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PINTURAS REDESCOBERTAS NO RESTAURO DE UMA IGREJA MEXICANA APÓS 80 ANOS DE OBSCURIDADE2025-01-08 Durante décadas, o interior do Templo de Nossa Senhora da Assunção, uma igreja na cidade de Santa María Huiramangaro, no México, manteve-se totalmente branco, com detalhes em azul. Mas a paróquia nem sempre esteve tão vazia. Uma nova restauração revelou uma série de pinturas religiosas resplandecentes do século XVI que antigamente cobriam o teto da igreja histórica. O projeto, levado a cabo por participantes como o Ministério da Cultura do Governo do México e o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), enviou uma equipa de profissionais para conservar o telhado da igreja. O que descobriram foram imagens antigas de santos e mártires — obras hagiográficas raramente encontradas na região de Michoacán — que tinham sido pintadas durante a década de 1940. A obra, afirmou em comunicado Laura Elena Lelo de Larrea López, restauradora especialista do Centro INAH Michoacán, “permitiu recuperar uma obra extraordinária na cobertura horizontal do altar-mor, e descobrir a riqueza artística, técnica e iconográfica evolução que marcou este local religioso.” O Templo de Nossa Senhora da Assunção foi construído no início do século XVI, quando Santa María Huiramangaro foi designada chefe de distrito, supervisionando as comunidades de San Juan Tumbio, Zirahuén e Ajuno. O edifício refletia os estilos arquitetónicos mudéjar, que apresentavam motivos ornamentados que se acredita terem sido originados por artesãos muçulmanos no século XIII, e plateresco, uma estética do gótico tardio e do início do Renascimento importada pelos franciscanos. Durante os trabalhos de restauro, foram descobertas três camadas pictóricas de iconografia religiosa no teto da igreja. A mais antiga, do século XVI, assistiu à utilização de tinta têmpera, que era aplicada em finas camadas de esmalte para representar várias personagens correspondentes aos santos Paulo, Pedro, Ágata de Cantânia e Catarina de Alexandria, bem como ao menino Jesus em hábito franciscano. As obras foram retocadas com tintas a óleo no século seguinte, acrescentando volume e cores às roupas das figuras retratadas. Quando a água secou na região, no século XVII, a igreja caiu em ruínas e Santa María Huiramangaro perdeu o seu estatuto de capital. “A desgraça foi uma bênção disfarçada, em termos de conservação”, disse Lelo de Larrea López, “pois, não tendo recursos para renovar o seu mobiliário religioso, os párocos do Templo de Santa María conservaram os seus ornamentos platerescos, e com muita da morfologia com a qual foi configurado.” Ainda assim, os especialistas descobriram evidências de um esforço de restauro no século XX. Foram utilizadas tintas acrílicas para retocar os rostos dos santos que, segundo o INAH, embora fiéis aos desenhos originais, “tinham como principal objetivo embelezar a ornamentação do presbitério”. Durante as obras de remodelação da década de 1940, a iconografia do telhado da igreja foi pintada de branco, com desenhos a azul. A repintura, observou Lelo de Larrea López, “causou uma alteração na aparência do local”. A última conservação removeu a camada repintada e restaurou partes em falta das pinturas. Além disso, o teto foi limpo de pó e excrementos de animais, reforçado com juntas e enxertos de madeira e fumigado para afastar os insetos que comem madeira. Outros elementos do telhado, como mísulas, divisórias e entalhes em cordas franciscanas, também foram renovados. A obra marca a última fase de um grande restauro do Templo de Nossa Senhora da Assunção, que começou há uma década com o foco no seu retábulo-mor. Apesar de uma desmontagem (realizada para resolver um colapso na parede posterior da igreja), os conservadores encontraram o artefacto num estado bem preservado. Ao longo de 2022 e 2023, repararam danos nas suas cornijas e esculturas e desfizeram uma repintura para revelar a sua folha de ouro e policromia originais. A equipa planeia voltar-se para os outros retábulos da igreja na próxima etapa do projeto. Fonte: Artnet News |