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MARIA BERNARDINO
CATARINA REAL
11/08/2021
Maria Bernardino (Macau, 1992) tem vindo a desenvolver uma prática artística que se caracteriza sobretudo pelo uso do desenho e da escultura, passando pelo texto e por uma crescente recorrência ao trabalho em parceria ou colaboração. Com uma atitude holística perante a vida e também perante o fazer artístico, fala-nos do seu percurso desde a licenciatura nas Caldas da Rainha ao actual curso de Medicina Tradicional Chinesa, passando pela brincadeira e pela incompletude.
Esta conversa decorreu via videochamada durante o último confinamento.
Por Catarina Real
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CR: Acho mesmo curioso o facto de estares a estudar Medicina Tradicional Chinesa. Juntando a isso o facto de teres nascido em Macau, há uma lente através da qual passo a ver o teu trabalho. Embora não costume colocar ênfase nos dados biográficos, pedia-te que me falasses um pouco do teu percurso, à luz desta relação enunciada.
MB: De que forma é que eu vou parar à Medicina Tradicional Chinesa e como é que isso se explica a partir da minha biografia? Há várias razões. Uma delas foi o facto de ter tido várias pneumonias e bronquites quando era mais nova e ter sido tratada com acupuntura. Desde aí que tenho curiosidade nos métodos, em como aquilo realmente funciona. Depois, o facto de ter nascido em Macau e ter vivido lá até aos cinco anos, e de toda a minha casa estar rodeada de influências chinesas. Há também duas outras coisas, que podem até estabelecer uma relação mais directa com o meu trabalho enquanto artista: uma delas é o facto de a medicina chinesa ser uma espécie de ciência e arte reunidas, por unir princípios holísticos, por nunca se ter separado da filosofia e da religião, e por ter uma linguagem muito hermética, muito própria, que muitas vezes se confunde com a poesia. É um território que me interessa, e também dentro das artes plásticas me interessam essas esferas. Depois há a parte de lidar com o outro, de o perceber e de tentar estabelecer uma relação. E isso é algo que me interessa também no lado artístico.
Talvez seja mais explícito usando o exemplo destas últimas gravuras que fiz no contexto da residência no Centro Português de Serigrafia. As gravuras partem dos signos. Vou usando essa pseudo ciência, que tem uma parte muito rigorosa do cálculo dos astros e tem também muito da compreensão do outro - está relacionada com esse movimento empático, de certa forma, de compreender o outro. São formas de organizar aspectos da personalidade ou essências.
CR: Signos do Zodíaco?
MB: Sim, parte deles, para depois romper esse lado cristalizado do signo e misturar linguagens que criem novas relações. O que eu expus agora foram as gravuras, mas o projecto ainda não está concluído. As gravuras são sobretudo iconográficas. Em grande parte delas há o referente da linguagem astrológica - o próprio signo em si - mais ou menos explícito, outras resultam de uma livre associação das características de determinado signo. E interessam-me muito os escritos astrológicos, que existem em todas as versões, desde os mais patéticos e básicos, aos mais profundos, que têm uma relação muito forte com a natureza; o signo não é visto apenas como um conjunto de características mas explica a génese consoante o contexto em que se nasceu. Se se provém do Inverno ou do Verão, se são as águas profundas, tépidas ou límpidas... Interessa-me compreender todos esses esquemas simbólicos, onde se insere também o da medicina tradicional chinesa. Por exemplo, pessoas que sofrem do coração e do fígado são apontadas como tendo uma tendência psicológica particular. São sempre esquemas ou constelações que funcionam numa lógica de produção de semelhanças. A semelhança pode estabelecer-se através de algo interno, como no caso do funcionamento dos órgãos do corpo, ou pode ter um referente externo, como a posição dos planetas no momento do nascimento, no caso da astrologia.
CR: Falavas da relação com o outro, a partir dessas gravuras. Neste caso, é apenas realizada pela imagem, e pelo evocação da leitura do outro, ou há outras componentes relacionais?
MB: O projecto não está acabado e será completado com uma parte de texto. As gravuras foram pensadas para um painel e essa parte de texto existirá à parte, talvez num desdobrável ou em formato de livro. Já comecei alguns dos textos, mas não estão ainda terminados. Nesses textos penso que se encontrará alguma paródia em relação com esse elemento da astrologia; com essa astrologia mais básica que às vezes é uma comédia tremenda, mas também com a profundidade que encontro ao explorar esse território.
CR: Que é uma espécie de brincadeira, também? Em parte digo-o porque falámos anteriormente sobre o projecto que estás a desenvolver com a Luísa Abreu, que anda em torno do jogo, mas também porque mesmo estes teus “Ajudantes” e a referência, a partir do texto do Agamben, às figuras que vêm da literatura infantil, me remetem para ideias de infância, ou mesmo de infantilidade. Revês-te nessa espécie de prática de brincar?
MB: Sim, sim. Na verdade acho que isso é mesmo muito importante. Acho importante preservar essa brincadeira. Senti sempre que o trabalho deveria ser o lugar onde o sério está implicado mas também um lugar de recreio, de jogo. De tempos a tempos é essencial lembrar-me desse impulso vital, e encontrar o espaço para conseguir ver o mundo a partir da lente da brincadeira, da paródia.
No caso dos “Ajudantes”, isso é claro. Relaciona-se com uma espécie de personagens absurdas, que às vezes aparecem nas narrativas, e que nós não sabemos bem o que é que elas andam para ali a fazer, ou a razão pela qual existem. Mas elas estão lá, têm uma presença, e muitas vezes vêm desse reino do absurdo.
CR: Interessaram-me também os títulos que foste dando, individualmente, a estes assistentes.
MB: Por exemplo, “Metade Lembrança, Metade Talismã”, remete para o facto de eles terem uma função mas não ser evidentemente exprimível.
Eles parecem servir um propósito, e nesse sentido são ajudantes.
“O mensageiro”, “O cara de palhaço”, “O deixado para trás" ou “ O assistente mata moscas”, são outros dos títulos dessa série. Apontam a função ou nomeiam uma possível identidade dessas figuras incompletas.
CR: Por uma questão de parecença?
MB: Sim. Há qualquer coisa que se assemelha, mas acabam por nunca parecer o enunciado por completo. Há um apelo, há uma evocação. Muitas vezes parecem figurinos, já nem são bem as personagens, são um vestígio das personagens. E têm um sentido quase teatral, sobretudo as peças de parede.
CR: Achas que existe uma constante, na tua prática, desta espécie de evocação incompleta das coisas?
MB: Para mim os referentes estão sempre lá, e sempre escondidos. Embora eu coloque um sinal, esse sinal é sempre menos do que a coisa para a qual aponta. O sentido promete sempre mais. É nessa promessa que se revelam os sentidos possíveis. A indeterminação e a ambiguidade fazem parte desse jogo.
Não acredito em fechar as coisas em lógicas estanques, mas acredito muito em explorar a linguagem das artes plásticas e ser atravessada por sensações, ideias, textos que ando a ler, e essas coisas acabam por integrar-se todas na minha prática. Nessa altura encontrei esse texto do Agamben, que se chama mesmo “Os ajudantes”, em que ele fala destas figuras que aparecem nas narrativas e que parece que não fazem nada de jeito, mas que por algum motivo acabam por salvar tudo. E isso interessou-me. Às vezes sou levada pelos materiais com que trabalho, por blocos de sensação, não acredito numa prática meramente formalista, essa não é suficiente para me motivar a trabalhar. Mas há um momento em que a viagem pela viagem é importante, ou, no caso do desenho, o desenho pelo desenho. Porque há aí aventura, há uma entrega total ao momento presente. Uma linha ao ser inscrita conduz-nos ao presente, um presente em que cada golpe é decisivo, e essa concentração é absolutamente fascinante.
CR: Pedi-te para começarmos com a tua biografia precisamente por causa de uma série de desenhos. Algures, no texto que os acompanha, escreves que eles podem ser lidos em qualquer orientação. Como eles me remetem para uma espécie de escrita assémica, isso prendeu-me a atenção, porque não têm neles a tradição de leitura - ou composição, como quisermos - ocidental.
MB: Essa questão de não virem de um referencial cartesiano, ou de estarem à procura de um “ponto sem dimensões”, onde as coisas podem ser vistas de trás para a frente e vice versa, podem ser lidas como uma planta e logo depois serem lidas como perspectivas - era exactamente isso que, na altura, me interessava. A dobra ou inflexão que acontece no espaço e que faz sempre deles um espaço ambíguo. Nesse sentido fogem à lógica ocidental, mais relacionada com a do referencial cartesiano, precisamente.
CR: Pedia-te também para me falares um pouco do teu percurso académico. Já o tinha presente, mas no decorrer destas entrevistas tenho ganho maior consciência da influência das diferentes escolas na estruturação de pensamentos artísticos diferenciados.
MB: Em certa medida, não há escola para o fazer artístico. Noutro sentido, a escola gera condições para que se possam criar convicções e acaba por sugerir determinadas famílias ou linhas. O mais importante que acontece na escola - e como falávamos antes de começarmos a entrevista, eu partilhei durante muitos anos espaço de trabalho com muitos colegas, primeiro na ESAD e depois no Ar.Co e depois, já fora da escola, num atelier em Xabregas - são os encontros. Eles também ajudam a determinar a inserção em determinadas famílias e a exclusão de outras.
Estava no outro dia numa galeria com uns amigos que não são da área das artes plásticas e eles estavam-me a questionar sobre as obras que têm uma base laboratorial, ou seja, que trabalham o material pelo material, que exploram diferentes variáveis, e que levam a prática das Artes Plásticas a assemelhar-se a uma prática de laboratório. Acabei por dizer-lhes que nas Caldas isso existia bastante. Uma ideia das Artes Plásticas como um lugar de experimentação. Quase que nos era pedido que não tivéssemos muitos conceitos, pelo menos à partida, seguindo uma linha de pensamento em que tê-los, numa fase inicial, pode bloquear esse lado de exploração dos meios e da gramática específica das Artes Plásticas. E como é que isso acabou também por condicionar - e isto eu não acho, pessoalmente, muito interessante - pessoas que acabaram por abandonar e não regressaram a esses conteúdos e que acabaram por dissociar o indissociável que é a forma e o conteúdo. Como te disse, acredito que é importante explorar as linguagens específicas dos meios - e isso foi uma coisa que as Caldas e o Ar.Co me deu, porque eu vinha da António Arroio cheia de conceitos e ideias e, de repente, foi muito fresco trabalhar esse lado, através de uma experiência muito laboratorial - mas depois havia qualquer coisa que me parecia incompleta nesse lado.
CR: Estavas em tensão com essa abordagem mais formalista, mas decidiste continuar no mesmo modelo de ensino.
MB: Continuo a achar que há um lado importante nessa exploração dos materiais e das linguagens específicas de cada medium. No entanto, o professor Manuel Castro Caldas, que me acompanhou no meu percurso no Ar.Co, não era assim tão formalista. Existiam as duas vertentes nele. O Manuel dava-nos aulas teóricas na quinta de São Miguel, em Almada. Foram aulas muito importantes para a minha aprendizagem. Um dos textos que ele nos apresentou, que me marcou muito foi o Adventures of the Symbol: Magic for the Sake of Art, do Francesco Pellizzi. Esse texto estabelecia uma relação entre os objectos de arte contemporânea e os objectos mágicos primitivos, no sentido em que o objecto de arte pode também ser feito para que se acredite nele. O seu efeito reside, não só na sua presença física mas também no seu poder de evocar coisas, de nos levar a acreditar num referente escondido, no seu conteúdo.
CR: Quando começaste a tua resposta disseste que a escola fundava convicções, quais é que achas que estas escolas formaram em ti?
MB: Isso é, de facto, difícil de responder, é preciso conhecermo-nos muito bem.
Acho que é muito normal, aqueles que trabalham com o material, depois terem uma fraca fluência verbal. E eu muitas vezes também sou um bocadinho afásica a introduzir ou explicar os porquês de ter feito alguma coisa. Normalmente é sempre depois de algum tempo que consigo explicar de forma mais clara e falar sobre os trabalhos porque no início tenho imagens, desejos e ideias mas aquilo só se funde tudo no próprio processo.
Essas convicções, no fundo, não são coisas... não são enunciados. Não te posso dizer que acredito que a arte tem de ser isto ou aquilo. Acredito que as convicções estão subterrâneas, inclusive em tudo o que falamos até aqui. Depois, claro, há coisas muito específicas em que não acredito e que poderia mais facilmente ir dizendo “Isto não”, “Isto não”... Até acho que é assim que funciona a forma de criar as convicções, por exclusão.
CR: Posso-te colocar a pergunta por aí... O que é que claramente não é uma convicção tua?
MB: Vou tentar ao contrário, e deixar de ser envergonhada.
Eu acredito que os objectos de arte têm muito a ver com trazer imagens que sejam singulares, imagens que conseguem produzir uma ruptura na repetição que o dia-a-dia impõe, e que nesse sentido são imagens com o poder de nos fazer despertar. Estar vivo não é o mesmo que estar desperto. Acredito que as ideologias, a comunicação, as mensagens são aspectos que saltam para um plano secundário, podem existir mas não são essenciais. Em primeiro planos está a poesia, a capacidade que os objectos têm de nos fazer sentir alguma coisa ou a sua capacidade de produzir uma ruptura na nossa forma de ver.
CR: E não achas que as imagens que vêm das artes plásticas são apenas acedidas por aqueles para quem elas já não são uma surpresa?
MB: Não estou segura disso. Acredito que o acesso possa também ele ter várias camadas e esse efeito pode ser provocado a vários níveis. Tanto aos que estão dentro do círculo como fora. Há coisas muito específicas de cada uma das outras áreas também.
CR: Falava num sentido literal de acesso.
MB: Os discursos são coisas muito específicas de cada área, digo-o mesmo por me relacionar com muitas pessoas que não são artistas. E consigo ver a dificuldade de acesso. E consigo também surpreender-me com o acesso que acontece.
Por outro lado, também acho que sofri bastante com a ideia de pensar que as coisas que fazia eram feitas... não mexiam com o mundo na sua generalidade, eram só feitas para um círculo pequeno. Comecei a compreender que em todas as áreas isso acontece, quem pertence a cada área diferente tem a ela um acesso diferente. E isso, de certa forma, é também válido. É uma espécie de comunidade que se reúne e que troca coisas, e que deita coisas fora, que partilha com o mundo mas há coisas que se encerram dentro da comunidade.
É o mesmo com a medicina chinesa. A linguagem é extremamente hermética e tem de ser traduzida para os pacientes. Desde que consiga traduzir a síndrome ou o que está a acontecer no corpo, já é suficiente. Não vou falar-lhes de vazio de Qi ou dizer que o rim não está a exercer a sua função na via das águas... pensariam que era louca.
Agora lembrava-me, noutro sentido, de artistas de quem gosto muito e que agregam outras componentes, como por exemplo o Francis Alys quando vai fazer as suas performances... há uma série de artistas em que esse lado de envolvência social é feita de uma forma mesmo rica. E que têm ao mesmo tempo essa poesia de que falava, e não deixam de ter outras camadas que são social e politicamente pertinentes. E mais, estabelecem de facto uma relação com a comunidade, permitindo que estas participem no fazer artístico, fazendo com que a arte deixe de ser acedida apenas por um grupo muito restrito.
CR: Estás à procura da poesia, com a tua prática?
MB: Sim, estou à procura desses momentos de contemplação em que as coisas parecem fazer sentido. E em que sinto intensamente alguma coisa.
CR: Finalizo com uma pergunta sobre imagens futuras; imaginas-te a congregar a prática da medicina chinesa com a prática artística?
MB: Eu vejo imensas trocas de uma para a outra. Muitas vezes estou nas aulas e estou com os óculos de artista e aquilo tudo é absolutamente fascinante para mim, mas de repente estou a memorizar imensos pontos para um teste e as suas funções e já não estou nesse sítio. Estou em constante viagem de um sítio para o outro; há muitas sensibilidades comuns e há muitas diferenças. No primeiro ano do curso ainda foi mais drástico, porque tinha os apontamentos das aulas, e ia assinalando aquelas que interessavam à Maria artista. Eram constantes essas coisas que eu queria extrair e retirar para a prática artística.
Há imenso material que vai migrar da medicina chinesa para o território artístico, acredito. Assim como há uma espécie de sensibilidade artística na prática da medicina chinesa. São ambas práticas onde a intuição é crucial. Há aspectos, como a leitura da língua, do pulso, que são ao mesmo tempo manuais e sensíveis. Só a questão de marcar os pontos para a acupuntura... se não tivesse o treino de alinhar os quadros, não conseguia! Até essas coisas simples, de ordem mecânica, consigo ver interferências. O trabalho que tenho tido agora na clínica, onde já estou a fazer acupuntura, é um trabalho de muita parceria com os colegas. De certa forma, ao longo deste meu percurso da medicina chinesa, tenho-me apercebido cada vez mais como gosto de trabalhar com outras pessoas e de fazer colaborações dentro das artes plásticas. Cada vez me interessa mais isso. Também acho que, a partir de certo ponto, uma pessoa deixa de ser o cão de guarda do seu trabalho, deixa de ter medo que as suas convicções sejam abaladas, porque elas já estão sedimentadas. A pessoa, o artista, já é aquilo, sem inseguranças. E aí, o facto de trabalhar com o outro, de querer ver o que resulta desse encontro, é perceber uma nova entidade a partir dessa relação. E isso fascina-me muito. Encontro também esse fascínio de perceber o outro na medicina tradicional chinesa. Ela tem muito isso: vês alguém e tens de conhecer o que essa pessoa precisa. A prescrição vai muito para além dos pontos de acupuntura correctos ou das ervas recomendadas. Interessa-me unir as duas coisas, mas não me interessa nada a vertente de arte terapia, por exemplo. Assim como acho mesmo curioso o facto de os manuais de medicina chinesa terem um design mesmo suspeito. Dei por mim quase a integrar uma linguagem desses livros, que é perfeitamente ácida para mim, mas que me interessa, ao mesmo tempo.
CR: Ao nível dos grafismos?
MB: O design de alguns livros é muito estranho, é mal feito. Há livros de meditação que parecem guias para computador dos anos noventa, coisas mesmo péssimas. Há desde livros lindíssimos, que vêm do lado exótico de uma cultura antiga, até outros livros que para mim são ácidos, mas que são simultaneamente surreais mas contemporâneos. Vou criando pastas, bancos de imagens no computador de materiais que vou recolhendo e alguns já incluem essas imagens.
Acontece-me também - quando estou a dar muita atenção à medicina chinesa e menos às artes plásticas - começar a ficar nervosa. O mesmo quando é ao contrário. Por isso ando sempre entre os dois, em equilíbrio. Gosto muito de ambas, acho que nunca deixarei de ver o mundo a partir da lente das artes plásticas, por muito que agora esteja a estudar medicina tradicional chinesa.