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FUNDAÇÃO DE SERRALVES INAUGURA HOJE EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA DE MAURIZIO CATTELAN2025-07-03![]() A Fundação de Serralves inaugura hoje às 22h uma exposição de Maurizio Cattelan, que reúne na Casa de Serralves algumas das obras mais icónicas do irreverente artista italiano. Concebida e desenvolvida especificamente para este edifício Art Déco dos anos 1930, a exposição intitulada “Sussurro” apresenta 26 obras distribuídas pelos dois andares da Casa e pelo Parque. Peças como Him, L.O.V.E., Comedian, La Nona Ora, Breath e Daddy Daddy são apresentadas pela primeira vez em Portugal, numa exposição com curadoria de Philippe Vergne, Diretor do Museu de Serralves. “Sussurro” é uma reflexão de Cattelan sobre a história do nosso tempo, expressa através da sua forma singular de pensar os acontecimentos que, de forma universal, nos ligam, influenciam e moldam as nossas vidas. “Estas obras, tal como a maioria das selecionadas para esta exposição, demonstram o interesse de Maurizio Cattelan pela História: mudanças históricas, traumas históricos e ícones históricos. Os tempos de transição, estes momentos de passagem, parecem cativar Cattelan. O instante suspenso e fugidio entre a infância e a idade adulta, entre a vida e a morte, entre eras históricas, entre o riso e o choro, é a origem da sua iconografia. Ele transforma esses momentos em ícones”, afirma Philippe Vergne. Com a sua voz única, Maurizio Cattelan concretiza uma crítica incisiva às normas sociais, utilizando a sua reconhecida mistura de seriedade, sátira e humor. A sua obra aborda de forma consistente temas como o poder, a autoridade e os sistemas de crença, mas resiste a interpretações fechadas, encorajando os visitantes a confrontarem e descodificarem as obras por si próprios. Pensada para a Casa de Serralves s instalações de Cattelan são provocadoras e surreais, combinando impacto visual com profundidade conceptual. No mundo que construiu dentro da Casa de Serralves, um papa é dramaticamente atingido por um meteorito (La Nona Ora, 1999), pombos pousam silenciosamente por cima como testemunhas caladas (Ghosts, 1997), uma banana está solitária, colada com fita a uma parede (Comedian, 2019), ou uma Capela Sistina em miniatura traz a grandiosidade renascentista à escala humana (Untitled, 2018). Noutro local, um ditador é reduzido ao ridículo (Him, 2001), e um homem e um cão deitam-se lado a lado, aparentemente unidos num sonho partilhado ou num derradeiro repouso (Breath, 2021). O espaço expositivo assume um papel crucial na forma como estas obras são experienciadas. Cattelan presta especial atenção ao enquadramento, à perspetiva e à relação do visitante com a peça, inspirando-se tanto na arte conceptual e minimalista como em abordagens fenomenológicas do espaço. As suas criações não são meramente dispostas para serem vistas. São, antes, cuidadosamente encenadas e pensadas para dialogar com o contexto e envolver ativamente o público, transformando a percepção do ambiente que as acolhe. O título da exposição, “Sussurro”, permanece deliberadamente ambíguo. Através deste gesto curatorial, a exposição convida os visitantes a refletirem sobre a autoridade institucional, o valor cultural e as forças subtis que moldam a nossa compreensão da arte e da história. Maurizio Cattelan, nascido em Pádua, Itália, em 1960, é internacionalmente reconhecido pelas suas obras que questionam e subvertem os sistemas de valores contemporâneos. Desde o início da década de 1990, o seu trabalho tem-se destacado por combinar humor com reflexões profundas sobre a história e a sociedade. A exposição contará ainda com um novo catálogo, que inclui um ensaio visual de Maurizio Cattelan e textos de Philippe Vergne, Bernard Blistène e Cecilia Alemani. “Sussurro” estará patente na Casa de Serralves de 3 de julho a 11 de janeiro de 2026. Fonte: Fundação de Serralves |