Links


ARTES PERFORMATIVAS


BLUE DAISY – UM VÓRTEX DE OBSCURA REALIDADE E HONESTA REVOLTA

RICARDO ESCARDUÇA

2015-11-11



 

A opção pela via mais fácil e mais confortável, por vezes até temerosa e cobarde, a fuga perante os medos e os temores que nos assolam o espírito, os demónios e fantasmas que receamos e evitamos, não é, quase sempre, o mais recompensador, o mais agregador de ensinamentos e experiências, o que nos conduzirá, por vezes por caminhos sem dúvida tortuosos e espinhosos, a lugares onde, uma vez atingidos, nos sentiremos inquestionavelmente mais libertos e mais equilibrados, e não é, outras tantas, aquele que nos faz mais expostos, mais transparentes e mais honestos perante nós mesmos e perante o mundo em que nos movemos. Por essa razão, em oposição à sua negação ou à sua negligência, que nos poderá deixar reféns e enclausurados numa dimensão pessoal menor e diminuída face ao que realmente poderemos ser, por que razão não deveremos encarar, confrontar e acolher essa nossa vertente mais íntima e pessoal, tão intimidante e ameaçadora quanto cativante e sedutora, que, no seu estado aparente nos poderá parecer crua, obscura e temível, mas que se nos pode revelar, afinal, inigualavelmente mais gratificante e mais estimulante para a nossa essência humana?

 

 

Este assombroso desafio é-nos lançado, nas suas próprias palavras, por Kwesi Darko, o ousado e destemido músico, MC, rapper e produtor, que adopta o nome artístico de Blue Daisy, natural da sempre efervescente Camden Town londrina, no seu mais recente álbum “Darker Than Blue” lançado em 25 de Setembro último pela conceituada e respeitada editora belga R&S Records, que já apôs o seu selo em trabalhos de outros incontornáveis nomes como Nicolas Jaar, James Blake, Aphex Twin, Lone, Moirée, Vondelpark ou Lakker – uma comunidade artística que não receia e cultiva o risco da aventura musical experimental e da inovação criativa na descoberta de inéditos ambientes sonoros.

 

 

Assumamo-lo sem demoras: “Darker Than Blue”, a par das restantes criações originais de Kwesi, não é um produto musical e artístico de fácil consumo – ele não simboliza e não representa o referido caminho fácil e confortável. Mas, assumamo-lo igualmente de imediato: é absolutamente incomum e marcante.

 

De acordo com as palavras de Kwesi, este trabalho nasce no âmago do seu submundo mais basilar e nuclear, nas suas entranhas mais profundas e viscerais; é a sua reacção e a sua forma de expressão forjadas no confronto e no desafio aos seus demónios interiores e exteriores – os primeiros versos da faixa homónima do título do LP não deixam margem para dúvidas: “Darker than blue / Arisen from the sewage / Rodent mentality / Birthed to the gutter / Raised up out of the ruins”. Este cenário dantesco não resume e encerra em si mesma, porém, a essência da identidade e da mensagem que o artista verte na sua música. Para lá deste impressionante e devastador invólucro imediato e superior que nos atinge sem contemplações, sentimos emergir e elevar-se uma sincera entrega de uma intimidade revelada, um puro desejo de partilha e de comunicação de uma consciência exposta que acrescenta estratos ainda mais substanciais e sofisticados ao universo sonoro e emocional que Kewsi nos oferece – uma bizarra mas bela catarse que, surpreendentemente, acaba por se revelar pacificadora e esperançosa depois de aterrorizadora e perturbante. Neste equilíbrio complementar de conteúdos opostos, Kewsi transmite-nos, acima de tudo, uma mensagem de um efectivo realismo que toca aqueles dois extremos e encara de frente, num intenso vórtex catártico, purgativo e redentor, tudo o que se encontra entre eles: entre a luz da vida concebida e as trevas da morte imposta, surgem as angústias e as alegrias, as dúvidas e as convicções, as frustrações e as conquistas, os embustes e as verdades, as evasões e os desafios.

 

 

“Darker Than Blue” é uma admirável e brutal experiência conceptual e musical que, em densas, compactas, ferozes e implacáveis atmosferas sonoras que descarregam uma poderosa energia pura e crua, sinuosas entre luz e escuridão, tão belas e libertadoras quanto aterradoras e claustrofóbicas, aborda conceitos a que poucos se arriscam numa pessoal e emocional dissecação dos confins da personalidade e das experiências pessoais de Kwesi Darko a que vulneravelmente se expõe e submete, ainda que intransigente para com a mais leve violação das suas convicções pessoais e artísticas. Inspirado pelo ambiente e experiências quotidianos e sem ceder no seu olhar frontal e crítico sobre eles e em resultado de uma prática artística intuitiva, experimental e que não receia ser exploradora, não por procurar deliberadamente uma sonoridade obscura e complexa mas antes como a forma de expressão que sente mais coerente, sincera e honesta para consigo mesmo, Kwesi cria neste extraordinário “Darker Than Blue” música arrojada, personalizada, ímpar e excêntrica que não teme desafiar, desviar e ampliar os padrões convencionais e estabelecidos e criar novos territórios musicais na sua individualizada identidade artística, ainda que mais bizarra e extravagante, sem se preocupar com sucessos comerciais ou tabelas de vendas e rejeitando qualquer categorização e enformação em géneros musicais específicos castradoras da sua individualidade artística.

 

 

Numa formidável composição musical caótica e frenética, quase selvagem e apocalíptica, que sobrepõe e acumula ritmos e beats de baixo e de bateria hostis, agressivos e ameaçadores e de címbalos estilhaçados, acordes e riffs de guitarras abrasivos, enfurecidos e opressores, melodias de teclados e pianos intimidantes e inibidores, a sua voz cavernosa, pedregosa e fantasmagórica que murmura, recita e grita versos de street-poetry e spoken-word, uma vasta variedade de cáusticas e acídicas percussões, graves e sisudos apontamentos clássicos de violino e violoncelo e efeitos sonoros sintetizados aplicados às ansiosas instrumentação e voz, não deixando de ser temperada por pequenas variações e gradações mais suaves, amigáveis e acolhedoras mas nem por isso menos relevantes e incisivas, somos transportados numa intensa, sinistra, tempestuosa e dramática mas absolutamente arrebatadora e entusiasmante viagem sónica híbrida, alucinogénia e experimental que funde ambient, hip-hop, trip-hop, jazz, grime, bassline, dubstep, punk-rock, entre outros géneros que Kwesi aglomera num variado e futurista conjunto de faixas, absolutamente singular e único, que, ditatorial, nos captura em absoluto na sua atmosfera sonora deslumbrante, excitante e distinta. “Darker Than Blue” é Kwesi exposto e despido, honesto e vulnerável mas confiante e seguro, revelando abertamente as suas diversas facetas rebeldes e anárquicas, melancólicas e fragilizadas, insinuantes e sedutoras.

 

 

Em oposição ao álbum “The Sunday Gift” de 2011, o seu primeiro longa-duração original, e a par de outras edições na sua carreira, nos quais sustentou primordialmente em sons e beats a sua forma de partilha de emoções e pensamentos, em “Darker Than Blue”, Kwesi sentiu chegado o momento de falar, de colocar a sua mensagem em palavras e de se expressar de forma mais entregue e mais declarada, assumindo o risco de se mostrar, a si mesmo e aos outros, sem manobras esquivas e sem esconderijos escapatórios. Tendo ponderado convidar outros artistas para parcerias vocais, à semelhança de alguns trabalhos anteriores, entre os quais Chance The Rapper, a quem destinaria uma participação em “Daydreaming”, apercebeu-se, a um dado momento, que a natureza intensamente pessoal e emocionalmente exigente de “Darker Than Blue” reivindicava que ele mesmo assumisse confiantemente o desafio de tomar o microfone e apoderar-se de “Darker Than Blue” como uma obra exclusivamente sua (sendo “Alone” a única excepção na qual Connie Constance, uma jovem vocalista londrina merecedora de grande admiração por parte de Kwesi e cuja carreira tomou a sua primeira forma no EP “In The Grass” lançado em 4 de Setembro, figura apenas na segunda metade da faixa).

 

 

Observando a sequência da tracklist que indicamos abaixo, é-nos fácil acreditar que a faixa homónima ao álbum, reforçada pela antecessora como seu prefácio, foi colocada na sexta posição das doze faixas que compõem o LP como a sua charneira e o ponto de viragem entre a primeira metade do álbum, mais calma, suave e introspectiva, e a segunda metade, psicadélica, torcida, violenta e enraivecida, num ciclo que se encerra e completa na última faixa ao regressar novamente ao registo inicial depois de nos deixar contraditoriamente e formidavelmente preenchidos e exaustos.

 

 

 

Com efeito, no amplo espectro emocional de “Darker Than Blue” – salientando as faixas que mais memoráveis nos são, se algumas nos é possível eleger e distinguir de entre o conjunto global – encontramos em “My Heart”, na abertura do álbum, um hino pleno de serenidade meditativa mas entristecida em acordes de teclado distintamente Fender Rhodes e das frases vazias de palavras da voz solo e dos corais algo gospel; na sequência da tracklist, em “Daydreaming”, o mesmo piano Fender Rhodes em acordes macios e resignados é agora contraposto por um beat R&B mais enérgico que adquire formas mais abstractas e arrítmicas, por percussões afiadas e pela voz algo mais manifestante de Kwesi, que reclama poder devanear solto e livre na sua imaginação e nos seus sonhos afastando-se da obsessão exagerada por falsos relacionamentos sociais de que não quer fazer parte num registo que se mantém suave e melodioso mas já desvenda discretamente que este álbum se trata de uma crítica manifestação a si mesmo e ao que assiste do mundo. Marcando a transição para a segunda metade do ábum, “Darker Than Blue” e a sua progressão sonora, que se inicia tranquila em frases de violino e de piano para, repentinamente, se transformar numa inquietante e agressora sobreposição do instrumental e dos versos em spoken-word, numa fria e pragmática ilustração do seu percurso pessoal de resiliência e perseverança na selva urbana quando nada começou por possuir, “saindo do esgoto e da sarjeta”, e tudo teve que conquistar a pulso derrubando obstáculo após obstáculo, o que, nessa batalha, apenas o fortaleceu enquanto pessoa. O caos infernal e destruidor do mundo e a resistência perante os demoníacos inimigos que buscam a aniquilação dos bravos que lhes resistem são o tema central em “Six Days” e “Gravediggers”, as faixas mais obscuras, atormentadoras e sufocantes na voz de Kewsi parecendo diabolicamente possuída e na sua sonoridade mais punk-rock e synth-rock plena de poderosos riffs de guitarras e robustas baterias e linhas baixos ao jeito bassline, acrescidos por frios e lancinantes efeitos sonoros, também presentes em “We’re All Gonna Die”, que recupera a presença dos teclados mas jazz e em que Kewsi, em rap, friamente nos atinge com o óbvio e incontornável título e refrão. A atmosfera sonora de “Let’s Fly Tonight” e de “You and Me”, uma apenas instrumental e sem palavra, invocando a reflexão e a espiritualidade profunda e interior, e a outra alguém que socorre em seu resgate, espelha o que poderá ser a última hipótese de sobrevivência no ambiente maléfico a que o resto do álbum alude.

 

 

A história musical de Kwesi Darko tem início no final dos anos ’00 pela mão de Mary Anne Hobbs, a famosa jornalista, locutora e DJ que conduzia, ao longo de toda essa década, o influente e eclético programa semanal de grande audiência BBC1’s Experimental Show, anteriormente intitulado The Breezeblock, cujo formato, assente na passagem de faixas individuais ou em setlists previamente misturados, atravessava uma vasta variedade de géneros de música electrónica. Ainda que visitando ambientes com pendor mais mainstream como o chill out, o acid jazz, o hip-hop, o techno, o funk e o reggae, dedicava especial atenção à música mais experimental e underground do drum & bass, do glitch, do IDM, do turntablism e às novas correntes do grime e do dubstep encontradas no epicentro da inovação da cena musical londrina das décadas de ’90 e de ’00.

 

Em 2009, o ainda desconhecido músico / MC / rapper / produtor musical sem representação editorial, natural da sempre efervescente Camden Town londrina, restringido e circunscrito ao estudo de Direito e aos computadores e sintetizadores com que, no seu quarto, dava asas à sua faceta musical e artística criando instrumentais assentes em beats e melodias, tentando conquistar a barreira do reconhecimento artístico em contactos e apelos sucessivos a DJ’s e editoras estabelecidos à semelhança de tantos outros beatmakers, envia para o dropbox de Mary Anne algumas faixas de sua autoria que, para seu pasmo, assombro e êxtase, a mesma rapidamente exibe no seu programa. A editora Black Acre, sediada em Bristol, cidade berço do trip-hop e cantão do creditado Tricky de quem qualquer apresentação adicional é absolutamente dispensável, a par de outros géneros como o dubstep de Burial, que já havia identificado Kwesi no soundcloud como um artista promissor a manter sob controlo apertado do seu radar, pega na deixa e junta o jovem produtor à família artística da editora. As primeiras peças do puzzle começam a formar uma imagem: em Agosto de 2009, Kwesi lança o seu single de estreia “Space Ex”, uma singular e peculiar faixa de inovadora sonoridade que mescla elegantemente numa unidade bem equilibrada o R&B suave e ameno da presença vocal em downtempo da cantora francesa La Note e das melodias discretas e esvoaçantes de teclados electrónicos em oposição, mais complementar do que contraditória, diversas texturas timbrais de efeitos sonoros electrónicos e sintetizados mais abstractos, minimalistas, glaciais e atordoantes com algumas características ambient e uma estrutura polirrítmica sustentada nas fortes linhas de subbasses distorcidos e reverberantes do bassline, que mereceu o título de Best New Track pela Pitchfork.

 

Encorajado por este primeiro passo prometedor e pelo destaque frequente que ia recebendo na programação de Mary Anne, sucedem-se até ao final de 2011 vários trabalhos que solidificam o lançamento da sua carreira: em Novembro de 2009, surge o EP “Strings Detached” que inclui quatro faixas originais, em Agosto de 2010 associa-se à artista e produtora baseada em Los Angeles Tokimonstra com quem edita as duas faixas do EP “USD / Free Dem”, seguindo-se uma outra parceria com a compositora, vocalista e produtora inglesa Anneka no mês seguinte traduzida no EP “Raindrops” que contém duas faixas originais compostas pela dupla e os respectivos remixes de autoria de John Talabot e de Sunken Foals e, em Maio de 2011, lança as três novas faixas do EP “3rd Degree” – uma sequência de trabalhos pontuais que, apesar da sua reduzida dimensão, não passam despercebidos à imprensa e aos restantes agentes do mercado, intermediados e alternados por breves períodos de recolhimento e concentração em nova produção artística, consolidando a curiosidade, a expectativa e o interesse em redor de Kwesi.

 

 

Ampliando o seu mérito intrínseco, esta série preparatória de edições culminou no lançamento em Outubro de 2011 do seu álbum de estreia “The Sunday Gift” galardoado com o título de Electronic Album Of The Year pela Mojo Magazine entre inúmeras outras elevadas críticas recebidas, cujas doze faixas, em que colaboram vocalmente nomes como Hey!Zeus, Heidi Vogel, Stac e Anneka geraram a edição de quatro singles e um remix, fintam habilmente as categorias musicais estanques numa fusão que parte das texturas abstractas e digitais do ambient experimental, minimalista e downtempo que Kwesi vinha produzindo até então nos trabalhos anteriores e que se nota em algumas das faixas do álbum mas evolui e começa a apontar em outras direcções, que os trabalhos posteriores solidificarão, com a adição de efeitos sonoros sintetizados mais desconcertantes e atonais como no dark-ambient, das fortes linhas de baixo e dos padrões de bateria reverberantes do grime, os vocais em rapping do hip-hop, os riffs distorcidos da guitarra e os sintetizados ruidosos do synth-rock, como que em antevisão do álbum de 2015.

 

Ainda que “The Sunday Gift” o tenha definitivamente colocado sob a mira do público e da imprensa, como atesta a mixtape “Soundtrack Of The Night Sky” editada para a FACT Magazine em Novembro de 2011, Kwesi mantém a sua postura pessoal e a sua conduta artística norteadas unicamente pela sua coerência consigo mesmo e pela definição dos próximos caminhos a tomar e das novas fronteiras a derrubar: novamente recolhido sobre si mesmo e a sobre a sua vivência interior, reaparece pontualmente do seu submundo em vários concertos sob a alçada do colectivo Tempo Clash, que integra e no qual constam outros nomes do panorama electrónico experimental e underground britânico como Kutmah e Om Unit e edita, em Junho de 2012, mais uma mixtape, desta feita para a Inverted Audio, e, em Agosto seguinte, as seis faixas do EP “Bedtime Stories”, novamente referenciado pela imprensa.

 

Sentenciado pelo seu genial talento a não passar demasiado tempo sem ser notado, em Fevereiro de 2013 regressa com o excepcional projecto “F??? A Rap Song” com o convidado Hey!Zeus – uma excepcional e vibrante faixa de um negro, áspero e asfixiante rap e hip-hop merecedora do título de “Single Of The Week” pelo The Guardian e que, apesar de aconselharmos vivamente a visitar em www.youtube.com/watch?v=J29KK5Q1lLQ, nos abstemos de publicar em virtude do seu conteúdo visual e linguístico.

 

 

 

A brilhante e incomum heterogeneidade e versatilidade artísticas de Kwesi continuam a expandir ao longo deste percurso de seis anos e, após “F??? A Rap Song”, a faixa que o despertou e cativou a explorar a sua voz até chegar a “Darker Than Blue” em que assume os vocais, surge mais uma série de EP’s: em Maio de 2013, “Used To Give a F???” e, em Setembro de 2014, “Mermaids”, cada um apresentando três faixas, intercalados em Fevereiro de 2014 pelas cinco excelentes faixas de “Psychotic Love”, entre as quais a faixa de abertura homónima ao EP e “Devil’s Pie” na terceira posição, um EP tão notável e extraordinário quanto “Darker Than Blue”. A escalada de sucessos e de reconhecimento permanece e, não sendo de menos arriscar afirmarmos que Blue Daisy, não deixando de criar o seu próprio espaço e identidade artísticas em resultado das suas relevantes irreverência e inventividade, é totalmente adequado à aprovação dos fãs de Tricky, o quase que inevitável e predestinado convite por parte deste para trabalharem juntos que o atesta toma forma na faixa “My Palestine Girl” do último álbum do célebre produtor e músico de Bristol, ao mesmo tempo que memoráveis apresentações ao vivo, seja a solo ou na abertura para bandas como os Public Enemy, se sucedem em actuações plenas de frenetismo caótico, de insurgente revolta, mas de genuína denúncia e sincera mensagem, que pasmam, arrasam e entusiasmam o público. O anúncio de “Darker Than Blue” não poderia ficar atrás dessas actuações e, dois dias antes do lançamento oficial, eis Kwesi novamente a agitar o status quo nas ruas de Camden, saindo inesperadamente das traseiras de uma carrinha em autêntica guerrilha de rua e oferecendo em plena calçada uma performance espontânea.

 

 

O diabólico, imprevisível e excitante Kwesi Darko vem construindo solidamente a sua carreira como um dos mais excitantes, versáteis e irreverentes artistas do universo britânico de inovadora música electrónica experimental e underground, ao mesmo tempo de que não abdica da sua personalidade e da mensagem que entende e sente ser necessário transmitir mesmo quando se expõe introvertido, frágil ou envolvente, ainda que para tal liberte em acções, actuações e na sua produção artística a sua natureza mais anárquica e insubmissa, e “Darker Than Blue”, revelador do seu excepcional potencial artístico de que ansiamos continuar a receber frutos, e as suas espessas e compactas muralhas sonoras nas quais não hesitamos em nos deixar capturar e entrincheirar, não nos deixa qualquer dúvida de que estamos perante um artista que ambiciona e deixará um relevante marco nos horizontes artísticos e musicais.




Outros artigos:

2024-03-24


PARADIGMAS DA CONTÍNUA METAMORFOSE NA CONSTRUÇÃO DO TEMPO EM MOVIMENTO // A CONQUISTA DE UMA PAISAGEM AUTORAL HÍBRIDA EM CONTÍNUA CAMINHADA
 

2024-02-26


A RESISTÊNCIA TEMPORAL, A PRODUÇÃO CORPORAL E AS DINÂMICAS DE LUTA NA ARTE CONTEMPORÂNEA
 

2023-12-15


CAFE ZERO BY SOREN AAGAARD, PERFORMA - BIENAL DE ARTES PERFORMATIVAS
 

2023-11-13


SOBRE O PROTEGER E O SUPLICAR – “OS PROTEGIDOS” DE ELFRIEDE JELINEK
 

2023-10-31


O REGRESSO DE CLÁUDIA DIAS. UM CICLO DE CRIAÇÃO DE 10 ANOS A EMERGIR DA COLEÇÃO DE LIVROS DO SEU PAI
 

2023-09-12


FESTIVAL MATERIAIS DIVERSOS - ENTREVISTA A ELISABETE PAIVA
 

2023-08-10


CINEMA INSUFLÁVEL: ENTREVISTA A SÉRGIO MARQUES
 

2023-07-10


DEPOIS DE METADE DOS MINUTOS - ENTREVISTA A ÂNGELA ROCHA
 

2023-05-20


FEIOS, PORCOS E MAUS: UMA CONVERSA SOBRE A FAMÍLIA
 

2023-05-03


UMA TERRA QUE TREME E UM MAR QUE GEME
 

2023-03-23


SOBRE A PARTILHA DO PROCESSO CRIATIVO
 

2023-02-22


ALVALADE CINECLUBE: A PROGRAMAÇÃO QUE FALTAVA À CIDADE
 

2023-01-11


'CONTRA O MEDO' EM 2023 - ENTREVISTA COM TEATROMOSCA
 

2022-12-06


SAIR DE CENA – UMA REFLEXÃO SOBRE VINTE ANOS DE TRABALHO
 

2022-11-06


SAMOTRACIAS: ENTREVISTA A CAROLINA SANTOS, LETÍCIA BLANC E ULIMA ORTIZ
 

2022-10-07


ENTREVISTA A EUNICE GONÇALVES DUARTE
 

2022-09-07


PORÉM AINDA. — SOBRE QUASE UM PRAZER DE GONÇALO DUARTE
 

2022-08-01


O FUTURO EM MODO SILENCIOSO. SOBRE HUMANIDADE E TECNOLOGIA EM SILENT RUNNING (1972)
 

2022-06-29


A IMPORTÂNCIA DE SER VELVET GOLDMINE
 

2022-05-31


OS ESQUILOS PARA AS NOZES
 

2022-04-28


À VOLTA DA 'META-PERSONAGEM' DE ORGIA DE PASOLINI. ENTREVISTA A IVANA SEHIC
 

2022-03-31


PAISAGENS TRANSDISCIPLINARES: ENTREVISTA A GRAÇA P. CORRÊA
 

2022-02-27


POÉTICA E POLÍTICA (VÍDEOS DE FRANCIS ALŸS)
 

2022-01-27


ESTAR QUIETA - A PEQUENA DANÇA DE STEVE PAXTON
 

2021-12-28


KILIG: UMA NARRATIVA INSPIRADA PELO LOST IN TRANSLATION DE ANDRÉ CARVALHO
 

2021-11-25


FESTIVAL EUFÉMIA: MULHERES, TEATRO E IDENTIDADES
 

2021-10-25


ENTREVISTA A GUILHERME GOMES, CO-CRIADOR DO ESPECTÁCULO SILÊNCIO
 

2021-09-19


ALBUQUERQUE MENDES: CORPO DE PERFORMANCE
 

2021-08-08


ONLINE DISTORTION / BORDER LINE(S)
 

2021-07-06


AURORA NEGRA
 

2021-05-26


A CONFUSÃO DE SE SER NÓMADA EM NOMADLAND
 

2021-04-30


LODO
 

2021-03-24


A INSUSTENTÁVEL ORIGINALIDADE DOS GROWLERS
 

2021-02-22


O ESTRANHO CASO DE DEVLIN
 

2021-01-20


O MONSTRO DOS PUSCIFER
 

2020-12-20


LOURENÇO CRESPO
 

2020-11-18


O RETORNO DE UM DYLAN À PARTE
 

2020-10-15


EMA THOMAS
 

2020-09-14


DREAMIN’ WILD
 

2020-08-07


GABRIEL FERRANDINI
 

2020-07-15


UMA LIVRE ASSOCIAÇÃO DO HERE COME THE WARM JETS
 

2020-06-17


O CLASSICISMO DE NORMAN FUCKING ROCKWELL!
 

2019-07-31


R.I.P HAYMAN: DREAMS OF INDIA AND CHINA
 

2019-06-12


O PUNK QUER-SE FEIO - G.G. ALLIN: UMA ABJECÇÃO ANÁRQUICA
 

2019-02-19


COSEY FANNI TUTTI – “TUTTI”
 

2019-01-17


LIGHTS ON MOSCOW – Aorta Songs Part I
 

2018-11-30


LLAMA VIRGEM – “desconseguiste?”
 

2018-10-29


SRSQ – “UNREALITY”
 

2018-09-25


LIARS – “1/1”
 

2018-07-25


LEBANON HANOVER - “LET THEM BE ALIEN”
 

2018-06-24


LOMA – “LOMA”
 

2018-05-23


SUUNS – “FELT”
 

2018-04-22


LOLINA – THE SMOKE
 

2018-03-17


ANNA VON HAUSSWOLFF - DEAD MAGIC
 

2018-01-28


COUCOU CHLOÉ
 

2017-12-22


JOHN MAUS – “SCREEN MEMORIES”
 

2017-11-12


HAARVÖL | ENTREVISTA
 

2017-10-07


GHOSTPOET – “DARK DAYS + CANAPÉS”
 

2017-09-02


TATRAN – “EYES, “NO SIDES” E O RESTO
 

2017-07-20


SUGESTÕES ADICIONAIS A MEIO DE 2017
 

2017-06-20


TIMBER TIMBRE – A HIBRIDIZAÇÃO MUSICAL
 

2017-05-17


KARRIEM RIGGINS: EXPERIÊNCIAS E IDEIAS SOBRE RITMO E HARMONIAS
 

2017-04-17


PONTIAK – UM PASSO EM FRENTE
 

2017-03-13


TRISTESSE CONTEMPORAINE – SEM ILUSÕES NEM DESILUSÕES
 

2017-02-10


A PROJECTION – OBJECTOS DE HOJE, SÍMBOLOS DE ONTEM
 

2017-01-13


AGORA QUE 2016 TERMINOU
 

2016-12-13


THE PARKINSONS – QUINZE ANOS PUNK
 

2016-11-02


patten – A EXPERIÊNCIA DOS SENTIDOS, A ALTERAÇÃO DA PERCEPÇÃO
 

2016-10-03


GONJASUFI – DESCIDA À CAVE REAL E PSICOLÓGICA
 

2016-08-29


AGORA QUE 2016 VAI A MEIO
 

2016-07-27


ODONIS ODONIS – A QUESTÃO TECNOLÓGICA
 

2016-06-27


GAIKA – ENTRE POLÍTICA E MÚSICA
 

2016-05-25


PUBLIC MEMORY – A TRANSFORMAÇÃO PASSO A PASSO
 

2016-04-23


JOHN CALE – O REECONTRO COM O PASSADO EM MAIS UMA FACE DO POLIMORFISMO
 

2016-03-22


SAUL WILLIAMS – A FORÇA E A ARTE DA PALAVRA ALIADA À MÚSICA
 

2016-02-11


BIANCA CASADY & THE C.I.A – SINGULARES EXPERIMENTALISMO E IMAGINÁRIO
 

2015-12-29


AGORA QUE 2015 TERMINOU
 

2015-12-15


LANTERNS ON THE LAKE – SOBRE FORÇA E FRAGILIDADE
 

2015-11-11


BLUE DAISY – UM VÓRTEX DE OBSCURA REALIDADE E HONESTA REVOLTA
 

2015-10-06


MORLY – EM REDOR DE REVOLUÇÕES, REFORMULAÇÕES E REINVENÇÕES
 

2015-09-04


ABRA – PONTO DE EXCLAMAÇÃO, PONTO DE EXCLAMAÇÃO!! PONTO DE INTERROGAÇÃO?...
 

2015-08-05


BILAL – A BANDEIRA EMPUNHADA POR QUEM SABE QUEM É
 

2015-07-05


ANNABEL (LEE) – NA PRESENÇA SUPERIOR DA PROFUNDIDADE E DA EXCELÊNCIA
 

2015-06-03


ZIMOWA – A SURPREENDENTE ORIGEM DO FUTURO
 

2015-05-04


FRANCESCA BELMONTE – A EMERGÊNCIA DE UMA ALMA VELHA JOVEM
 

2015-04-06


CHOCOLAT – A RELEVANTE EXTRAVAGÂNCIA DO VERDADEIRO ROCK
 

2015-03-03


DELHIA DE FRANCE, PENTATONES E O LIRISMO NA ERA ELECTRÓNICA
 

2015-02-02


TĀLĀ – VOLTA AO MUNDO EM DOIS EP’S
 

2014-12-30


SILK RHODES - Viagem no Tempo
 

2014-12-02


ARCA – O SURREALISMO FUTURISTA
 

2014-10-30


MONEY – É TEMPO DE PARAR
 

2014-09-30


MOTHXR – O PRAZER DA SIMPLICIDADE
 

2014-08-21


CARLA BOZULICH E NÓS, SOZINHOS NUMA SALA SOTURNA
 

2014-07-14


SHAMIR: MULTI-CAMADA AOS 19
 

2014-06-18


COURTNEY BARNETT
 

2014-05-19


KENDRA MORRIS
 

2014-04-15


!VON CALHAU!
 

2014-03-18


VANCE JOY
 

2014-02-17


FKA Twigs
 

2014-01-15


SKY FERREIRA – MORE THAN MY IMAGE
 

2013-09-24


ENTRE O MAL E A INOCÊNCIA: RUTH WHITE E AS SUAS FLOWERS OF EVIL
 

2013-07-05


GENESIS P-ORRIDGE: ALMA PANDRÓGINA (PARTE 2)
 

2013-06-03


GENESIS P-ORRIDGE: ALMA PANDRÓGINA (PARTE 1)
 

2013-04-03


BERNARDO DEVLIN: SEGREDO EXÓTICO
 

2013-02-05


TOD DOCKSTADER: O HOMEM QUE VIA O SOM
 

2012-11-27


TROPA MACACA: O SOM DO MISTÉRIO
 

2012-10-19


RECOLLECTION GRM: DAS MÁQUINAS E DOS HOMENS
 

2012-09-10


BRANCHES: DOS AFECTOS E DAS MEMÓRIAS
 

2012-07-19


DEVON FOLKLORE TAPES (II): SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA COM DAVID CHATTON BARKER
 

2012-06-11


DEVON FOLKLORE TAPES - PESQUISAS DE CAMPO, FANTASMAS FOLCLÓRICOS E LANÇAMENTOS EM CASSETE
 

2012-04-11


FC JUDD: AMADOR DA ELETRÓNICA
 

2012-02-06


SPETTRO FAMILY: OCULTISMO PSICADÉLICO ITALIANO
 

2011-11-25


ONEOHTRIX POINT NEVER: DA IMPLOSÃO DOS FANTASMAS
 

2011-10-06


O SOM E O SENTIDO – PÁGINAS DA MEMÓRIA DO RADIOPHONIC WORKSHOP
 

2011-09-01


ZOMBY. PARA LÁ DO DUBSTEP
 

2011-07-08


ASTROBOY: SONHOS ANALÓGICOS MADE IN PORTUGAL
 

2011-06-02


DELIA DERBYSHIRE: O SOM E A MATEMÁTICA
 

2011-05-06


DAPHNE ORAM: PIONEIRA ELECTRÓNICA E INVENTORA DO FUTURO
 

2011-03-29


TERREIRO DAS BRUXAS: ELECTRÓNICA FANTASMAGÓRICA, WITCH HOUSE E MATER SUSPIRIA VISION
 

2010-09-04


ARTE E INOVAÇÃO: A ELECTRODIVA PAMELA Z
 

2010-06-28


YOKO PLASTIC ONO BAND – BETWEEN MY HEAD AND THE SKY: MÚLTIPLA FANTASIA EM MÚLTIPLOS ESTILOS