|
LIVRO DEDICADO A JULIÃO SARMENTO (1948-2021) VAI SER LANÇADO AMANHÃ EM LISBOA2025-03-07![]() A sessão de lançamento de “O Que Está Para Vir: Uma vida com Julião Sarmento”, de Helena Vasconcelos, decorrerá no Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), pelas 16h30, com a presença da autora e apresentação do curador de arte Delfim Sardo, vogal do conselho de administração do Fundação CCB. Com chancela da Quetzal Editores, o livro, já disponível nas livrarias, narra uma história de amor e de interesses comuns pela voz da escritora e critica literária que foi sua companheira durante 14 anos, entre 1974 e o final dos anos 1980. "Achei por bem escrever sobre ele, para ele. Precisava de o fazer. Como uma forma de terapia, de consolo", escreve a autora numa nota introdutória do livro dedicado ao artista plástico de dimensão internacional que morreu em 2021. A obra centra-se num período em que Julião Sarmento já tinha conquistado espaço em Portugal, e estava a dar passos além-fronteiras. Esse tempo fica marcado por um contexto em que o país está a sentir o impacto da Revolução de Abril, com a liberalização dos costumes, do pensamento e do gosto, mostra-se prolífico na promoção das artes, no desenvolvimento da cultura urbana e de um estilo de vida boémio. "O Julião abriu a porta. À minha frente estava um homem jovem, magro e muito alto, não propriamente bonito, mas muito atraente. Reparei que tinha uma camisa de ganga aberta quase até à cintura e umas calças bem apertadas. Do pescoço pendia uma corrente de prata com um escaravelho egípcio. Agradou-me imediatamente", descreve Helena Vasconcelos sobre o primeiro encontro com o artista nascido em 1948. A autora considera que a existência em comum foi sobretudo de "descoberta e das experiências", e que o período depois da separação foi o de maior pujança e maturidade para o artista: "Foi um tempo importante. No entanto, mesmo que nunca nos tivéssemos cruzado, ele teria sido, e será sempre, um grande artista, um dos mais importantes da sua geração, a nível global", conclui a escritora nascida em Lisboa, que viveu alguns anos em Goa, Índia e Moçambique. O casal encontrou-se num tempo em que se vivia uma descoberta a todos os níveis: locais noturnos, sexualidade, moda, exposições, música, meios alternativos à estrutura familiar tradicional burguesa. "Nunca mais existiu o fluxo de ideias e de movimentos, de ligações e de feitos como nos anos 70 e 80 do século XX. No mundo da criação artística deu-se um verdadeiro terramoto", considera a escritora, sobre o "quebrar de barreiras" e o "impulso em direção a alguma coisa grandiosa". Helena Vasconcelos descreve Julião Sarmento, desde o primeiro momento em que o conheceu, como um "artista total e livre", um humanista, de coração generoso para com os amigos e causas, muito exigente no seu trabalho. "Estas são as memórias possíveis de um tempo de amor e amizade, para além da vida e da morte", resume a autora de 'A Infância é um Território Desconhecido', e 'Humilhação e Glória', que confessa ter ficado em choque quando soube da morte de Sarmento, com quem manteve sempre contacto, numa "amizade profunda". Fonte: culturaaominuto |