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outras cabeças, outras árvores e outras casas


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ARQUIVO:

O seguinte guia de exposições é uma perspectiva prévia compilada pela ARTECAPITAL, antecipando as mostras. Envie-nos informação (Press-Release e imagem) das próximas inaugurações. Seleccionamos três exposições periodicamente, divulgando-as junto dos nossos leitores.

 


PEDRO CABRITA REIS

outras cabeças, outras árvores e outras casas




GALERIA PEDRO OLIVEIRA
Calçada de Monchique, 3
4050-393 PORTO

09 MAI - 28 JUN 2025


INAUGURAÇÃO: 6ª feira, 9 de maio, às 22h, na Galeria Pedro Oliveira, Porto


PEDRO CABRITA REIS: outras cabeças, outras árvores e outras casas
10.05 - 28.06.2025


Gostaria de poder ainda fazer declarações de simplicidade ou elaborar sólidos argumentos que coroassem realidades indesmentíveis. Mas, ao invés de tudo isso vejo a inevitabilidade de muitas coisas numa coisa só. Como se aquilo a que generosamente chamamos realidade, se deleitasse no secreto prazer de ir desenvolvendo até ao infinito um obscurecimento inverso da enganadora clareza com que nos vai oferecendo pistas, circunstâncias, estados de espírito. Pertenço aos que amam na errância das aparências a possibilidade de encontrar um sentido. Necessariamente profundo, misterioso até, uma espécie de conhecimento total, infinitamente mais complexo do que o entediante exercício da justificação ou da causalidade a que por vezes se insiste em chamar de saber. Vejo uma árvore e nomeio-a: árvore. E sei que é também madeira e poderei dizer casa, barco, caixão, mesa. Vejo uma árvore e nomeio-a: árvore. E sei que é também fogo e poderei dizer território, viagem, morte, festa. Contudo reconheço a impossibilidade de aspirar à enunciação desse sentido pela mera enumeração destas evidências, para sempre enleadas no equívoco de sedutoras analogias formais. Mais do que a pobre elegia de coincidências confortavelmente simbólicas, o artista impõe-se a obsessão de descortinar na sua obra aquilo que o conduzirá a esse hipotético lugar total, em que para lá da relatividade da evidência ele julgue poder finalmente assistir à consagração de um sentido essencial. Para isso, tudo será usado, tudo lhe é dado manipular, aspirará talvez sem o saber, a um vampirismo que esgotará tudo aquilo em que tocar. É provável que talvez nada disto seja assim como se disse, mas sem dúvida que a inquietação falará sempre do trabalho do artista.

(Texto escrito por Pedro Cabrita Reis em 1988 para o catálogo da exposição “Cabeças, Árvores e Casas”, realizada na galeria “Roma e Pavia”, na rua D. Manuel II, 346 B, Porto, entre 14 e 29 de Outubro de 1988.)