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ARTISTA MÓNICA DE MIRANDA PARTICIPA NA BIENAL DE SHARJAH2025-02-04![]() A artista Mónica de Miranda apresenta na Biennial de Sharjah a exposição "Como se no mundo não houvesse oeste", que inaugura no dia 6 de fevereiro. Após a sua participação na 60.ª Bienal de Veneza com o projeto Greenhouse, Mónica de Miranda irá exibir em Sharjah, o seu mais recente projeto, que pretende dar a conhecer o trabalho do antropólogo angolano Augusto Zita, um dos primeiros antropólogos africanos a inverter o rumo da investigação antropológica para o colonizador. A partir do caderno de campo nunca publicado de Zita, a artista criou um filme onde dá voz às pesquisas do antropólogo e suas investigações no deserto do Namibe, onde ele concebeu um sistema cosmológico orientado para a natureza, tendo a luz como terceira dimensão. O filme retrata também a relação que Augusto Zita tinha com a welwitschia, uma planta que existe apenas no deserto do Namibe, considerada sagrada pelas culturas indígenas da região, um símbolo de resistência. No deserto, algumas destas plantas têm mais de três mil anos e as suas raízes têm mais de 30 metros, sendo consideradas canais de comunicação entre o submundo e o céu, que Zita recorria para os seus estudos antropológicos e que consultava como uma espécie de oráculo. Augusto Zita, pelos seus métodos contrários às epistemologias do ocidente, nunca foi aceite como um cientista, mas os seus estudos agora são um documento relevante nos conhecimentos indígenas do solo e da terra. A exposição inclui ainda uma série de imagens que retratam os resquícios coloniais portugueses no deserto de Namibe, no Towba e na Baía dos Tigres, no sul de Angola, esta última uma aldeia 'fantasma', fundada por pescadores do Algarve, por volta de 1860, e que foi habitada por eles até ao final do período colonial, em 1975, e posteriormente abandonada. O trabalho da artista explora a relação entre espaço e tempo, natureza e história, memória e terra através da lente de cosmologias não ocidentais e conceções de tempo e espaço utilizando meios de fotografia e filme, informadas pelas práticas de Zita e pela obra literária, cinematográfica e antropológica de Ruy Duarte Carvalho. "Como se no mundo não houvesse oeste" reúne documentos concretos da história com explorações estéticas sistemáticas que visam trazer à luz as memórias, ideias e concepções ocultas da realidade e retratam a queda do império português e as ruínas coloniais desse império que agora são engolidas pela natureza num ato de regeneração natural. A Biennal de Sharjah, atualmente uma das mais importantes bienais de arte contemporânea a nível mundial, com mais de 30 anos de história, já recebeu artistas como Francis Alÿs, Issac Julien, Steve McQueen, Nil Yalter, entre outros. Este ano, a Biennial de Sharjah 16: to carryexplora a noção de tempo e história e une passados corporizados e futuros imaginados, tecendo histórias intergeracionais e heranças diversas, e conta com a curadoria de Alia Swastika, Amal Khalaf, Megan Tamati-Quennell, Natasha Ginwala e Zeynep Öz. A exposição "Como se no mundo não houvesse oeste" está patente na Biennial de Sharjah 16: to carry de 6 de fevereiro a 15 de junho de 2025. |