alice dos Reis (n. 1995, Lisboa) é artista visual e realizadora. — Apresenta “uma videoinstalação intitulada Oh Be a Fine Girl Kiss Me, bem como Freiras caminham de madrugada, meio-dia, crepúsculo e noite, uma tapeçaria com uma forte tensão narrativa, próxima de estratégias visuais renascentistas, onde um conjunto de freiras, algumas das quais grávidas, e animais domésticos caminham em direção a um misterioso objeto voador não identificado. Tradicionalmente associada à paciência e ao labor feminino, a tapeçaria transforma-se num suporte para imagens que evocam dimensões paralelas e entidades híbridas, enquanto o vídeo amplia a sensação de deslocamento temporal, projetando um futuro próximo em que o otimismo tecnológico e o controlo normativo dos corpos se entrelaçam para reconfigurar os modos de existência que se nos apresentam como incontornáveis.” Luís Silva Evy Jokhova (Genebra, 1984) é uma artista multidisciplinar cuja prática investiga as relações da natureza com as estruturas sociais e a arquitetura dos pontos de vista antropológico, filosófico e artístico. — “Na obra O Conto Marítimo do Caranguejo-eremita, a artista usa a história de vida do caranguejo-eremita como metáfora para refletir sobre uma cidade em mudança que lida com os efeitos catastróficos da crise habitacional e o seu impacto na esfera social e na paisagem urbana. O caranguejo-ermita é o único da sua espécie que nasce sem carapaça, dependendo assim de conchas de outros moluscos para se proteger e sobreviver. Através desta referência, a artista fala-nos não só sobre sua experiência pessoal de adaptação ao contexto social e cultural de uma nova cidade, mas também sobre o crescimento do número de pessoas em situação de sem-abrigo, tanto em Lisboa como noutras cidades do mundo. Jokhova realça o paradoxo da relação destas pessoas com a cidade, que de certa forma lhes pertence, por ser casa, mas simultaneamente as expulsa e ignora.” Leonor Carrilho Francisco Trêpa (Lisboa, 1995), tem vindo a desenvolver uma prática em torno das relações ambíguas entre plantas, animais, tecnologia e outros seres, provenientes do mundo natural ou artificial, que o artista ressignifica nas suas esculturas. — “Em Cicconia Cicconia, apresenta um conjunto de elementos em cerâmica, madeira, parafina e lã que nos remete para uma paisagem urbana que conhecemos, mas que, de certa forma, aparece reinterpretada, quer pela dimensão das esculturas – ninhos que albergam grandes cegonhas abraçadas, amarradas, íntimas –, quer pela ruína da torre partida, que representa a fragilidade da nossa existência e do Antropoceno, um mundo em destruição e colapso. É, contudo, neste cenário complexo de sci-fi barroco, como o artista gosta de descrever, e cruzando ficção, futurismo, exagero e humor, que acontece também o nascimento, aqui representado pelo ovo gigante, que sugere renovação e esperança. É, talvez, o anúncio de uma nova era ou estrutura social e ecológica, onde espécies humanas e não humanas cooperam e se relacionam de forma colaborativa e justa, em detrimento da competição dos tempos de outrora.” Leonor Carrilho Inês Brites (Coimbra, 1992) vive e trabalha em Lisboa. Os afetos, a vulnerabilidade e o acidental estão na base das suas esculturas e instalações que, apropriando-se de objetos encontrados e de uso quotidiano, questionam a sua condição objetal a partir das ligações hápticas, visuais e sensitivas que estabelecem com os seres viventes e a natureza. — Os trabalhos apresentados nesta exposição, “realizados em resinas e silicones que deixam intuir uma produção laboratorial entre o oficinal e o experimental, são feitos a partir de objetos que mantêm aparentes as suas referências à intimidade e ao cuidar, e combinam elementos díspares das mais variadas proveniências, sempre respeitando as escalas reais e recorrendo a cores inesperadas. A água e a energia animam estas obras a partir do seu interior, fazendo-as vibrar, soprar, pulsar, gotejar, suar, respirar, transformando-as em presenças singulares, vivas e cheias de humor.” Catarina Rosendo Maja Escher (Santiago do Cacém, 1990) vive e trabalha entre Lisboa e Odemira. As suas instalações assentam nas ideias de encontro e celebração e nos vínculos de reciprocidade e mutualismo que mantemos com o mundo vivo. — As obras apresentadas na exposição “dialogam com a arquitetura e os materiais do espaço expositivo, desde os diversos objetos suspensos de aparência orgânica, as cerâmicas e os panos de algodão tingidos com terra recolhida perto de Torres Vedras, as formas afins dos ornamentos associados às festas populares ou a peça de chão em cerâmica que bordeja um degrau. Em conjunto, todos eles implicam a ativação do corpo na sua experienciação e questionam o paradigma dualista que separa sujeitos e objetos e encara a natureza como algo que nos é exterior.” Catarina Rosendo Sara Chang Yan (Lisboa, 1982) é uma artista cujo trabalho explora a relação entre o desenho, o espaço e a perceção sensorial. Atualmente, vive e trabalha entre Lisboa e os Açores. — “Em Sentir o coração pleno e seguro, saber espontâneo, Sara Chang Yan expande os limites do desenho e investiga a forma como o traço pode existir para além do papel, interagindo com a luz, o espaço e o próprio corpo do observador. Ainda que trabalhando, neste caso, numa escala monumental, a sua obra incorpora elementos mínimos – linhas delicadas, marcas quase impercetíveis ou fragmentos dispersos – que exigem um olhar demorado e uma presença contemplativa.” Luís Silva A exposição dos seis finalistas da 15.ª edição Prémio Novos Artistas Fundação EDP ficará patente ao público entre quinta-feira e 8 de setembro no MAAT Central. Fonte: Fundação EDP |