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Luís Baganha de Freitas
Artista e arquiteto paisagista
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Qual a última boa exposição que viu?
'Nadir Afonso – A irresistível paixão pela pintura', em Faro.
Que livro está a ler?
A reler 'A Insustentável Leveza do Ser', de Milan Kundera.
Que música está no topo da sua playlist actual?
Vou ouvindo músicas aleatoriamente, mas tenho músicas que ouço regularmente - por exemplo: 'Fratres', de Arvo Pärt, ou 'Dance of the knights ', de Prokofiev - profundamente inspiradoras para mim.
Um filme que gostaria de rever…
'Knight of Cups', de Terrence Malick.
O que deve mudar?
Alguns egos. Impossível!
O que deve ficar na mesma?
A natureza! Preservar o que ainda está em bom estado e restaurar o que está fragilizado.
Qual foi a primeira obra de arte que teve importância real para si?
Nas artes visuais vêm-me muitas à memória, não consigo destacar uma. Creio que a lembrança mais antiga de uma obra de arte que realmente me impactou seja 'As Quatro Estações' de Vivaldi.
Qual a próxima viagem a fazer?
Cairo, Egipto.
O que imagina que poderia fazer se não fizesse o que faz?
Jardinagem.
Se receber um amigo de fora por um dia, que programa faria com ele?
Conversas longas – leves, profundas, táteis... por aí (não importa o lugar), de preferência longe de multidões. Sem planos. Fazer desse dia algo memorável.
Imaginando que organiza um jantar para 4 convidados, quem estaria na sua lista para convidar? Pode considerar contemporâneos ou já desaparecidos.
Séraphine Louis, Claude Monet, Olivier Filippi e Piet Outdolf.
Quais os seus projetos para o futuro?
Fui recentemente selecionado para a Bienal de Arte de Londres 2025, que irá realizar-se de 16 a 20 de Julho, com a obra '3350 anos'.
Esta obra apresenta-nos a árvore por excelência — aquela que, independentemente do porte, da idade, da espécie ou do lugar que ocupa, impõe a sua presença à existência humana. A sua leveza evoca o verdadeiro significado de palavras como sabedoria, resiliência e dignidade. A árvore em destaque remete-nos para uma oliveira milenar que, pela sua longevidade marcada por vivências e memórias, transmite-nos serenidade e esperança — eleva-nos e conecta-nos com a nossa verdadeira essência.
De um modo geral, o meu trabalho artístico — intimamente ligado à natureza — aborda temas como o lugar, a identidade e a paisagem, nas suas diversas abordagens: estética, antropológica, geográfica e ecológica. A (re)interpretação e representação da paisagem, em diferentes contextos espaciais e temporais, bem como da natureza e dos elementos que a compõem — características recorrentes nos meus trabalhos — refletem uma observação atenta do real, muitas vezes transposto para o imaginário; a influência da minha profissão; e a ligação íntima e constante que mantenho com a natureza."
No futuro pretendo continuar a desenhar árvores e jardins.
Luís Baganha de Freitas, 3350 (2022). Caneta sobre papel, 110x75cm.