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EXPOSIÇÕES ATUAIS


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’. Obra Spectrum VIII, 2014. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Auditório, Fondation Louis Vuitton. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. Obras Pair of Wood Reliefs e Three Gray Panels. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. Obra Yellow Curve. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. Obra Train Landscape. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. Obra Tableau Vert. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. © Constança Babo


Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. © Constança Babo

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ARQUIVO:


ELLSWORTH KELLY

SHAPES AND COLORS, 1949-2015




FONDATION LOUIS VUITTON
8 Avenue du Mahatma Gandhi
75116 Paris

04 MAI - 09 SET 2024


 

 


"a liberdade das cores no espaço é algo com que sempre estive envolvido."
Ellsworth Kelly

 

 

Ellsworth Kelly é um dos mais relevantes nomes da arte abstrata e da arte minimalista, e uma referência central para os seus pares e gerações seguintes. Conquistou um elevado reconhecimento na esfera da arte à escala internacional, no decorrer de mais de seis décadas de percurso artístico, o que é verdadeiramente notável, tendo daí resultado um valioso espólio de centenas de obras.

Entre um vasto repertório de formas plásticas, de desenho, pintura, escultura e instalações, todas as suas obras manifestam uma particular sensibilidade à arquitetura, desenvolvidas em relação e em diálogo com o espaço, muitas delas sendo concebidas especificamente para o lugar onde viriam a ser apresentadas.

Embora o estilo da criação artística de Kelly tenda, hoje, a ser-nos familiar, sobretudo na medida em que se trata de uma linguagem plástica e formal que se repercute em inúmeros artistas e que é analisada infinitas vezes pelas disciplinas da teoria da arte, é importante reconhecer a sua radicalidade face à época do artista. Kelly foi, efetivamente, inovador, um dos primeiros a defender que “a arte do futuro deve ir para a parede”.

Este ano, de 4 de maio a 9 de setembro, a Fondation Louis Vuitton, em Paris, presta homenagem a Kelly com uma exposição intitulada “Formes et couleurs, 1949-2015”, uma retrospetiva extensa e completa que faz justiça ao artista e enaltece uma obra rica, ímpar, excepcional. A mostra é comissariada em colaboração com o Museu Glenstone e o Ellsworth Kelly Studio.

Como a fundação francesa refere, Kelly “redefiniu a abstração na arte através de uma linguagem pictórica de formas refinadas e cores vibrantes, inspirada na observação do mundo ao seu redor”. Com efeito, a exposição é uma erupção de cores que brotam de obras estimulantes não só a nível visual, pois são, igualmente, profundamente sensoriais. Ao longo das galerias, desencadeia-se uma sucessão de provocações perceptivas e experiências estéticas que se desdobram numa cadência rítmica e vibrante.

Americano, nascido em Nova Iorque, Ellsworth Kelly estudou em Paris desde meados da década de 40 até ao seu final, onde privou e se deixou contaminar por artistas tais como Jean Arp, ou Hans Arp, o “autor do acaso”, e o incontornável Henri Matisse [1]. Terá sido, justamente, nessa temporada parisiense que Kelly reuniu as orientações e inspirações que instigaram o que veio a constituir uma das obras mais notáveis de arte contemporânea. No entanto, foi ao retornar aos Estados Unidos, em 1954, que o artista aprofundou a exploração da dimensionalidade e expandiu a escala das suas peças.

Assinale-se que, contrariamente a inúmeros artistas abstratos, as composições de Kelly têm enquanto ponto de partida elementos do mundo real. Era, pois, a partir de formas de janelas, de toldos ou sombras de escadarias que o artista projetava as suas abstrações.

Vários exemplares dessas singulares transfigurações encontram-se na atual exposição na Fondation Louis Vuitton.

Ao longo de amplas galerias, a obra de Kelly encontra-se disposta numa inteligente curadoria, com uma organização dinâmica e graças à qual se estabelecem diversas relações entre as peças e entre estas e o magnífico edifício assinado pelo arquiteto Frank Gehry.

Distribuídas por ordem cronológica, exibem-se, no total, mais de cem obras que datam de 1949 a 2015, entre pinturas, séries de desenhos, esculturas, colagens, instalações e fotografias. Desde as mais expressivas conjugações de cores a suaves monocromáticos, revelam-se a riqueza efusiva e a distinta delicadeza, que contrastam e simultaneamente se complementam no trabalho de Kelly.

Todas as inúmeras obras, algumas das quais as mais reconhecidas do artista, nos interpelam e desafiam, sobretudo as de maiores dimensões. Poderá destacar-se “Yellow Curve”, de 1990, uma das obras mais imersivas da exposição e que consiste numa instalação de mais de 60m², para a qual foi criado um espaço próprio. Também a sublinhar, as peças de grande escala que se instalam no auditório, entre as quais “Spectrum VIII”, encomendada em 2014 pela fundação, em diálogo com a belíssima arquitetura do espaço.

 

Vista da exposição ‘Ellsworth Kelly. Shapes and colors, 1949-2015’, Fondation Louis Vuitton. Obra Red White Blue. © Constança Babo

 

Retornando às galerias, também podem assinalar-se algumas composições geométricas e cromáticas, caso de “Train Landscape” (1953), que se joga entre dois verdes e um amarelo, conjugação propícia à leitura da obra enquanto uma paisagem. Já em “Red White Blue” (1968) o vermelho, o azul e o branco convocam tanto a bandeira americana, quanto a francesa. Também se sublinham trípticos tais como “Three Gray Panels”, de 1987, em que cada um afirma e conserva a sua identidade individual, embora, em conjunto, se completem numa inteligível plenitude.

Mencione-se, ainda, uma das primeiras obras de Kelly e uma das suas mais belas criações, “Tableau Vert”, de 1952, concebida após visitar os jardins de Claude Monet, em Giverny, tratando-se de uma pintura que remete para elementos naturais e para um outro artista.

Segundo as palavras do próprio, é “relva por baixo de água”, reportando-nos inevitavelmente para os reconhecidos nenúfares do pintor impressionista.

Por último, refira-se que as inúmeras peças expostas provam a pluralidade criativa e plástica de Kelly, cujo ato de pintar não se circunscreveu ao pincel nem se encerrou na tinta e na tela. Por exemplo, a magnífica obra “Pair of Wood Reliefs”, em 1958, é composta por dois painéis de madeira cuja tridimensionalidade e densidade material permitem que ela sobressaia das demais, apesar de menos expansiva e mais contida.

Em suma, a matriz principal do artista é, efetivamente, a conjugação, a sobreposição e o recorte cromáticos, os quais emergem em virtude de uma distinta sensibilidade agregada a um notável rigor geométrico. Deste modo, ergue-se e revela-se uma sublime exposição que responde à escala da obra de Ellsworth Kelly e, ao mesmo tempo, abraça a sua expressão inigualável.

 

 

 

Constança Babo
É doutorada em Arte dos Media e Comunicação pela Universidade Lusófona. Tem como área de investigação as artes dos novos media e a curadoria. É mestre em Estudos Artísticos - Teoria e Crítica de Arte, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e licenciada em Artes Visuais – Fotografia, pela Escola Superior Artística do Porto. Tem publicado artigos científicos e textos críticos. Foi research fellow no projeto internacional Beyond Matter, no Zentrum für Kunst und Medien Karlsruhe, e esteve como investigadora na Tallinn University, no projeto MODINA.

 

 

 

 

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Notas

[1] A Fundação Louis Vuitton expõe, a par de Ellsworth Kelly, uma exposição de Henri Matisse intitulada “L’atelier Rouge”, desenvolvida a partir e em torno de uma das mais conhecidas pinturas do artista impressionista, “L’atelier rouge”, de 1911.

 

 



CONSTANÇA BABO