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MACAM VENCE PRÉMIO VILALVA 20252025-10-03![]() O palácio dos Condes da Ribeira Grande abriu portas em março de 2025, tal como o seu proprietário o havia sonhado: albergando um museu e um hotel, o MACAM. Nos 18 anos que separaram a compra do imóvel e a sua abertura ao público, Armando Martins conseguiu sobreviver à crise do subprime e aos desafios colocados pela pandemia da Covid-19, mas a reabilitação e ampliação do Palácio mereceu a atenção do júri do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva, que o escolheu como merecedor da distinção, em 2025. O júri, presidido por António Lamas, referiu na ata que se trata de “uma das mais importantes edificações palacianas lisboetas de meados do século XVIII, época de grande dinamismo construtivo e de revalorização da Rua da Junqueira como eixo entre a cidade e o Palácio Real, instalado, depois do terramoto de 1755, na Real Barraca da Ajuda. Ao longo do século XX, o vasto edifício foi, na quase totalidade da sua área, ocupado por instituições escolares, a mais duradoura das quais, a Escola Secundária Rainha Dona Amélia.” O palácio foi intervencionado pela Metro Urbe, dirigida pelos arquitetos João Pedras e Hélder da Silva Cordeiro, que criaram, ainda segundo o júri, um equilíbrio cativante entre a salvaguarda e restauro patrimoniais e as exigências estruturais, funcionais e estéticas dos novos equipamentos. Armando Martins conta que “juntar os dois programas [o museológico e o hoteleiro] nasceu de uma necessidade material. Um Museu é uma atividade negativa [que dá prejuízo] e tínhamos de criar uma atividade lateral que fosse ‘mecenas’. Espero que este casamento seja perfeito” e, sobretudo, sobreviva ao seu fundador. A filha, Sophia, já trabalha com o pai e a neta, de 11 anos, já está discretamente em formação, diz. A preocupação de João Pedras foi outra. Arquiteto, quis erigir uma “obra que respeitasse e valorizasse o espaço e oferecesse uma experiência em que a arquitetura também seja uma arte”. O desafio era grande. Exigia uma “intervenção no edifício existente e o crescimento para alas novas – e um diálogo não antagónico com diferenciação entre o existente e o contemporâneo”. Implicava ainda a adequação aos constrangimentos legais e patrimoniais, bem como às regras atuais de construção, segurança e conforto capazes de albergar tanto um projeto museológico (e Armando Martins já terá 600 a 650 obras) como um projeto hoteleiro de cinco estrelas. Isto sem referir todos os percalços e todas as surpresas que costumam surgir durante as obras. Neste caso, houve necessidade de reconverter ou destruir os pavilhões construídos para responder às necessidades da então comunidade escolar, mas também a descoberta de lareiras e fontes escondidas por trás de paredes ou de baixo do pátio. E houve ainda o desafio de nivelar, com o edificado, a fachada construída de propósito para dar uma dimensão apalaçada e uma unidade a um conjunto de edifícios pré-existentes. Sobre o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva Criado em 2007 em homenagem a Vasco Vilalva, o Prémio tem tido por objetivo assinalar intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património. O Prémio Gulbenkian Património – Maria Teresa e Vasco Vilalva tem o valor de 50 mil euros. Fonte: MACAM |